MADRID 15 abr. (EUROPA PRESS) -
Especialistas da Sociedade Espanhola de Coluna Vertebral (GEER) advertiram sobre o risco de lesões lombares e cervicais, entre outras, que os costureiros têm devido à carga dos passos nas procissões da Semana Santa, já que têm que suportar, em média, entre 30 e 40 quilos durante várias horas, o que causa microtraumatismos contínuos.
"Na realidade, há um risco maior quando eles realizam exercícios de carga na coluna cervical, embora também vejamos muitas lesões na coluna lombar", explicou o especialista do GEER em Sevilha e coordenador da unidade de coluna pediátrica e adulta do Hospital Universitário Virgen del Rocio, José Mª López-Puerta.
Nos costaleros que carregam os pasos com a região cervical apoiada na alça de ombro, a lesão na região lombar geralmente ocorre durante o levantamento repentino do paso com um salto, conhecido como levantá, quando o costalero passa de agachado em uma posição flexionada para uma posição ereta, causando uma força de compressão máxima no disco intervertebral. Nesses casos, pode ocorrer uma hérnia de disco.
"O apoio máximo da perna está na sétima vértebra cervical, que é a mais protuberante. Portanto, o degrau exerce uma força de tração na parte de trás da coluna cervical, o que pode levar a problemas como lesões nos processos espinhosos, nas articulações ou na degeneração dos discos ao longo do tempo", explicou o cirurgião ortopédico.
Outras lesões frequentes ocorrem no joelho ou nos tornozelos ao caminhar incorretamente ou ao levantar o degrau de forma incorreta. Também é comum os costaleros sofrerem hematomas na região cervical posterior. Com o passar dos anos (os hematomas) tendem a se encapsular e desenvolver aquela aparência característica de "morrillo" que às vezes vemos em costaleros", acrescentou López-Puerta.
A POSTURA É FUNDAMENTAL
"Por baixo do paso, a postura é muito importante para evitar lesões. A posição ideal é com os braços para a frente na alça do ombro, com um ângulo de 130-135º com o peito para a frente, e toda a área central deve ser ativada, protegendo assim a área lombar", explicou a Dra. Inmaculada Vilalta Vidal, especialista do GEER em Barcelona, que também é costalera da Irmandade de Jesús Nazareno em Mataró.
A especialista acrescentou a importância de ajustar o poço costal na coluna cervical e de se posicionar bem no levantá para que ele não se mova e não se separe da alça do ombro. Quanto à forma de suportar o peso, o esforço deve ser sempre realizado pela região lombar, para evitar um golpe direto e abrupto na coluna cervical, o que pode causar problemas.
Ao carregar os degraus nos ombros, também é essencial que o apoio para os ombros esteja bem amortecido e a carga bem distribuída. Embora os especialistas tenham indicado que o risco de lesão nesses casos é menor, eles ressaltaram que ela pode ocorrer na área cervical e, principalmente, nas clavículas e nos rolos de ombro.
De qualquer forma, os especialistas enfatizaram que os costureiros devem treinar para esse momento durante todo o ano, a fim de adquirir a musculatura correta da coluna vertebral, por meio de exercícios centrados nos músculos multífidos, que vão desde a parte posterior da coluna cervical até praticamente a pélvis.
"Normalmente, podemos fazer abdominais, agachamentos, exercícios para os glúteos, passadas, remo sentado, ombros, pranchas frontais e laterais e exercícios de ponte. E para preparar a musculatura cervical, podemos fazer exercícios isométricos da musculatura cervical com uma toalha, usando força para frente e para trás", destacou Vilalta.
Durante os dias da procissão, o profissional recomendou alongamentos prévios para que os músculos não fiquem contraídos. Ao final da procissão, é aconselhável aplicar gelo local envolto em um pano e não diretamente sobre a pele para evitar o desenvolvimento de hematomas ou pequenos microtraumatismos que desenvolvam uma lesão no tecido celular subcutâneo, além de tomar relaxantes musculares e analgésicos durante as 48-72 horas seguintes para evitar espasmos musculares resultantes do esforço.
Se a dor ou a tensão for muito forte, um fisioterapeuta deve ser consultado para fazer massagens, gelo e trações cervicais, que facilitam o relaxamento de toda a musculatura cervical.
CONSEQUÊNCIAS PARA OS NAZARENOS
Os nazarenos também sofrem as consequências de ficar em pé por várias horas, o que em algumas irmandades pode significar 14 ou 15 horas na rua. "Os pacientes que têm uma musculatura com muita infiltração de gordura sentirão muita dor lombar durante longos períodos em pé. Se essa musculatura for insuficiente, a lombalgia característica tende a aparecer e o nazareno tende a se inclinar para frente ou se abaixar para tentar cortar o espasmo muscular que sustenta a musculatura nos clássicos 'parones'", explicou Vilalta.
Para desenvolver esses músculos, os especialistas do GEER recomendaram a realização de exercícios durante todo o ano para fortalecer o núcleo, especialmente os abdominais e a região lombar, bem como exercícios de ciclismo, natação, remo e Pilates, tanto clássico quanto com máquinas.
Além disso, cintos de apoio ou lumbostats ajudam a mitigar a dor que tanto os costaleros quanto os nazarenos e penitentes podem sofrer durante as horas da procissão. "Em nosso caso, os costaleros usam dois cintos: um com uma haste mais fina na região lombar e um cinto de tecido na parte superior, que nos dá maior apoio", destacou Vilalta.
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