MADRID 11 mar. (EUROPA PRESS) -
A Sociedade Espanhola para o Estudo do Fígado (AEEH) avaliou "muito positivamente" a aprovação nesta terça-feira pelo Conselho de Ministros da lei que regulará a venda e o consumo de álcool a menores de idade em toda a Espanha, ao mesmo tempo em que propôs uma rotulagem informativa semelhante à do tabaco.
"O tabaco está liderando o caminho. Sabemos que não é fácil, mas a aplicação em toda a UE de uma rotulagem informativa semelhante à do tabaco, como a Irlanda aprovou, é uma das medidas recomendadas por nossos colegas europeus e por nós da AEEH", explicou o novo presidente da AEEH, Rafael Bañares.
Há poucos dias, em seu 50º Congresso, os especialistas alertaram sobre a necessidade de uma "grande mudança regulatória", tanto em nível europeu quanto nacional, para reverter o crescimento das doenças hepáticas ligadas ao consumo de álcool.
"Com uma prevalência e incidência imparáveis, a ponto de a doença hepática relacionada ao álcool já ser a causa, direta ou indiretamente, de mais da metade dos casos de câncer de fígado em nosso país", afirmam.
Os hepatologistas estão confiantes de que, em seu processo parlamentar, essa lei pode "não apenas alcançar o consenso de todos os grupos políticos", mas "incorporar medidas ousadas".
Acabar com a publicidade, como faz a nova lei em locais próximos a menores de idade - escolas -, criar espaços livres de álcool, proibir efetivamente o consumo na rua e aumentar os preços são, na opinião dos especialistas, as medidas que poderiam provocar "uma grande mudança cultural" no consumo de álcool.
"Precisamos da mesma coragem que os políticos demonstraram ao combater o tabaco no início deste século", diz Ramón Bataller, diretor do Registro de Doenças Hepáticas Relacionadas ao Álcool (REALCH) da AEEH.
"DADOS PARA PREOCUPAÇÃO".
Nesse ponto, a Sociedade lembrou que a Europa é a região com o maior consumo de álcool do mundo, com um consumo médio de 9,2 litros de álcool/pessoa/ano, e a Espanha é um dos maiores consumidores da Europa, com um consumo médio de 11 litros por pessoa/ano, de acordo com dados da OCDE de 2021.
Assim, eles destacam que, na Europa, cerca de 300.000 pessoas morrem prematuramente a cada ano devido a problemas hepáticos, na maioria dos casos associados ao álcool, com uma incidência crescente entre os jovens e em idades cada vez menores. A doença hepática também é a segunda principal causa de perda de anos de vida profissional em todo o continente.
Apesar desses dados, os especialistas afirmam que a percepção dos riscos do consumo de álcool permanece inalterada na Espanha e, na verdade, os jovens começam a beber cada vez mais cedo e com padrões associados a um risco maior (ingestão de grandes quantidades de álcool em poucas horas).
"Há alguns anos, encontrar uma pessoa com menos de 30 anos de idade com cirrose era algo excepcional, hoje não é nada disso e será cada vez menos se não tomarmos providências", conclui a Sociedade.
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