MADRID 18 set. (EUROPA PRESS) -
As medições do teor de etanol das frutas disponíveis para os chimpanzés em seu habitat nativo na África mostram que eles podem consumir o equivalente a mais de duas bebidas alcoólicas por dia.
Essa é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, publicado na revista Science Advances.
Não está claro se eles procuram ativamente frutas com altos níveis de etanol, que tendem a ser frutas mais maduras com mais açúcares para fermentar. No entanto, a disponibilidade de etanol em muitas espécies de frutas comumente consumidas sugere que o álcool faz parte de sua dieta regular e provavelmente fazia parte da dieta de nossos ancestrais humanos.
"Em todos os locais, os chimpanzés machos e fêmeas consomem cerca de 14 gramas de etanol puro por dia em sua dieta, o que equivale a uma bebida americana padrão", disse em um comunicado o estudante de pós-graduação da UC Berkeley Aleksey Maro, do Departamento de Biologia Integrativa. Ajustando para a massa corporal, já que os chimpanzés pesam cerca de 40 quilos contra 70 quilos de um ser humano típico, a quantidade sobe para quase dois drinques.
Uma bebida padrão nos EUA contém 14 gramas de etanol, independentemente do tamanho do corpo do consumidor, embora em grande parte da Europa o padrão seja 10 gramas.
As 21 espécies de frutas amostradas em dois locais de estudo de chimpanzés - Ngogogo, em Uganda, e Taï, na Costa do Marfim - tinham um teor alcoólico médio de 0,26% por peso. Os primatologistas que estudaram os chimpanzés nesses locais estimam que os animais consomem uma média de 4,5 kg de frutas por dia e que isso representa cerca de três quartos de sua dieta. Os pesquisadores também registraram, para cada local, a proporção aproximada de cada espécie de fruta na dieta dos chimpanzés. Essas informações permitiram que os biólogos de Berkeley calculassem uma taxa média de consumo de etanol na dieta.
CONSUMO INTENSIVO DE FRUTAS
"Os chimpanzés consomem de 5 a 10% de seu peso corporal por dia em frutas maduras, portanto, mesmo baixas concentrações produzem um total diário elevado - uma dose substancial de álcool", disse Robert Dudley, professor de biologia integrativa da Universidade da Califórnia, em Berkeley. "Se os chimpanzés colherem frutas maduras aleatoriamente, como fez Aleksey, essa será sua taxa média de consumo, independentemente de sua preferência por etanol. Mas se eles preferirem frutas mais maduras ou com maior teor de açúcar, esse é um limite inferior conservador para a taxa provável de ingestão de etanol."
O consumo de frutas ocorre durante todo o dia e os chimpanzés não mostram sinais óbvios de intoxicação, explicou Maro. De fato, para que um chimpanzé se intoxicasse, ele teria de comer tanta fruta que seu estômago incharia. Entretanto, a exposição crônica de baixo nível sugere que os ancestrais comuns dos humanos e dos chimpanzés - nosso parente vivo mais próximo entre os macacos - também eram expostos diariamente ao álcool proveniente da fermentação de frutas, um nutriente ausente da dieta dos chimpanzés em cativeiro e de muitos humanos atualmente.
"Os chimpanzés consomem uma quantidade de álcool semelhante à que consumiríamos se comêssemos alimentos fermentados diariamente", disse Maro. "A atração humana pelo álcool provavelmente surgiu dessa herança alimentar de nosso ancestral comum com os chimpanzés."
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