Publicado 05/11/2025 14:39

Pesquisador afirma que a saúde cardiovascular é fundamental para o desenvolvimento do Alzheimer

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FUNDACIÓN RAMÓN ARECES

MADRID 5 nov. (EUROPA PRESS) -

A pesquisadora do Centro de Neurociências Cajal do Conselho Nacional de Pesquisas da Espanha (CNC-CSIC) Marta Cortés enfatizou que a saúde cardiovascular é um "pilar fundamental" na patogênese da doença de Alzheimer, pois o alto risco vascular causa diretamente hipometabolismo cerebral, dano neuronal e imunotrombose, "redefinindo a doença como um problema sistêmico e não apenas neurológico".

Foi o que ela disse durante sua participação em um debate organizado pela Fundação Ramón Areces e pela Royal Academy of Pharmacy, no qual participaram outros pesquisadores espanhóis que estão trabalhando em uma melhor abordagem da demência e, em particular, da doença de Alzheimer.

Cortés destacou o bom momento atual da pesquisa sobre o Alzheimer, já que "mais de 100 compostos para essa doença estão em testes clínicos". E ela relacionou diretamente a evolução do coração com a do cérebro: "Um alto risco cardiovascular (especialmente hipertensão) causa uma redução no metabolismo nas mesmas áreas cerebrais afetadas pelo Alzheimer, mesmo em pessoas saudáveis, estabelecendo um vínculo causal direto", disse ela.

De acordo com Cortés, "a prevalência de Alzheimer triplica em indivíduos com aterosclerose, e o aumento da placa de ateroma está diretamente associado a uma diminuição do metabolismo cerebral e a um aumento dos marcadores de morte neuronal no sangue". Nesse sentido, ele disse que "as células imunológicas (TH17) e os processos de imunotrombose, exacerbados por fatores de risco cardiovascular, danificam a barreira hematoencefálica, ocluem microvasos e contribuem ativamente para a formação de placas amiloides".

Durante sua palestra, essa pesquisadora do Centro de Neurociências Cajal do Conselho Nacional de Pesquisas da Espanha explicou que "o controle dos fatores de risco cardiovascular - incluindo hábitos saudáveis como uma boa dieta e exercícios físicos - é uma estratégia de prevenção de alto impacto para a demência, e pode evitar até 45% dos casos ao mitigar o dano vascular que acelera a deterioração cognitiva".

Ele também mencionou como está investigando o papel do microRNA 721 no declínio cognitivo usando um modelo de camundongo knockout, com o objetivo de desenvolver novos biomarcadores e terapias. "A manutenção de um alto risco cardiovascular por cinco anos causa um processo de morte neuronal parcial, evidenciado por níveis elevados do biomarcador de dano axonal (NfL) no plasma", acrescentou Cortés.

LIGAÇÃO ENTRE ATEROSCLEROSE E HIPERTENSÃO E DOENÇA DE ALZHEIMER

María Pilar Martín, do Centro Nacional de Pesquisas Cardiovasculares (CNIC) da Espanha, concordou com seu colega Cortés que o risco cardiovascular, a neuroinflamação (IL-17) e a imunotrombose (NETs) são identificados como mecanismos interconectados que impulsionam o declínio cognitivo, oferecendo novos alvos terapêuticos. "A imunotrombose, causada por Armadilhas Extracelulares de Neutrófilos (NETs), é postulada como um mecanismo central tanto no dano agudo do AVC quanto na deterioração crônica da demência", disse ele.

Para essa especialista, "a aterosclerose subclínica e a hipertensão em pessoas de meia-idade, mesmo assintomáticas, já estão associadas a uma redução no metabolismo cerebral em regiões vulneráveis à doença de Alzheimer". E ela se referiu à inflamação crônica decorrente do envelhecimento ("inflammaging"), fortemente ligada a fatores de risco cardiovascular, que "impulsiona o declínio cognitivo ao permitir que células imunológicas específicas danifiquem o cérebro".

De todo o trabalho que está sendo realizado, essa pesquisadora destacou o microRNA 721 como um possível alvo terapêutico, "já que sua inibição em modelos animais retarda o envelhecimento do sistema imunológico e melhora a função cognitiva".

"A disfunção da drenagem linfática cerebral leva a um acúmulo de células T inflamatórias, causando prejuízo cognitivo e abrindo novos caminhos terapêuticos para doenças neurodegenerativas", acrescentou. "Também sabemos que os linfonodos cervicais são reguladores cruciais das células T no cérebro; sua disfunção leva a um acúmulo que causa neuroinflamação e comprometimento cognitivo.

Ele explicou que o excesso de células T pode danificar a barreira hematoencefálica, causar disfunção neurovascular e afetar diretamente os neurônios, acelerando os danos neurológicos. "Manipular o sistema linfático ou regular populações específicas de células T representa um alvo terapêutico em potencial para a doença de Alzheimer, a esclerose múltipla e o derrame", disse ele.

FATORES NEURODEGENERATIVOS E VASCULARES

María Ángeles Moro, do Centro Nacional de Pesquisa Cardiovascular (CNIC), destacou como "a maioria das demências, mesmo aquelas diagnosticadas como Alzheimer, apresentam uma patologia mista que combina fatores neurodegenerativos e vasculares".

Ela concorda com seus antecessores sobre a importância de controlar esse risco cardiovascular, pois ele está diretamente associado a um menor metabolismo cerebral. "Como dizemos, o que é ruim para o coração também é ruim para o cérebro", resumiu ela. "A imunotrombose e a inflamação vascular estão surgindo como mecanismos patogênicos fundamentais na demência, abrindo novos caminhos terapêuticos além do foco tradicional na amiloide. Postula-se que a imunotrombose mediada por NET seja um fator patogênico central na demência, causando danos tanto por microoclusões vasculares quanto por inflamação direta", explicou Moro.

Ele também se referiu a alvos terapêuticos específicos, como a inibição das NETs (com medicamentos como o DNASA), a via da IL-17 e a regulação do microRNA 721 para combater a neuroinflamação. Por fim, Honorio Bando, professor honorário da Faculdade de Medicina da Universidade Autônoma de Madri e membro da Real Academia de Farmácia, aplaudiu "o rápido progresso científico, especialmente em medicamentos inovadores, que está ultrapassando o sistema legal, criando uma lacuna regulatória crítica". "A ciência, impulsionada por novas tecnologias e medicamentos, está avançando significativamente mais rápido do que o sistema jurídico", concluiu.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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