MADRID 9 jun. (EUROPA PRESS) -
O Centro Nacional de Pesquisas sobre o Câncer (CNIO) da Espanha reuniu cerca de vinte pesquisadores dos Estados Unidos, Europa e China para apresentar os últimos avanços em biologia estrutural, que permitem a concepção de medicamentos mais precisos, a busca de novos antibióticos e a criação de melhores métodos de edição de genes.
A biologia estrutural lida com a determinação da estrutura tridimensional das proteínas, moléculas que interagem entre si, "como em um complexo e minúsculo quebra-cabeça 3D que também é dinâmico", razão pela qual entender sua forma é "um dos grandes desafios" da pesquisa, de acordo com os organizadores da conferência 'CNIO-CaixaResearch Frontiers Meeting Machines acting on DNA and RNA'.
Até recentemente, o progresso nessa área era muito lento, mas novas técnicas implementadas na última década, como a criomicroscopia eletrônica, avanços na computação e inteligência artificial, estão permitindo acelerar a pesquisa e evitar processos lentos e complicados que limitavam a geração de novos conhecimentos.
"Agora vemos não apenas a estrutura das proteínas, mas também como ela muda; estamos começando a visualizar um filme inteiro. As estruturas contam uma história: há personagens que vêm, que vão, que se movem, que interagem, que se separam... Ver essa complexidade está transformando nossa compreensão dos processos celulares", disse uma das organizadoras, Eva Nogales, da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA).
Uma das aplicações imediatas dos avanços em biologia estrutural é a criação de novos medicamentos. "O conhecimento da estrutura há muito tempo orienta a criação de medicamentos, mas agora nossas técnicas são muito mais poderosas e nos permitem ter sistemas complexos como alvos de medicamentos que antes eram muito difíceis de visualizar", explicou Nogales.
MARCAS EPIGENÉTICAS
Um dos avanços apresentados durante a conferência foi a montagem de marcas epigenéticas, sinais bioquímicos que são adicionados aos genes para regular sua atividade e que mudam dependendo do ambiente, como dieta e estilo de vida. Alessandro Costa, do Crick Institute, em Londres, abordou um novo problema: como as informações epigenéticas são transferidas para o novo DNA quando a célula se divide.
A esse respeito, o pesquisador do CNIO Rafael Fernández Leiro, também organizador do evento, explicou que o processo pelo qual o DNA é duplicado e copia suas informações genéticas para moléculas de DNA "filhas" é "razoavelmente bem compreendido", mas como as informações epigenéticas são transferidas para o novo DNA "não é conhecido em detalhes".
Por outro lado, vários pesquisadores discutiram como a variabilidade dos anticorpos é gerada. A célula deve ser capaz de produzir aleatoriamente um número infinito de anticorpos diferentes para poder detectar qualquer inimigo, um campo no qual Wei Yang, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, e Yuan He, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, apresentaram seu progresso.
"Precisamos gerar anticorpos capazes de reconhecer e neutralizar praticamente qualquer agente invasor, sem tê-lo visto antes", disse o diretor do programa de Biologia Estrutural do CNIO, Óscar Llorca, também organizador da conferência.
"A célula resolve esse problema projetando anticorpos que são construídos como um lego, montando várias peças pequenas de maneiras diferentes. Dessa forma, ela consegue gerar um enorme repertório de combinações diferentes, resultando em uma grande variedade de anticorpos prontos para reconhecer praticamente qualquer agente. Parte do maquinário que monta essas peças é o mesmo maquinário que repara as quebras no DNA", diz ele.
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