KATERYNA ONYSHCHUK/ ISTOCK - Arquivo
MADRID 3 nov. (EUROPA PRESS) -
Um estudo conduzido por pesquisadores internacionais, com o apoio da Federação Mundial de Neurologia, aponta que os casos de enxaqueca quase dobraram desde 1990 e continuarão a aumentar até 2050, de modo que se espera um aumento na incapacidade devido à enxaqueca e à cefaleia do tipo tensional.
É o que afirma o estudo publicado na revista Cell Reports Medicine, que analisa o ônus global, regional e nacional das dores de cabeça com uma previsão de 25 anos, com o apoio da Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN).
No período analisado, de 1990 a 2021, houve um aumento considerável no número total de casos de enxaqueca, de 732,6 milhões para 1,16 bilhão, um aumento de cerca de 58%. A incidência também aumentou de cerca de 63 milhões de novos casos por ano em todo o mundo para cerca de 90 milhões, um aumento de 42%, e o ônus em anos vividos com incapacidade também aumentou. De fato, estima-se que o ônus dos anos vividos com deficiência atingirá seu pico por volta de 2029.
"Esses números são alarmantes. Apesar do grande impacto que elas têm, não são reconhecidas como uma doença grave que causa grande sofrimento e incapacidade", diz o Dr. Jesús Porta-Etessam, presidente da Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN), que insiste que as dores de cabeça são um problema social real.
"A partir da Fundação, queremos dar toda a visibilidade que ela merece, transmitindo o sofrimento e as necessidades reais dessas pessoas e a responsabilidade que temos como sociedade nos cuidados que essas pessoas devem receber. É até surpreendente que hoje, em nosso país, a farmacopeia delas não esteja incluída como doença crônica, o que dificulta a aquisição de tratamentos por alguns pacientes", acrescenta.
A enxaqueca, que se manifesta com dores latejantes, náuseas, vômitos e intensa sensibilidade à luz e ao som, é a doença mais incapacitante em mulheres com menos de 50 anos. Apesar disso, ela continua sendo uma patologia cercada de estigma, desinformação e, acima de tudo, uma grande falta de reconhecimento social.
Este estudo, que pertence ao projeto Global Burden of Disease (GBD) e avalia o ônus das dores de cabeça, principalmente enxaqueca e cefaleia do tipo tensional, com projeções para o ano de 2050, enfatiza que há um ônus desproporcional em mulheres de 30 a 44 anos, especialmente em países desenvolvidos, o que está associado a uma complexa interação de fatores biológicos, ambientais e psicológicos.
Como ressalta o Dr. José Miguel Láinez, diretor da Fundação Espanhola de Cefaleia (FECEF), não só é mais frequente nas mulheres, mas também mais incapacitante, especialmente nas fases mais produtivas, limitando sua capacidade de desenvolver uma carreira profissional e cumprir suas tarefas familiares e sociais.
"Isso ressalta a necessidade de iniciativas de saúde pública focadas em intervenções personalizadas, como educação, diagnóstico precoce e políticas de saúde sensíveis ao gênero, para reduzir os efeitos de longo prazo nas mulheres, especialmente abordando os desafios psicossociais específicos que elas enfrentam", acrescenta.
As flutuações hormonais, especialmente as alterações nos níveis de estrogênio durante o ciclo menstrual, a gravidez e a menopausa, podem desempenhar um papel fundamental na fisiopatologia da enxaqueca.
"Essas flutuações, combinadas com as demandas de equilibrar família, trabalho e assim por diante, podem contribuir para uma maior prevalência de dores de cabeça em mulheres. Além disso, distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão, que são mais comuns em mulheres, podem exacerbar a frequência e a gravidade das enxaquecas", explica o Dr. Roberto Belvís, coordenador do SEN Headache Study Group.
Outra descoberta do estudo é que, embora a carga de muitos distúrbios fatais e incapacitantes tenha diminuído com o desenvolvimento socioeconômico, esse não foi o caso da enxaqueca e das dores de cabeça. A esse respeito, o Dr. Láinez enfatizou a necessidade de esforços contínuos e direcionados de saúde pública para grupos demográficos desproporcionais.
Entre as condições que diminuíram com o aumento do desenvolvimento estão as doenças infecciosas e parasitárias, as complicações da gravidez e do parto, os problemas neonatais e nutricionais, as condições tropicais, bem como algumas doenças não transmissíveis controladas, como a doença cardíaca isquêmica, que está associada ao aumento do controle da hipertensão, do tabagismo e do colesterol.
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