MADRID 12 nov. (EUROPA PRESS) -
O preço dos ovos voltou a subir nas últimas semanas, impulsionado, entre outros fatores, pelos custos de produção e pelos surtos de gripe aviária que afetam as granjas europeias. Mas, além do impacto no bolso, há um detalhe que muitos consumidores ainda se perguntam: por que os ovos brancos quase não são vendidos na Espanha, quando em outros países eles são os mais comuns?
A resposta tem pouco a ver com qualidade ou nutrição, e muito a ver com história e percepção cultural. Na Espanha, durante décadas, os ovos marrons foram associados ao natural e ao "free-range", enquanto os ovos brancos foram relegados à indústria alimentícia.
UMA QUESTÃO CULTURAL, NÃO NUTRICIONAL
"A diferença é puramente cultural", explicou Mar Fernández, então diretor da Organização Interprofissional de Ovos e Produtos de Ovos (Inprovo), à Telecinco em 2019. "Quando as granjas começaram a abrir, as galinhas que estavam lá eram brancas. Portanto, as pessoas começaram a associar os ovos brancos aos ovos caipiras, enquanto os ovos marrons eram caipiras e mais naturais", explicou ela.
Essa associação foi mantida ao longo dos anos e moldou os hábitos de compra dos espanhóis. Enquanto em países como os Estados Unidos, Canadá e México os ovos brancos são a norma, na Espanha os ovos marrons dominam quase que completamente as prateleiras dos supermercados.
MESMAS PROPRIEDADES, CASCA DIFERENTE
O que diferencia um ovo branco de um ovo marrom não é sua composição, mas a raça da galinha que o põe. Aves com plumagem e lóbulos brancos, como a Leghorn, põem ovos brancos; aquelas com penas avermelhadas, como a Isa Brown, põem ovos marrons.
De acordo com a Organização de Consumidores e Usuários (OCU), "a cor da casca é determinada pela genética do animal e não tem influência sobre a qualidade, o sabor ou o valor nutricional". Em outras palavras, ambos têm exatamente o mesmo valor nutricional.
Fernández também explicou que outros fatores, como o tamanho ou a cor da gema, dependem da idade e da dieta da ave. "Ovos maiores tendem a vir de galinhas mais velhas, cujas cascas são um pouco mais finas, enquanto a cor da gema varia de acordo com o tipo de alimentação. Se for mais alaranjada, significa que a galinha foi alimentada com milho ou forragem; se for mais amarela, significa que foi alimentada com trigo ou cevada", explicou.
EFICIÊNCIA E DESTINO DIFERENTE
As galinhas que põem ovos brancos, de raças mais leves, tendem a ser mais eficientes: elas precisam de menos ração para produzir o mesmo número de ovos. Entretanto, como quase não há demanda na Espanha, esses ovos são destinados principalmente à indústria alimentícia, onde a cor da casca não influencia o produto final.
"Os ovos marrons são enviados aos supermercados para consumo doméstico, enquanto os ovos brancos são enviados à indústria", reconheceu Fernández na mesma entrevista. Em outros países, o oposto é verdadeiro: os ovos brancos são preferidos para consumo doméstico.
NEM MELHOR NEM PIOR
Apesar dos mitos, não há evidências de que uma cor seja mais saudável do que outra. Tanto a OCU quanto o Inprovo nos lembram que as categorias de ovos (0, 1, 2 ou 3) não se referem à cor, mas ao sistema de criação: orgânico, caipira, galpão ou gaiola.
A cor, portanto, não acrescenta ou subtrai nada ao valor nutricional. O que varia é a percepção do consumidor, que continua a associar o marrom a uma ideia de maior naturalidade ou frescor.
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático