Publicado 10/12/2025 11:04

SESPAS alerta para a lacuna entre as demandas da ciência e os acordos climáticos alcançados na COP30

17 de novembro de 2025, Brasil, Belém: Pessoas participam de uma marcha de comunidades indígenas sob o slogan "Nós somos a resposta", realizada paralelamente à conferência mundial sobre o clima COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil/dpa - ACHTUNG: Nur zu
Bruno Peres/Agencia Brazil/dpa

MADRID 10 dez. (EUROPA PRESS) -

O presidente da Sociedade Espanhola de Saúde Pública e Administração da Saúde (SESPAS), Manuel Herrera, saudou o fato de a COP30 ter transformado a relação entre clima e saúde em uma prioridade política global por meio do "Plano de Ação de Saúde de Belém", embora tenha advertido que "há uma lacuna persistente entre o que a ciência exige e o que a diplomacia é capaz de concordar".

A SEPAS enfatiza que, pela primeira vez na história das Conferências das Partes (COP) sobre mudanças climáticas, a saúde ocupou um lugar central nas negociações. A COP30 realizada em Belém, Brasil, entre 6 e 21 de novembro, marcou um ponto de inflexão ao estabelecer o 'Plano de Ação de Saúde de Belém', uma estrutura para ação político-sanitária que coloca sistemas de saúde resilientes no centro da luta contra as mudanças climáticas.

A SESPAS valoriza essa decisão como um reconhecimento explícito de que a crise climática não é apenas um problema ambiental, mas uma "emergência de saúde pública de grande magnitude". De acordo com a análise da cúpula feita por Manuel Herrera, presidente da SESPAS, a convergência entre as descobertas científicas mais recentes e os compromissos adotados em Belém mostra um quadro que exige uma transformação urgente dos sistemas globais de saúde. "O progresso ainda é muito lento para responder à urgência da crise climática", adverte Herrera.

Nesse ponto, a Sociedade aponta que o relatório 'The 2025 Lancet Countdown on health and climate change', publicado dias antes da cúpula, apresenta um "diagnóstico alarmante". Dos 20 indicadores que monitoram os riscos de saúde relacionados ao clima, 12 atingem níveis sem precedentes.

Além disso, estima-se que ocorram 546.000 mortes relacionadas ao calor por ano, um aumento de mais de 60% em comparação com a década de 1990. Os grupos mais vulneráveis, como pessoas com mais de 65 anos e bebês com menos de um ano de idade, enfrentam de três a quatro vezes mais dias de calor extremo do que nas últimas décadas do século XX. Em 2024, cerca de 60% da área terrestre do mundo sofreu secas extremas, enquanto 64% sofreram aumentos nos eventos de chuvas extremas.

Enquanto isso, a fumaça de incêndios florestais relacionados ao clima causou cerca de 154.000 mortes somente em 2024. Além disso, doenças infecciosas como a dengue, a leishmaniose e as doenças transmitidas por carrapatos encontram nas novas temperaturas um terreno de reprodução mais favorável.

LIMITAÇÕES DO PLANO DE AÇÃO DE SAÚDE DE BELÉM

Nesse contexto, a SESPAS enfatiza que a COP30 deu passos significativos. O "Plano de Ação de Saúde de Belém", desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde, pelo Ministério da Saúde do Brasil e por especialistas globais, é um roteiro de saúde para promover sistemas de saúde resilientes em face da crise climática.

No entanto, a SESPAS também destaca as limitações do acordo alcançado. Para a Sociedade, o Pacote de Belém, apesar de incluir avanços históricos em questões como transição justa, financiamento para adaptação e reconhecimento do risco de ultrapassar temporariamente o limite de 1,5°C, deixou lacunas importantes. "A ausência de qualquer referência explícita aos combustíveis fósseis no texto final reflete como a pressão dos Estados produtores de petróleo limitou ambições de mitigação mais fortes", diz a SESPAS.

Como adverte Herrera, há "uma lacuna persistente entre o que a ciência exige e o que a diplomacia é capaz de concordar". As negociações multilaterais continuam a enfrentar obstáculos estruturais relacionados a interesses geopolíticos e econômicos. Para a SESPAS, os ministérios da saúde dos países têm a responsabilidade explícita de traduzir os compromissos de Belém em sistemas de saúde resilientes, de baixo carbono e equitativos.

"A COP30 deixou claro que o mundo está avançando, mas não rápido o suficiente. Que a ação climática está se expandindo, mas a janela para evitar impactos irreversíveis está se estreitando. Belém não salvou o clima, mas lembrou ao mundo que o tempo está correndo e que ainda é possível mudar de rumo", conclui o presidente da SESPAS.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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