MADRID 6 maio (EUROPA PRESS) -
Um grupo de pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer (CNIO) da Espanha descobriu um mecanismo molecular envolvido na formação de tumores colorretais que favorece sua progressão para formas mais agressivas, o que abre novos caminhos para o desenvolvimento de estratégias de prevenção desse tipo de câncer.
O estudo, publicado na revista Nature Communications, mostra que a proteína p53, que tem funções antitumorais, começou a se degradar em camundongos nos estágios iniciais da formação do tumor, permitindo que as células crescessem sem controle.
Embora as propriedades dessa proteína sejam conhecidas, a descoberta de que sua degradação inicia o processo tumoral no câncer de cólon é "completamente nova".
Os cientistas, liderados pelo chefe do Grupo de Fatores de Crescimento, Nutrientes e Câncer do CNIO, Nabil Djouder, também identificaram um mecanismo "sem precedentes" na regulação dos níveis de p53, no qual a proteína URI, presente em outros tipos de câncer, aumenta nas células à medida que a p53 diminui.
"Os níveis de URI começam a aumentar muito cedo, levando à formação do adenoma, um crescimento aberrante que ainda não constitui um câncer, mas é nesse estágio que a p53 começa a se degradar", explicou a primeira autora do estudo, Irene Herranz-Montoya.
Ela disse que, ao eliminar o URI ou aumentar os níveis de p53 em pólipos adenomatosos em camundongos, esses não se transformaram em tumores e permitiram que os camundongos com câncer colorretal vivessem mais tempo; o estudo também mostra que a expressão do URI é regulada pelo oncogene MYC, que desempenha um papel "crucial" na ativação da expressão do URI e na degradação do p53.
"Nossos resultados fornecem uma compreensão mais detalhada de como o câncer colorretal evolui. Se nos concentrarmos na investigação dos mecanismos moleculares que causam a degradação da p53, incluindo o aumento da URI, poderemos, no futuro, intervir nos estágios iniciais do câncer e evitar sua progressão para formas mais agressivas da doença", acrescentou Herranz.
Por isso, Djouder destacou que o futuro do tratamento contra o câncer colorretal "está" na inibição da URI, razão pela qual sua equipe está se concentrando no desenvolvimento de inibidores específicos que bloqueiem a atividade dessa proteína e, assim, evitem a degradação da p53 e impeçam o surgimento desse tumor.
"Esses inibidores podem ter um impacto no tratamento do câncer colorretal e de outros cânceres relacionados à URI, oferecendo uma abordagem terapêutica inovadora para retardar a progressão do tumor e melhorar o atendimento ao paciente", acrescentou Djouder.
Outra descoberta é que a redução progressiva da regulação da proteína p53 parece ocorrer independentemente da perda do gene TP53, que codifica a proteína p53, dois processos que podem ocorrer e influenciar o câncer em paralelo.
RELAÇÃO ENTRE URI E FATORES AMBIENTAIS NO CÂNCER
Por outro lado, Djouder disse que esse mecanismo poderia "lançar luz" sobre as possíveis causas do aumento da incidência de câncer colorretal em adultos jovens, tudo em relação a fatores ambientais e estilos de vida.
"Anteriormente, minha equipe também demonstrou que a expressão de URI está relacionada a determinados fatores ambientais, como dieta pobre, tanto em outros tipos de câncer como no intestino. Isso sugere que a degradação do URI e do p53 no início do câncer colorretal pode estar associada a esses fatores", disse ele.
Vale ressaltar que 80% dos casos desse tipo de câncer, que é o terceiro mais diagnosticado no mundo, estão relacionados a fatores ambientais e de estilo de vida, como dieta não saudável, estilo de vida sedentário, obesidade, tabagismo e consumo excessivo de álcool.
Esse estudo foi validado usando amostras humanas doadas pelo Biobanco do hospital Ramón y Cajal e em colaboração com Cristian Perna, de pacientes com adenomas e câncer de cólon avançado. Ele também foi complementado com dados analisados por meio de métodos de bioinformática.
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