SEVILLA 22 dez. (EUROPA PRESS) -
Uma pesquisa espanhola liderada pelo Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC) demonstrou que os compostos de enxofre dialílico - moléculas ricas em enxofre presentes em plantas da família Allium, que inclui alho, cebola e alho-poró, entre outros - têm a capacidade de "prolongar a vida" em camundongos.
De acordo com uma nota do CSIC, os resultados, publicados na revista Cell Metabolism, abriram novos caminhos para o desenvolvimento de tratamentos que permitem "manter uma boa qualidade de vida durante o envelhecimento".
Embora o estudo tenha sido realizado em camundongos e, portanto, não seja diretamente aplicável a seres humanos, os pesquisadores o consideram uma "via de trabalho promissora". De fato, o trabalho inclui um estudo observacional em humanos, realizado em colaboração com o Hospital Virgen del Rocío, em Sevilha, que revelou que as pessoas que tinham maior força muscular, melhor perfil de triglicerídeos e menor propensão a sofrer algumas alterações neurocognitivas eram justamente aquelas que haviam aprimorado alguns dos mecanismos sobre os quais esses compostos de alho agem.
A pesquisa, que se concentrou nos compostos presentes no alho, mostrou que "essas moléculas retardam vários efeitos negativos do envelhecimento e aumentam a expectativa e a qualidade de vida em camundongos machos jovens e idosos".
Além disso, a equipe observou que, após a adição de sulfatos de dialila à dieta desses ratos, houve melhorias no funcionamento da insulina, que é fundamental para regular o metabolismo e prevenir doenças, e nos mecanismos de sinalização celular envolvidos no envelhecimento.
De acordo com a pesquisa, "esses compostos causam alterações nos mecanismos que modulam várias das vias biológicas envolvidas na progressão do envelhecimento".
Assim, as evidências dizem que esses mecanismos, presentes tanto em animais quanto em humanos, "são fundamentais para viver mais tempo e com melhor qualidade de vida, embora sejam necessárias mais pesquisas antes de extrapolar esses resultados para os seres humanos", explicou a primeira autora do estudo e pesquisadora do CSIC no Cabimer (Centro Andaluz de Biologia Molecular e Medicina Regenerativa), o Centro Andaluz de Biologia Molecular e Medicina Regenerativa (CSIC-US-UPO-JA), María Ángeles Cáliz Molina.
Portanto, o estudo avaliou que, nos camundongos do estudo, essas moléculas melhoraram algumas alterações características de doenças neurodegenerativas, musculoesqueléticas e metabólicas, como a doença de Alzheimer, a sarcopenia e o diabetes tipo dois.
De interesse especial nesse sentido é sua função na regulação da metainflamação, uma inflamação crônica de baixo grau associada a distúrbios metabólicos, como obesidade e hiperglicemia.
De acordo com o cientista do CSIC, autor sênior do estudo e também pesquisador da Cabimer, Alejandro Martín-Montalvo, "os resultados são promissores e o fato de serem compostos de origem natural que fazem parte da dieta é um ponto a seu favor, mas ainda temos muito trabalho pela frente para conhecer o potencial real desses compostos na melhoria da saúde humana".
Martín-Montalvo também indicou que "são necessárias mais pesquisas, tanto em modelos animais quanto em humanos, antes de podermos recomendar seu uso".
Por outro lado, os compostos de enxofre dialílico são compostos orgânicos de enxofre encontrados naturalmente não apenas no alho, mas também (embora em menor grau) em outros vegetais da família Allium, como cebola e alho-poró. Além de influenciar o aroma e o sabor, eles são "responsáveis por vários benefícios à saúde".
"Assim como acontece com a cebola, quando o alho é quebrado ou mastigado, ele libera os sulfetos dialílicos que contêm enxofre", disse ele. Ele também destacou que "eles atuam como antioxidantes, protegendo as células contra os danos causados pelos radicais livres - moléculas instáveis responsáveis pelo envelhecimento celular, entre outras coisas - e induzindo a produção de sulfeto de hidrogênio, um transmissor que atua como um interruptor nas vias biológicas relacionadas ao envelhecimento".
O cientista disse que "sabíamos da importância dessas vias para a longevidade, mas não conhecíamos o efeito da indução desse transmissor em mamíferos". Esse estudo demonstrou que, pelo menos em camundongos, esses compostos podem ser usados para "impulsionar mecanismos e melhorar tanto a expectativa quanto a qualidade de vida", explicou Martín-Montalvo, que, além de pesquisador do CSIC, faz parte da área de Diabetes e Doenças Metabólicas Associadas do CIBER.
Nesse sentido, "o risco de sofrer doenças neurodegenerativas, musculoesqueléticas e metabólicas aumenta com a idade", pois "mais da metade dos idosos não tem uma qualidade de vida ideal".
Entretanto, o desenvolvimento de terapias destinadas a retardar ou prevenir o aparecimento de doenças crônicas relacionadas à idade tornou-se uma "prioridade global". A capacidade desses compostos de modular aspectos relevantes dessas doenças incentiva mais pesquisas, concluiu Martín Montalvo.
Por fim, a pesquisa, liderada por Cabimer, contou com a participação do Instituto de la Grasa (IG-CSIC), do Instituto de Bioquímica Vegetal y Fotosíntesis (IBVF, CSIC-US), do Centro de Investigação Príncipe Felipe, do Departamento de Medicina Interna do Hospital Virgen del Rocío, da Cleveland Clinic e da área de Diabetes e Doenças Metabólicas Associadas do Ciber.
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