MADRID 13 nov. (EUROPA PRESS) -
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse na quarta-feira sobre a "infeliz" decisão de seu homólogo norte-americano, Donald Trump, de não comparecer à cúpula do G20 em Joanesburgo, que "eles perdem com sua ausência", depois que o inquilino da Casa Branca voltou a insistir no sábado que não participará da reunião marcada para 22 e 23 de novembro por causa de supostos abusos de agricultores brancos neste país - os afrikaners -.
"É lamentável que os Estados Unidos tenham decidido não participar do G20", disse ele a repórteres na Cidade do Cabo, onde argumentou que "boicotes nunca funcionam de fato", mas têm "um efeito muito contraditório". "Eu diria que os Estados Unidos deveriam reconsiderar" sua decisão, afirmou, argumentando que "é melhor estar dentro (...) do que fora".
No entanto, ele disse que "o G20 continuará (e) todos os outros chefes de Estado estarão" na reunião. "De muitas maneiras, os Estados Unidos também estão renunciando ao papel muito importante que deveriam desempenhar como a maior economia do mundo", argumentou o líder sul-africano, que disse ter dito ao próprio Trump sobre o "papel importante" que seu país tem a desempenhar, e é por isso que, segundo ele, deveria participar do G20. "Sua ausência é sua perda", disse ele.
"No final, tomaremos decisões fundamentais", enfatizou Ramaphosa, que sustentou que vários dos temas centrais da cúpula promovida pela África do Sul "estão sendo aceitos por todos", como "a questão do custo do capital" ou "inclusão, diversidade e solidariedade", este último inclusive abraçado pelo Papa Leão XIV, disse, em alusão ao seu encontro com o pontífice. "Esperamos que aqueles que querem que o mundo avance em questões de desenvolvimento e igualdade estejam aqui", disse ele.
O custo do capital foi colocado como um dos temas centrais do G20, especialmente em termos africanos. O vice-ministro das Relações Exteriores, Alvin Botes, disse em uma reunião de alto nível na Etiópia, na segunda-feira, que se trata de uma iniciativa para abordar "os problemas que dificultam o acesso dos países de baixa e média renda a fluxos de capital suficientes, acessíveis e previsíveis para financiar seus planos de desenvolvimento ambientalmente responsáveis e socialmente inclusivos".
A África do Sul também promoveu a solidariedade, a igualdade e a sustentabilidade como temas centrais da cúpula. Esses temas foram marcados pelos Estados Unidos como "antiamericanismo" devido à sua proximidade com as ações de mudança climática e os fundamentos das agendas de diversidade, equidade e inclusão, rejeitadas pelo governo Trump, como explicou o Secretário de Estado Marco Rubio em fevereiro, quando anunciou na rede social X que também não participaria do G20.
Paralelamente, Trump tem atacado repetidamente as políticas do governo sul-africano que afetaram os afrikaners - descendentes de colonos holandeses, bem como de imigrantes franceses e alemães - chegando a denunciar um "genocídio" contra eles e a criticar uma lei adotada para resolver a distribuição de terras durante o regime racista do "apartheid" (1948-1991), durante o qual os sul-africanos negros foram despojados à força de suas terras, que foram entregues à minoria branca. Três décadas depois, a minoria branca ainda possui mais de 90% das terras, apesar de representar 20% da população.
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