Publicado 19/12/2025 07:28

Passar da IA como um experimento para um impulsionador de negócios é o grande desafio para as empresas, dizem os especialistas

Sala de computadores
PIXABAY

MADRI 19 dez. (Portaltic/EP) -

O potencial da Inteligência Artificial (IA) para revolucionar as empresas marcou um colóquio no qual especialistas como Chema Alonso, vice-presidente e chefe de desenvolvimento internacional da Cloudflare, e José Luis Martín, diretor administrativo da Accenture, enfatizaram a importância de passar da "IA como um experimento" para transformar essa tecnologia "no motor dos negócios com projetos realistas".

Durante o painel, organizado pelo Grupo Proeduca, Alonso fez uma análise do desenvolvimento da Inteligência Artificial desde os anos 50, passando por todos os marcos ligados a essa tecnologia até os dias atuais, onde "o efeito uau" - de espanto inicial - está começando a dar lugar a "projetos realistas", com agentes de IA que já estão "sendo integrados aos organogramas das empresas".

Alonso, especialista em segurança cibernética que liderou a estratégia digital, de dados e de segurança cibernética do Grupo Telefónica por mais de uma década, explica que os grandes modelos de linguagem (LLMs) "mudaram as regras do jogo", ao construir "tecnologias que raciocinam e resolvem problemas de forma semelhante a um ser humano", e acrescenta que o próximo grande passo é focar na criação de modelos de nicho, que respondam a qualquer habilidade cognitiva e que se concretizem com a entrada nas empresas dos agentes de IA mencionados.

Na mesma linha, José Luis Martín disse que "a IA está cada vez mais próxima dos sistemas 'centrais' e das operações reais" das empresas. No entanto, ele adverte que "além de colocar os agentes de IA no organograma, devemos entender que existem equipes híbridas entre humanos e máquinas" e, portanto, "devemos ver como gerenciar essa nova situação" dentro das empresas.

AUMENTO DA PRODUTIVIDADE

Martín apresentou uma série de dados que destacam as "grandes expectativas criadas em torno da adoção da IA generativa". Estima-se que a produtividade aumente entre 0,4 e 1,3% graças à IA nos próximos anos, bem como um aumento de US$ 4 bilhões nos lucros corporativos associados à entrada desses modelos de IA nos negócios.

O executivo da Accenture lembrou que o setor bancário é um dos setores em que a maior parte da inovação está ocorrendo. "Ele já estava na vanguarda da IA tradicional usada para pontuação de risco e agora também está analisando os modelos de uso para IA generativa". Como resultado, muitas startups estão procurando criar novos modelos de LLM de nicho (em oposição aos modelos fundamentais) que forneçam soluções de IA muito específicas para setores específicos, como o bancário, adaptando-se às suas necessidades tecnológicas ou regulatórias, entre outras.

"As grandes empresas entenderão que os modelos já existem e não competirão com eles", acrescenta o chefe de Desenvolvimento Internacional da Cloudflare, que entende que o que acontecerá é que "as empresas usarão esses novos modelos como uma commodity para melhorar seus negócios", usando tokens e pagando apenas pelo uso que fizerem dessas ferramentas - sem ter que assumir os custos associados ao seu desenvolvimento.

Esse é o passo em direção à IA agêntica, um setor construído em menos de um ano em que "verdadeiros funcionários digitais, com recursos espetaculares", são capazes de "igualar os funcionários humanos em determinadas tarefas". Uma oportunidade para as empresas que também traz alguns riscos associados, sobre os quais ambos os especialistas alertam.

RISCO COM ALUCINAÇÕES E VERIFICAÇÕES DE SEGURANÇA

Nesse novo contexto, Chema Alonso adverte que haverá usuários que poderão contornar os controles de segurança ("Jailbreak") que os LLMs têm por padrão e isso poderia trazer riscos significativos em alguns setores. Da mesma forma, ele explica que há um problema com as alucinações desses modelos de linguagem, que são probabilísticos e podem levar a falhas em coisas tão simples como uma adição.

José Luis Martín, por sua vez, enfatiza o problema da falta de talento no setor de IA, com poucos profissionais disponíveis, e o desafio da governança e da soberania dos dados, com setores muito complexos (como saúde ou defesa), que exigem um controle rigoroso das informações que são inseridas nos modelos de IA.

O especialista da Accenture também fala sobre as alucinações da IA generativa e, por isso, recomenda que as empresas misturem modelos tradicionais de IA, como o aprendizado de máquina, com modelos mais disruptivos. "Mesmo que a IA generativa seja a grande tendência, é preciso entender quais projetos você deseja realizar e qual tecnologia precisa. Tínhamos nos esquecido da possibilidade de integrar modelos tradicionais com agentes de IA e agora essa lógica está sendo imposta", acrescentou.

HISTÓRIAS DE SUCESSO NO USO DE IA NO SETOR AUDIOVISUAL

Por fim, Rames Sarwat, chefe de IA e transformação digital da Proeduca Summa, e Ángel Blasco, cofundador da CinemAI, participaram do evento, apresentando seus projetos bem-sucedidos sobre o uso da inteligência artificial no setor audiovisual e de criação de vídeos.

Sarwat falou sobre o ATENEA, um agente de IA capaz de gerar vídeos com IA de forma eficiente, rápida e econômica para as empresas. "O custo do vídeo é 75 vezes maior do que o custo da geração de texto para uma empresa, e as empresas não têm processos padronizados para gerar esse conteúdo. É por isso que essas ferramentas de IA podem ser tão importantes", disse ele, acrescentando que as empresas também poderão ter maior controle sobre os orçamentos.

Por fim, Ángel Blasco apresentou o CinemAI, que se concentra em conteúdo audiovisual gerado com IA com acabamentos muito mais profissionais, projetado para ficção. "A IA está na moda, mas há muitos fogos de artifício de consumo rápido e o que queremos é ter uma qualidade muito maior e um acabamento muito melhor. Por isso é importante trabalhar com um bom material, mas também com bons diretores, roteiristas, etc.", destacou.

Nesse sentido, ele conclui que a IA "não substituirá a criatividade humana", mas oferecerá "mais opções" às empresas de produção e "reduzirá drasticamente os custos de produção de filmes e televisão".

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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