MADRID 3 nov. (EUROPA PRESS) -
A Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN) advertiu nesta segunda-feira que "nenhuma" instituição científica do mundo apóia as técnicas cirúrgicas que "um pequeno setor da cirurgia plástica propõe para a enxaqueca".
A SEN lamenta que, 10 anos após a primeira declaração que enviou informando que não há evidências científicas que sustentem que a cirurgia possa ter um papel terapêutico para a enxaqueca, tenha que fazer uma nova, e no mesmo sentido, dado o aumento exponencial na Espanha de centros de cirurgia plástica que oferecem essas terapias, tanto na medicina pública quanto na privada.
A SEN também reitera que nenhuma instituição científica do mundo apóia as técnicas cirúrgicas propostas para a enxaqueca e que, nos 10 anos desde seu último comunicado, não foi publicado nenhum novo estudo que apóie essas cirurgias com evidências científicas robustas.
Nesse sentido, o Grupo de Estudos de Cefaleia da Sociedade Espanhola de Neurologia (GEC-SEN) afirma que revisou todas as evidências publicadas atualmente sobre o assunto e concluiu que "não há evidências científicas suficientes para apoiar esse tipo de técnica cirúrgica para enxaqueca".
"Os estudos publicados a esse respeito não apenas apresentam deficiências metodológicas significativas, mas, até o momento, não há argumentação biologicamente plausível para sustentar que a cirurgia na enxaqueca possa ter um papel terapêutico", diz o SEN.
Além disso, a SEN está surpresa com o fato de a cirurgia estar sendo anunciada em humanos sem ter sido submetida a testes em animais. "Esse tipo de intervenção deve ser submetido à mesma análise científica rigorosa que os medicamentos e outras terapias", acrescenta a Sociedade.
Ela acrescenta que a cirurgia da enxaqueca foi debatida em um simpósio específico em 2023, durante o 17º congresso da Federação Europeia de Cefaleias (EHF), em Barcelona, para o qual foram convidados profissionais que defendem essas cirurgias: "Após o debate, e mais uma vez, os neurologistas europeus rejeitaram essas técnicas devido à falta de evidências científicas".
Além disso, ele ressalta que as atuais diretrizes internacionais de tratamento da enxaqueca nem sequer mencionam essas técnicas cirúrgicas.
A ENXAQUECA NÃO PODE SER CURADA
A Sociedade enfatiza que, atualmente, não há cura para a enxaqueca, mas ressalta que há muitos novos desenvolvimentos terapêuticos com base científica e que outros estão por vir. Por esse motivo, a Sociedade aconselha qualquer paciente a quem seja oferecida uma técnica cirúrgica para sua enxaqueca a consultar seu neurologista primeiro. "Porque não se recomenda que nenhum paciente com enxaqueca se submeta a uma cirurgia para enxaqueca, exceto no contexto de uma pesquisa autorizada por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEIM) credenciado pelo Departamento de Saúde de sua comunidade autônoma", enfatiza.
A SEN recomenda que qualquer cirurgião plástico interessado nesses procedimentos elabore um projeto de pesquisa e o apresente ao CEIM de seu hospital. Também ressalta que somente no contexto da pesquisa biomédica aprovada por um CEIM esse tipo de cirurgia pode ser realizado com o consentimento dos pacientes e com informações detalhadas por escrito de que eles participarão de uma pesquisa cirúrgica experimental.
"O objetivo desta declaração não é apenas dirigir-se a pacientes e médicos, mas também à administração dos centros espanhóis, tanto públicos quanto privados, que permitem que cirurgias sem evidência científica sejam realizadas como serviços de saúde convencionais. Acreditamos que, além disso, isso é até mesmo legalmente questionável", conclui.
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