Publicado 15/12/2025 08:51

Pesquisadores descrevem pela primeira vez o dialeto acústico da baleia assassina ibérica, criticamente ameaçada de extinção

Um técnico da Loro Parque Fundación analisa as baleias assassinas ibéricas no Estreito de Gibraltar.
LORO PARQUE FUNDACIÓN

SANTA CRUZ DE TENERIFE 15 dez. (EUROPA PRESS) -

O "Journal of Marine Science and Engineering" publicou um novo estudo que fornece uma descoberta fundamental para a conservação marinha, a primeira descrição formal de alguns dos sons que compõem o dialeto vocal da orca ibérica, uma população considerada "criticamente ameaçada" pela IUCN.

O estudo, liderado pelo Dr. Javier Almunia (ULL), e em colaboração com a Loro Parque Fundación e a CIRCE, representa um marco científico e abre as portas para novas linhas de pesquisa sobre comunicação, comportamento e proteção dessa população única.

Por mais de duas décadas, a Loro Parque Fundación trabalhou em estreita colaboração com a CIRCE para estudar e proteger essas orcas, que se tornaram igualmente conhecidas nos últimos tempos por interagirem com veleiros no Estreito de Gibraltar.

A CIRCE também é a única organização autorizada a realizar pesquisas científicas com essa população em Gibraltar, o que lhe permitiu reunir um dos conjuntos de dados científicos mais valiosos de toda a região, afirma a Loro Parque Fundación em uma nota.

As orcas que vivem no Loro Parque e os avanços científicos ao longo dos anos contribuíram para esse sucesso.

O Dr. Javier Almunia, professor da Universidade de La Laguna, destacou que, pela primeira vez, foi possível descrever alguns dos sons que fazem parte do repertório vocal da orca ibérica.

"Esses sons, desconhecidos até agora, nos permitirão entender melhor como elas se comunicam e como se organizam socialmente, o que é essencial para protegê-las", diz ele.

O estudo foi baseado em uma boia acústica de banda larga, inicialmente testada em Tenerife e usada em maio de 2025 perto de Barbate.

A tecnologia captou vocalizações nítidas de orcas ibéricas, suficientes para descrever quatro classes distintas de sons, as primeiras já identificadas para essa população, e, além disso, chamadas de 40 Hz de baleias fin, associadas ao comportamento de alimentação e nunca antes registradas no Estreito, cliques de cachalotes e assobios de golfinhos, refletindo a extraordinária biodiversidade da área.

Por outro lado, a boia revelou uma camada persistente de ruído antropogênico, dominada por navios e ecobatímetros.

Esse ruído constante força os cetáceos a se comunicarem em um ambiente acústico saturado, o que pode ameaçar sua sobrevivência em corredores com tráfego marítimo intenso.

MONITORAMENTO ACÚSTICO PASSIVO

Uma das principais mensagens do documento é a função transformadora do monitoramento acústico passivo (PAM) de nova geração.

Essas ferramentas permitem que os animais sejam estudados continuamente, de forma não invasiva e em ambientes complexos, como o Estreito de Gibraltar, fornecendo informações essenciais sobre comunicação, alimentação, movimentos e como eles respondem às pressões humanas, como o tráfego marítimo ou o ruído subaquático.

Para o coautor do estudo e diretor do CIRCE, Renaud de Stephanis, os resultados dessa pesquisa "apoiam fortemente a criação de um observatório permanente de monitoramento acústico no Estreito, um dos corredores marítimos mais movimentados do planeta".

"Essa rede permitiria a detecção em tempo real de espécies ameaçadas de extinção, melhoraria o conhecimento sobre o uso de seu habitat, identificaria ameaças como ruído, colisões ou atividades pesqueiras e elaboraria medidas de conservação mais eficazes", acrescentou Stephanis.

Esse novo estudo reforça o impacto internacional do trabalho que a Loro Parque Fundación vem realizando há mais de 30 anos, com o apoio de pesquisas científicas avançadas, colaborações e financiamento contínuo de projetos de conservação marinha.

Essa pesquisa também destaca a importância de combinar dados obtidos em instituições zoológicas como o Loro Parque, onde podem ser realizados estudos detalhados e controlados, com informações coletadas na natureza.

Somente com a integração de ambas as abordagens é possível obter um quadro completo e preciso do comportamento, da comunicação e das necessidades de conservação da orca ibérica, uma população extremamente vulnerável com apenas 37 indivíduos.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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