MADRID 6 maio (EUROPA PRESS) -
Seis associações e sociedades de pediatria e enfermagem pediátrica elaboraram um manifesto no qual denunciam a falta de especialistas nessas áreas na Atenção Primária (AP) na Espanha para oferecer atendimento de qualidade, garantido e seguro para crianças, adolescentes e suas famílias.
A Associação Espanhola de Pediatria (AEP), a Associação Espanhola de Pediatria de Atenção Primária (AEPap), a Sociedade Espanhola de Pediatria Ambulatorial e Atenção Primária (SEPEAP), a Associação Espanhola de Enfermagem Pediátrica (AEEP), a Federação Espanhola de Associações de Enfermagem Pediátrica (FEDAEP) e a Sociedade Espanhola de Enfermagem Neonatal (SEEN) fizeram essa declaração na terça-feira.
De acordo com o documento apresentado em uma conferência de imprensa, sob o lema "Nenhuma criança sem pediatra! Nenhuma criança sem enfermeira pediátrica!", "nenhuma comunidade autônoma" pode garantir "cem por cento" que a população pediátrica seja atendida nos centros de saúde por pediatras e enfermeiras pediátricas, que são os profissionais especificamente treinados para esse fim.
De fato, ele aponta para os resultados de várias revisões sistemáticas de estudos que destacam que as crianças atendidas no nível de atenção primária por pediatras e enfermeiros pediátricos recebem "cuidados mais apropriados para sua idade" e obtêm "melhores resultados de saúde" do que aquelas atendidas por outros profissionais.
Em relação à situação da pediatria pediátrica, o presidente da AEPap, Pedro Gorrotxategi, destacou que o déficit desses profissionais na Espanha no ano passado atingiu 32%, em média, enquanto em 2018 o número foi de 25%, embora ele tenha apontado que há diferenças entre as comunidades autônomas (AC), de acordo com um estudo da própria associação.
Assim, Castilla-La Mancha (57,3%), Andaluzia (42,9%), Ilhas Baleares (41,7%), Múrcia (37,8%), Ilhas Canárias (37,3%), Madri e Valência (32% cada) lideram a falta de especialistas. Em contrapartida, outras regiões, principalmente as do norte do país, apresentam os menores déficits. Sobre esse ponto, ele destacou que outro estudo estima que há 1.900.000 crianças sem um pediatra de PC e 900.000 sem um pediatra, mesmo sem especialização.
"E isso não acontece por acaso. Costuma-se dizer que os pediatras, quando terminam a residência, gostam de ficar no hospital, mas por que eles ficam no hospital? Eles ficam no hospital porque o hospital os acolhe. No momento, o número de vagas de pediatria no hospital aumentou em 35%", explicou Gorrotxategi.
Sobre os benefícios de um pediatra especializado prestando atendimento em centros de saúde, o manifesto afirma que esses profissionais prescrevem antibióticos de forma mais adequada, prescrevem psicotrópicos com mais cautela, alcançam maior cobertura vacinal, aplicam melhor os testes diagnósticos e fazem menos encaminhamentos para atendimento hospitalar, o que resulta em melhor atendimento e custos mais baixos.
SITUAÇÃO DOS ENFERMEIROS
Quanto à situação dos enfermeiros pediátricos na atenção primária, a presidente da AEEP, Isabel María Morales, detalhou que ela é "muito desigual" desde que seu programa de treinamento foi aprovado em 2010 e a especialidade foi criada, com uma implementação "muito lenta". Nessa linha, ela comentou que é "muito difícil" fornecer números sobre o déficit de profissionais, mas indicou que estão preparando um estudo para ter dados.
No entanto, advertiu que há Regiões Autônomas que não consideram necessário ter enfermeiros pediátricos na PC, enquanto outras preferem encaminhá-los ao hospital, argumentando que lá desenvolverão melhor suas habilidades.
A presidente da FEDAEP, Aida Junquera, valorizou o papel desses especialistas e destacou que são eles que conhecem "a fundo" o desenvolvimento das crianças, suas necessidades específicas, seu ambiente familiar e social, suas emoções e medos, pois acompanham as crianças e suas famílias desde o nascimento.
"Estamos lá para educar em saúde, imunizar a população, monitorar o crescimento e o desenvolvimento, detectar sinais de alerta, intervir quando há uma patologia aguda ou crônica e, o que é muito importante, prevenir. Porque a prevenção na saúde infantil é ganhar saúde na idade adulta", enfatizou.
Na mesma linha, a presidente do SEEN, Leticia Bazo, defendeu o papel dos enfermeiros neonatais e advertiu que, se a opção de ter pediatras e enfermeiros especializados não for oferecida a todas as crianças igualmente, o princípio da equidade será quebrado, porque aqueles que podem pagar financeiramente buscarão esses profissionais na saúde privada.
MEDIDAS PARA MELHORIA
Para reverter essa situação da pediatria e da enfermagem pediátrica nos PCs, os dirigentes de cada associação listaram várias propostas.
Assim, Fernando Gacía-Sala, membro da diretoria do SEPEAP, defendeu a necessidade de que os profissionais de pediatria que estão concluindo sua formação, os MIRs, aprendam sobre a atenção primária, pois isso os ajudará a querer se dedicar a ela. Atualmente, como ele explicou, a maioria deles opta por ir para o exterior ou se dedicar à pediatria hospitalar.
Além disso, o vice-presidente de Atenção Primária da AEP, Guillermo Martín, acrescentou a importância de promover condições ideais de trabalho, com horários mais adequados e flexíveis para facilitar a conciliação familiar.
Por sua vez, Leticia Bazo pediu o reconhecimento econômico da especialidade pediátrica dos enfermeiros, algo que nem todas as Regiões Autônomas fazem. "Infelizmente, há enfermeiros pediátricos, e eu também entendo que o mesmo acontece em outros ramos, que não ficam conosco porque preferem ir para outros sistemas de saúde onde essa especialidade é reconhecida, tanto em termos de prestígio e perfil, mas também em termos de dinheiro", acrescentou.
Enquanto isso, Junquera exigiu um aumento no número de postos de enfermagem pediátrica e um bom gerenciamento desses profissionais, promovendo seu treinamento.
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