Publicado 25/11/2025 12:04

O UNAIDS alerta que a resposta global ao HIV sofreu "seu maior retrocesso de todos os tempos" devido aos cortes na ajuda internacion

Se a situação não for revertida, poderá haver 3,3 milhões de novas infecções até 2030.

Archivo - Arquivo - Mãos segurando fitas de conscientização sobre o hiv/aids.
VASYL DOLMATOV/ISTOCK - Arquivo

MADRID, 25 nov. (EUROPA PRESS) -

A diretora executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, advertiu nesta terça-feira que a resposta global ao HIV sofreu "seu retrocesso mais significativo em décadas" como resultado dos cortes na ajuda internacional, especialmente dos Estados Unidos, que fizeram com que o sistema de atendimento em dezenas de países de baixa e média renda fosse "profundamente abalado".

"Clínicas fecharam sem aviso prévio, centenas de profissionais de saúde perderam seus empregos ou tiveram seus salários reduzidos, e os serviços de tratamento, teste e prevenção do HIV sofreram interrupções generalizadas e contínuas", disse ele sobre o impacto dos cortes de financiamento durante uma coletiva de imprensa que lançou um novo relatório do UNAIDS no Dia Mundial da AIDS.

Em 2024, disse ele, US$ 18,7 bilhões em financiamento para o HIV estavam disponíveis, 17% menos do que o necessário a cada ano. Além disso, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) espera que a ajuda internacional à saúde caia de 30 a 40% até 2025 em comparação com 2023, uma situação que, segundo o UNAIDS, levará a uma interrupção imediata e grave dos serviços de saúde em países de baixa e média renda.

Winnie Byanyima detalhou que um declínio de 31% no número de pessoas que recebem profilaxia pré-exposição (PrEP) já foi observado em Uganda entre dezembro de 2024 e setembro de 2025, um declínio de 21% na PrEP no Vietnã entre dezembro de 2024 e junho de 2025, e um declínio de 64% no Burundi entre dezembro de 2024 e agosto de 2025. Também observou que, entre o final do ano passado e março deste ano, o número de preservativos distribuídos na Nigéria caiu 55%.

Além disso, o Diretor Geral do UNAIDS falou sobre o impacto que os cortes na ajuda externa tiveram sobre as organizações comunitárias que trabalham com HIV, dizendo que muitas tiveram que suspender programas essenciais. "A crise de financiamento expôs a fragilidade dos ganhos duramente conquistados", alertou.

Diante desse cenário, o UNAIDS previu o impacto desses cortes nas metas de 2030 se a situação não for revertida. De acordo com suas estimativas, um total de 3,3 milhões de infecções adicionais pelo HIV poderia ocorrer entre 2025 e 2030.

40,8 MILHÕES DE CASOS

O documento lembra que, até o final de 2024, cerca de 40,8 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o mundo; houve 1,3 milhão de novas infecções, uma queda de 40% em relação a 2010; e houve 630 mil mortes relacionadas ao HIV, uma redução de 54% desde 2010 e uma redução de 15% desde 2020.

Embora 31 milhões de pacientes estejam em tratamento, mais de nove milhões continuavam sem tratamento no final do ano passado. "A AIDS não desapareceu. Há novas infecções e milhões de pessoas que ainda não estão em tratamento, sem mencionar aquelas que estão em tratamento, mas não estão conseguindo suprimir a doença porque não estão tomando o medicamento com regularidade suficiente. Portanto, ainda há muito a ser feito", disse Byanyima.

Além dos cortes orçamentários, disse ela, houve retrocessos nos direitos humanos. Na verdade, ela disse que, pela primeira vez desde que o UNAIDS vem analisando a situação, o número de países que criminalizam as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo e a expressão de gênero aumentou. Ele observou que houve 48 casos criminais relacionados ao HIV entre janeiro e junho deste ano.

Ela observou que os direitos sexuais e reprodutivos e a autonomia corporal de mulheres e meninas também estão "sob ataque". "No Quênia, com base na modelagem do UNAIDS, nossas simulações mostram que as meninas que sofreram violência sexual e no local de trabalho enfrentam um risco 63% maior de contrair o HIV", acrescentou.

ENGAJAMENTO E RESILIÊNCIA

Winnie Byanyima destacou o compromisso e a resiliência demonstrados por alguns países. Como exemplo, ela apontou o compromisso de aumentar os investimentos domésticos em serviços de HIV por parte da Nigéria, Uganda, Costa do Marfim, África do Sul e Tanzânia, bem como o trabalho do UNAIDS com mais de 30 países nesse sentido.

Ele também destacou os esforços para garantir o acesso a preços acessíveis à prevenção do HIV por meio do lenacapavir da Gilead, que, segundo ele, precisaria ser administrado a 20 milhões de pessoas para atingir as metas de HIV. Ele também destacou os acordos de financiamento que estão sendo negociados pelos Estados Unidos com quase 70 países e os compromissos assumidos na Oitava Conferência de Reposição do Fundo Global e na recente Cúpula do G20 na África do Sul.

Ele conclamou os líderes internacionais a reafirmarem a solidariedade global, o multilateralismo e o compromisso coletivo de combater a AIDS juntos; a manterem o financiamento necessário para a resposta; a investirem em inovação, prevenção e opções de tratamento; e a defenderem os direitos humanos, inclusive os direitos sexuais e reprodutivos, capacitando as comunidades a agirem.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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