MADRID 3 jul. (EUROPA PRESS) -
Geólogos da Universidade de Hong Kong (HKU) fizeram um avanço na compreensão de como os primeiros continentes da Terra se formaram durante o Arqueano, há mais de 2,5 bilhões de anos.
Suas descobertas, publicadas recentemente na revista Science Advances, sugerem que a crosta continental primitiva provavelmente se formou por meio de processos terrestres profundos chamados plumas do manto, em vez da tectônica de placas que forma os continentes atuais.
Diferentemente de outros planetas em nosso sistema solar, a Terra é um planeta único com crosta continental: vastas massas de terra com composições granitoides que sustentam a vida. Entretanto, a origem desses continentes tem sido um mistério. Há muito tempo, os cientistas debatem se a crosta continental primitiva foi formada pela tectônica de placas (ou seja, a subducção e a colisão de placas crustais gigantes) ou por outros processos que não envolvem o movimento de placas.
Este estudo revelou fortes evidências de que um mecanismo geodinâmico específico moldou os anos de formação da Terra.
Em vez dos processos tectônicos de placas que observamos hoje, a pesquisa aponta para um regime dominado por plumas do manto: colunas imponentes de rocha quente e derretida que surgem das profundezas da Terra. Ela também identifica um fenômeno conhecido como sagração, pelo qual as rochas da superfície descem gradualmente sob seu peso para as camadas mais quentes e profundas do planeta.
Essas descobertas lançam uma nova luz sobre os processos dinâmicos que governaram a evolução inicial da litosfera da Terra.
A equipe analisou rochas granitoides antigas chamadas TTG (tonalite-trondhjemite-granodiorite), que constituem grande parte da crosta continental mais antiga. Essas rochas, encontradas no norte da China, datam de cerca de 2,5 bilhões de anos. Usando técnicas avançadas, os pesquisadores estudaram minúsculos minerais dentro das rochas, conhecidos como zircões, que mantêm as características químicas de sua formação.
Ao medir o conteúdo de água e a composição isotópica de oxigênio desses zircões, a equipe descobriu que as rochas se formaram em ambientes secos e de alta temperatura, ao contrário daqueles normalmente encontrados em áreas onde as placas tectônicas colidem e uma afunda sob a outra (zonas de subducção). As características do oxigênio também indicam uma mistura de rochas oceânicas fundidas e sedimentos, compostos por rochas formadas em colunas de manto em vez de zonas de subducção.
Os pesquisadores propuseram um modelo de dois estágios para explicar suas descobertas. Há cerca de 2,7 bilhões de anos, uma pluma mantélica causou a formação de grossas pilhas de basalto (rocha vulcânica rica em Fe e Mg) no fundo do mar. Posteriormente, há cerca de 2,5 bilhões de anos, outra coluna de manto forneceu calor que fez com que as partes inferiores desses basaltos derretessem parcialmente. Esse processo produziu as rochas TTG mais leves que acabaram formando a crosta continental.
A SUBDUCÇÃO NÃO É NECESSÁRIA
"Nossos resultados fornecem fortes evidências de que a crosta continental arqueana não se formou necessariamente por subducção", explicou em um comunicado o Dr. Dingyi Zhao, pesquisador de pós-doutorado do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias e primeiro autor do artigo. "Em vez disso, um processo de duas etapas envolvendo o surgimento da pluma do manto e a sagração gravitacional de rochas verdes explica melhor as características geoquímicas e geológicas observadas no Bloco Oriental.
O estudo faz distinção entre dois conjuntos TTG arqueanos contemporâneos - um relacionado à pluma e outro relacionado ao arco - comparando seu conteúdo de água de zircão e isótopos de oxigênio. O professor Guochun Zhao enfatizou: "Os TTGs do Bloco Oriental contêm significativamente menos água do que aqueles formados em uma zona de suprassubducção no orógeno Trans-Norte da China, o que reforça a interpretação de uma origem sem subducção".
"Esse trabalho é uma grande contribuição para o estudo da geodinâmica da Terra primitiva", acrescentou o coautor, Professor Fang-Zhen Teng, da Universidade de Washington. Nosso uso de isótopos de água e oxigênio do zircão abriu uma nova e poderosa janela para a formação e a evolução da crosta continental primitiva.
Esse estudo não apenas fornece novas percepções sobre a formação da crosta continental arqueana, mas também destaca a aplicação de indicadores aquosos para distinguir entre configurações tectônicas. Ele contribui para a crescente evidência de que as plumas do manto desempenharam um papel fundamental na formação da crosta continental primitiva.
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