ALICANTE 12 nov. (EUROPA PRESS) -
O Museu Arqueológico de Alicante (MARQ) identificou uma das primeiras habitações do sítio Illeta dels Banyets, correspondente à primeira metade do século III a.C., na qual foi encontrado um sapato de grama esparto de 2.300 anos. A Diputación de Alicante descreveu esse achado como "excepcional" e que seu estado de conservação o torna "uma peça única".
Os deputados de Arquitetura e Cultura, Carmen Sellés e Juan de Dios Navarro, respectivamente, visitaram o local nesta quarta-feira, juntamente com o prefeito de El Campello, Juanjo Berenguer; o diretor do MARQ, Manuel Olcina, e o diretor do Departamento de Arquitetura, Rafael Pérez, para verificar 'in situ' o progresso da última campanha do plano anual de escavação do museu.
Até agora, no sítio de El Campello, só se conheciam os centros religiosos, representados pelos dois templos, e os espaços produtivos com os lagares de vinho, moinhos de óleo, fornos de piche, oficinas de esparto, armazéns e instalações para salgar peixes, mas só havia evidências de um edifício dedicado a abrigar os habitantes do enclave, conforme explicou a instituição provincial em um comunicado.
"A identificação desse novo espaço é um grande avanço, pois nos permitirá conhecer um pouco mais sobre a vida cotidiana das pessoas que habitavam a Illeta e continuar trabalhando para investigar a história de nossa província", disse o deputado.
"AMPLIANDO A GAMA DE MUSEUS OFERECIDOS".
Por sua vez, Sellés afirmou que as estruturas arquitetônicas foram consolidadas para que os visitantes do local "possam desfrutar dos novos espaços e, assim, ampliar a oferta de museus".
O edifício identificado passou por muitas alterações, incêndios e ampliações. Os pisos de terra batida dos cômodos foram repetidamente restaurados e, em um deles, foram encontrados restos de calçados de grama esparto que datam de pouco menos de 2.300 anos.
"Não é fácil preservar a matéria orgânica, daí a importância dessa descoberta, que nos mostra diretamente um dos elementos de proteção para os pés usados na primeira metade do século III a.C. e que sobreviveu com poucas variações até os dias de hoje", explicou Olcina.
Além disso, foi identificada parte da mobília dos apartamentos, que consistia em bancos de adobe e uma lareira que teve um "longo uso contínuo" com várias refrações que modificaram ligeiramente sua aparência.
Também foi possível localizar algumas das louças domésticas, em sua maioria de origem estrangeira, como o jarro, os salseros e páteras de verniz púnico preto e vermelho fabricados na área de Cartago, ânforas e jarros da área púnico-ebusitana e pequenas páteras estampadas, bem como alguns potes de cerâmica ibérica e pratos de cerâmica pintada dessa mesma produção.
TOSSAL DE MANISES
Por outro lado, a campanha 2025 no Tossal de Manises, a primeira de um projeto de quatro anos que visa escavar o grande edifício anexo ao fórum e chegar aos estratos fundacionais do espaço habitado, datado do final do século III a.C., está chegando ao fim.
O edifício é uma "grande estrutura retangular" medindo 10,20 por 19 metros, cuja função não é conhecida, pois não há elementos que possam defini-la. Quando as primeiras camadas de terra foram removidas, surgiu uma série de estruturas quadradas e retangulares, parcialmente afetadas pelo fogo. Como explicou Olcina, "cronologicamente, elas datam de antes do período de Augusto, ou seja, antes do estabelecimento do império no final do século I a.C.".
Algumas características sugerem que "poderia ser parte da primeira cidade fundada por Amílcar Barca, Akra Leuké, no final do século III a.C., que foi destruída pelos romanos durante a Segunda Guerra Púnica".
"Se isso for confirmado, no final do projeto teremos uma enorme área de 196 metros quadrados na qual essa cidade púnica, com seus edifícios e ruas, será claramente visível, algo excepcional na arqueologia da Espanha", concluiu o deputado.
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