MADRID 17 nov. (EUROPA PRESS) -
Pesquisadores do Hospital Clinic (Barcelona) e de centros da Universidade de Leiden e da Universidade de Roterdã (Holanda) desenvolveram uma estratégia inovadora de imunoterapia celular que tem o potencial de controlar a rejeição em transplantes de rins e de outros órgãos.
O trabalho, apresentado no 55º Congresso da Sociedade Espanhola de Nefrologia (SEN), busca reverter um dos maiores riscos após um transplante, o fato de o corpo do paciente rejeitar o órgão recebido, circunstância que ocorre porque as defesas do corpo geram anticorpos que atacam o rim transplantado como se fosse algo estranho.
Em resposta a isso, a estratégia experimental desenvolvida consiste em criar células de defesa "à la carte" que atuam apenas contra as células responsáveis pela rejeição, sem danificar o restante do sistema imunológico. Para isso, os pesquisadores modificaram os linfócitos para que atuem como "franco-atiradores", reconhecendo e eliminando apenas as células nocivas.
De acordo com os resultados pré-clínicos, essas células foram capazes de bloquear com precisão as células que causam rejeição. Se as descobertas forem confirmadas em estudos futuros, isso abriria as portas para uma abordagem de imunoterapia celular de precisão, na qual as células do próprio sistema imunológico poderiam ser modificadas em laboratório para serem usadas como tratamento. Para os pesquisadores, isso poderia ser revolucionário no campo do transplante, atacando o problema em sua origem.
IA PARA MELHORAR A ALOCAÇÃO DE ÓRGÃOS
Outro estudo apresentado durante essa reunião e liderado por um grupo de pesquisadores de Barcelona, Madri e Trento (Itália) concentra-se na inteligência artificial (IA). Especificamente, a equipe desenvolveu um modelo que permite uma previsão mais precisa dos resultados dos transplantes de rim de doadores com critérios expandidos (ECD) em doação controlada após morte circulatória (cDCD).
Os doadores de critérios expandidos são pessoas que doam órgãos, mas que, devido à idade ou a determinadas condições médicas, como hipertensão, diabetes ou função não ideal do órgão, proporcionaram uma maneira de aumentar o número de doadores. Por outro lado, a doação controlada após a morte circulatória ocorre quando os órgãos são doados depois que uma pessoa morre devido à interrupção irreversível dos batimentos cardíacos e da circulação sanguínea, o que também tem sido uma forma de aumentar a doação de cadáveres.
Como não há órgãos suficientes para atender a toda a demanda, os rins de doadores com critérios expandidos são cada vez mais usados nos casos em que a doação é feita após a morte circulatória controlada, embora o uso dessa estratégia tenha revelado desafios ou questões a serem resolvidas devido aos resultados alcançados. Portanto, são necessárias novas ferramentas para ajudar a decidir em quais situações elas seriam mais ideais ou qual alocação doador-receptor seria apropriada.
Nesse contexto, a pesquisa incluiu 1.161 pacientes transplantados em um acompanhamento mínimo de 24 meses com o objetivo de identificar os perfis dos pacientes e determinar as variáveis que permitem prever o sucesso ou o fracasso do enxerto. Do número total de participantes, 25,7% vieram de doadores de cDCD com critérios expandidos.
O modelo híbrido de IA demonstrou mais de 80% de precisão na previsão de resultados na categoria de risco mais alto, melhorando substancialmente a capacidade das redes neurais isoladamente. A combinação de métodos de IA permitiu a criação de categorias de risco mais específicas, especialmente úteis para identificar pacientes com maior probabilidade de perda do enxerto. A análise também definiu os perfis das variáveis mais relevantes em cada par de doador e receptor, usando técnicas de interpretação de IA.
Em conclusão, os pesquisadores destacam que essa abordagem híbrida baseada em IA pode se tornar uma ferramenta fundamental para otimizar a alocação de órgãos e personalizar o acompanhamento de receptores de transplante, especialmente em cenários de alto risco, como transplantes de cDCD com doadores ECD. Isso poderia levar a decisões clínicas mais bem informadas e melhorar o uso dos órgãos disponíveis.
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático