Publicado 04/03/2025 10:19

São João de Deus adverte que os modelos de saúde e assistência social não respondem às necessidades atuais

São João de Deus adverte que os modelos de saúde e assistência social não respondem às necessidades atuais
SAN JUAN DE DIOS

MADRID 4 mar. (EUROPA PRESS) -

A Ordem Hospitaleira de San Juan de Dios lançou uma campanha nesta terça-feira alertando que os modelos de saúde e assistência social já não respondem às necessidades atuais da sociedade, que deve enfrentar o envelhecimento da população, os crescentes problemas de bem-estar emocional e saúde mental, as dificuldades de acesso à moradia ou a falta de moradia.

"(Essas situações) não são exclusivas, e todos os dias em nossos centros vemos como muitas delas coexistem na mesma pessoa, gerando e agravando sua vulnerabilidade com um claro impacto em sua saúde e redução da qualidade de vida. Idosos com deficiência, moradores de rua com problemas de saúde mental, migrantes que dependem de sua integração em nossa sociedade... Situações que vão além do cuidado com a saúde, sem nos esquecermos dessa necessidade e que nos obrigam a dar um passo adiante em direção a um cuidado centrado não apenas no paciente, mas também na pessoa", disse o diretor geral da San Juan de Dios España, Juan José Afonso.

Nesse sentido, ele explicou que há uma série de espaços não cobertos pelo sistema, espaços "em terra de ninguém" que costumavam ser cobertos pelas próprias famílias e que "hoje se tornaram desertos", como nos casos de pacientes idosos que são internados com urgência para um processo agudo e que, depois de receberem alta, devido ao alto grau de dependência que necessitam, a família pede que sejam internados em uma casa de repouso.

"O que acontece no intervalo entre o hospital e a casa de repouso? É um espaço que atualmente não é coberto, um espaço que somente aqueles que têm mais recursos podem pagar. Na San Juan de Dios, graças à nossa extensa rede de instalações sociais e de saúde, estamos preparados para cobri-lo, garantindo atendimento durante todo o processo e, nesse sentido, estamos abertos a ampliar nossa colaboração com a Administração e, assim, responder a uma necessidade que atualmente não é atendida", disse Afonso.

Ele também enfatizou que "não faz sentido" esperar que as pessoas se adaptem ao sistema, insistindo que é precisamente o sistema que "deve se adaptar às pessoas e às suas necessidades", razão pela qual ele acredita que as organizações sociais e de saúde, bem como as instituições, devem "fazer um esforço para mudar o foco, ampliar a visão e analisar se os recursos alocados são adequados ou se devem ser reorganizados de forma diferente para que esse modelo evolua e se adapte à realidade atual".

Por isso, ele considerou "fundamental" a coordenação entre os níveis de atendimento, como o hospital e a atenção primária, juntamente com outros tipos de serviços sociais.

"O fato de uma pessoa não conseguir pagar as contas, o fato de um idoso não ter quem o acompanhe e ajude, o fato de uma pessoa com deficiência estar envelhecendo, o fato de uma criança sofrer bullying ou ser exposta a determinados conteúdos por meio de dispositivos digitais (...) foge ao âmbito estritamente dos cuidados de saúde e não é detectável por meio de um exame de sangue ou de uma ressonância magnética", acrescentou Afonso.

Ele também insistiu que "há anos estamos falando em colocar o paciente no centro do sistema e trabalhar para garantir a continuidade do atendimento", uma abordagem que se mostrou "insuficiente" e que, por esse motivo, o modelo deve ser repensado em direção à continuidade do atendimento social, atendendo à pessoa e a seus determinantes sociais.

COLOCAR O FOCO NO AMBIENTE DA PESSOA

A campanha, lançada sob o slogan 'O olhar de São João de Deus', tem o objetivo de focar em tudo o que cerca a pessoa e "romper" com o conceito de "paciente" como uma entidade isolada.

O vídeo dessa campanha apresenta Manuela, uma mulher idosa que vive sozinha, com problemas de mobilidade e uma pequena pensão, para quem o aumento dos preços da eletricidade, o preço do peixe, subir e descer escadas para ir ao mercado ou cozinhar são "verdadeiros obstáculos" em sua vida diária.

"Escolhemos esse perfil porque ele é um exemplo claro de como a qualidade de vida de uma pessoa é condicionada por sua saúde, mas também por muitos outros determinantes, todos inter-relacionados. Estamos convencidos de que aqueles que virem essa campanha encontrarão pelo menos uma Manuela em seu ambiente, embora não queiramos parar nesse exemplo, pois entendemos que essa maneira de ver as coisas, que defendemos na San Juan de Dios, deve ser estendida a todas as pessoas, independentemente de sua idade e situação, como nos mostra nossa experiência no dia a dia de nossos centros", afirmou Afonso.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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