MADRID 19 nov. (EUROPA PRESS) -
A rainha Letizia enfatizou na quarta-feira que o desenvolvimento do "potencial máximo" dos dados permitirá a elaboração de melhores ações de saúde, proporcionando benefícios nos protocolos de prevenção, nos processos de atendimento, na tomada de melhores decisões ou no conhecimento de quantos pacientes estão sem atendimento.
"Os dados por si só não significam muito. É o seu armazenamento, processamento e análise rigorosa que faz com que adquiram valor (...) há mais de duas décadas (...) já se dizia na época que sem refinar, sem processar, não poderia desenvolver todo o seu potencial", disse a Rainha no evento 'Dados que melhoram vidas', organizado pela Fundação BBVA de Microfinanças (FMBBVA).
A Rainha também afirmou que os dados estão longe de ser uma matéria-prima que está desaparecendo, mas sim que os dados estão aumentando, e a União Europeia calculou que, nos últimos dez anos, a quantidade de dados que circulam em todo o mundo aumentou 500%, de 33 zettabytes em 2018 para 175 em 2025.
"Isso significa muita informação. Informações para saber quantas pessoas vivem na pobreza ou onde no mundo há crianças fora da escola, famílias sem moradia decente, pacientes sem atendimento. São informações para aprimorar processos, criar protocolos de prevenção e tomar decisões melhores", acrescentou.
No entanto, ele enfatizou a importância de usar os dados de forma ética e sustentável, com foco nas populações mais vulneráveis, contribuindo assim para melhorar a saúde, proteger o meio ambiente e reduzir a pobreza.
PROJETO GREGORIO MARAÑÓN DADOS E IA
A conferência também discutiu o Centro de Controle de Cuidados assistido por Inteligência Artificial (IA) no Hospital Geral Universitário Gregorio Marañón, que integra dados clínicos e logísticos por meio de modelos preditivos com mais de 90% de precisão, com painéis visuais e alertas inteligentes que antecipam riscos e coordenam respostas eficazes.
Esse projeto, também conhecido como o "Grande Cérebro Digital do Marañón", integra informações clínicas e logísticas para reduzir as listas de espera, aumentar o desempenho cirúrgico, antecipar as complicações médicas dos pacientes, reduzir custos e melhorar o atendimento ao paciente por meio da humanização.
A gerente do Hospital Geral Universitário Gregorio Marañón, Sonia García de San José, explicou que esse "grande cérebro" é um sistema que possibilita a transformação de dados em informações, melhorando assim a gestão clínica e operacional.
O gerenciamento de dados de histórico clínico, farmácia, radiologia e laboratório "se traduz" em alarmes, modelos preditivos e sistemas capazes de coordenar e misturar diferentes dados para oferecer o mais alto nível de qualidade e segurança no atendimento.
"Se um paciente estiver correndo risco de sepse, o sistema nos alerta imediatamente. Somente no ano passado, tivemos mais de três milhões de testes de diagnóstico que geraram uma imensa quantidade de dados que nos ajudaram a criar modelos preditivos com mais de 90% de precisão", enfatizou o Dr. García.
Por sua vez, o cirurgião ortopédico oncológico do referido hospital, Dr. Rubén Pérez-Mañanes, disse que a IA representa uma "enorme oportunidade" de passar mais tempo com os pacientes, com melhor qualidade.
"A partir desses dados, temos que construir as informações para poder prever e usá-las como um auxílio para a tomada de decisões clínicas. E é aqui que o ambiente cirúrgico é realmente o ambiente mais exigente e onde pode haver mais incerteza, e onde os dados nos ajudam muito a antecipar, otimizar e até mesmo prever", acrescentou.
MEDICINA 5P
Ele continuou dizendo que o advento de novas tecnologias de saúde torna possível a medicina 5P, referindo-se à previsão, prevenção, participação, personalização e precisão.
"Este é o futuro, e o futuro está aqui. Temos que personalizar e trabalhar de forma cooperativa e garantir que a tecnologia realmente venha a ajudar e seja uma aliada da saúde e do sistema de saúde", concluiu.
A enfermeira coordenadora da Área Cirúrgica do hospital, Amparo García, explicou que os enfermeiros estão trabalhando para garantir que as melhorias desse "grande cérebro digital" cheguem aos pacientes em termos de eficiência, humanização e segurança.
"Detectamos pacientes alérgicos ao látex quando essas alergias não aparecem nas primeiras linhas dos relatórios, e o sistema de alerta garante que essa informação chegue aos profissionais, evitando riscos aos pacientes", acrescentou.
Outra área importante em que a análise de dados pode ajudar é no gerenciamento de altas e procedimentos ambulatoriais, com muitos procedimentos cirúrgicos que costumavam exigir internação hospitalar agora se tornando procedimentos ambulatoriais, reduzindo o número de dias passados no hospital e melhorando a experiência e a recuperação do paciente.
Também proporciona melhor comunicação e controle de informações em tempo real, auxiliando na tomada de decisões. A enfermeira também reconheceu que muitas melhorias na comunicação com os familiares do paciente poderiam ser desenvolvidas.
Vale ressaltar que a Espanha tem um dos maiores bancos de dados médicos da Europa, o Banco de Dados para Pesquisa Farmacoepidemiológica em Atenção Primária (BIFAP), no qual há 1.203 milhões de registros de problemas de saúde, 3.382 milhões de registros de medicamentos e 17,3 milhões de pacientes com informações atualizadas.
O presidente e CEO do BBVA, Carlos Torres Vila, destacou que o conhecimento e a inovação são "motores da transformação social e econômica" e que cada dado é uma "oportunidade" para melhorar a vida e criar um futuro "com mais bem-estar e progresso".
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