MADRID 18 dez. (EUROPA PRESS) -
El Niño e La Niña, dois fenômenos climáticos que afetam a temperatura do mar no Pacífico, têm repercussões que se estendem aos ecossistemas marinhos no Atlântico tropical e meridional, a milhares de quilômetros de distância, modificando a pesca e afetando as populações locais.
Essa descoberta faz parte de um estudo publicado na revista Nature Reviews on Earth and Environment, liderado pela Universidade Complutense de Madri (UCM) e pelo projeto europeu TRIATLAS, de acordo com um comunicado de imprensa da universidade.
O estudo, que envolve quase 50 cientistas de todo o mundo, explora como as mudanças nas condições oceânicas e atmosféricas causadas pelo "El Niño" e pelo "La Niña" alteram os ecossistemas marinhos, afetando espécies importantes para a pesca e colocando em risco a segurança alimentar das comunidades costeiras.
As descobertas, que são o resultado de dois anos de colaboração científica, destacam a importância de compreender esses fenômenos e suas consequências globais para proteger os recursos marinhos e as economias locais.
Esse trabalho faz parte do projeto TRIATLAS, financiado pela UE, e reuniu especialistas de várias disciplinas para entender a conexão entre os fenômenos do Pacífico e os ecossistemas marinhos do Atlântico tropical e do Sul.
"Embora o 'El Niño' e o 'La Niña' tenham origem no Pacífico, seus efeitos são globais e podem alterar a vida marinha em lugares tão distantes quanto o Brasil ou o Senegal", disse a professora da UCM e coordenadora do estudo, Belén Rodríguez-Fonseca.
O impacto desses fenômenos nas correntes oceânicas e na temperatura da água pode interromper os ciclos de migração dos peixes e alterar a disponibilidade de nutrientes essenciais para a vida marinha, afetando a pesca local e alterando as economias que dela dependem.
Em particular, os pesquisadores observaram como as mudanças nos ventos, na precipitação e na temperatura da superfície do mar causadas por esse fenômeno tropical do Pacífico podem alterar a distribuição das principais espécies de pesca no Atlântico.
PESQUISA DA UCM
A equipe de pesquisadores da Universidade Complutense de Madri, liderada por Rodríguez-Fonseca, desempenhou um papel fundamental no estudo. Pesquisadores como Elena Calvo Miguélez e Lucía Montoya Carramolino analisaram simulações climáticas e observações disponíveis para reconciliar o trabalho que indica os efeitos do "El Niño" e do "La Niña" nessa região do planeta.
Teresa Losada, Irene Polo, Marta Martín del Rey e Elsa Mohino analisaram os mecanismos atmosféricos que conectam as bacias do Pacífico e do Atlântico, bem como as interações ar-oceano no Atlântico Tropical e no Atlântico Sul.
Os resultados dessa pesquisa destacam a crescente vulnerabilidade dos ecossistemas marinhos, especialmente aqueles que abrigam importantes espécies de peixes. As mudanças na temperatura da água e nos padrões de precipitação, causadas por fenômenos como o El Niño, alteram o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e, com isso, as condições para a pesca.
Para as comunidades que dependem da pesca, essas interrupções podem resultar em graves perdas econômicas e afetar a segurança alimentar de milhões de pessoas.
"A pesquisa mostra que precisamos agir com urgência para proteger esses ecossistemas marinhos e a pesca que depende deles. A colaboração internacional é essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir a sustentabilidade da pesca a longo prazo", disse Rodríguez-Fonseca.
O estudo não apenas amplia o conhecimento sobre os efeitos do El Niño e do La Niña nos oceanos, mas também representa um desafio global para a conservação marinha. À medida que esses fenômenos se intensificam devido às mudanças climáticas, os cientistas alertam para a necessidade de adotar políticas de gerenciamento de pesca mais sustentáveis e investir em pesquisas para desenvolver soluções mais eficazes.
O trabalho do TRIATLAS, do qual a UCM participou ativamente, abre uma janela para a compreensão de como os fenômenos climáticos globais afetam os ecossistemas marinhos e as economias em várias regiões, destacando a importância da colaboração científica internacional para enfrentar esses desafios de forma abrangente e eficaz.
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