MADRID 26 nov. (EUROPA PRESS) -
O diretor do Departamento de Endocrinologia e Nutrição da Clínica Universidad de Navarra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Navarra, Dr. Javier Escalada, acredita que "dentro de 10 anos será possível tratar mais de cinco doenças com medicamentos agonistas do receptor GLP-1".
"Hoje já temos resultados sólidos em diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, insuficiência cardíaca e doença renal crônica, e já há dados para pensar que eles terão um papel importante no tratamento da doença hepática metabólica, conhecida como 'fígado gorduroso', no ovário policístico/infertilidade ligada à obesidade, em algumas doenças neurodegenerativas e em vícios; tomara que eu não esteja errado, seria ótimo para nossos pacientes", diz ele.
Escalada, que deu uma palestra principal na Real Academia Nacional de Medicina da Espanha (RANME) por ocasião da Semana Marañón, diz que também há "pesquisas abertas com arGLP-1 em diferentes tipos de câncer, muitos deles relacionados à obesidade, hiperinsulinismo/resistência à insulina ou inflamação, como câncer de fígado, mama, endométrio ou próstata".
"Parece que a abordagem dos distúrbios metabólicos pode se tornar uma nova estratégia preventiva do câncer. No entanto, as pessoas com câncer foram excluídas dos ensaios clínicos essenciais desses medicamentos e precisamos ter dados claros sobre a segurança dessas moléculas nesse contexto", diz ele.
Esse especialista, que também é presidente da Fundação da Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição (FSEEN), lembrou que ainda há aspectos que "não conhecemos bem e, por isso, ainda estamos investigando as razões de tantos benefícios", razão pela qual ele enfatiza a importância de continuar as pesquisas.
"Seria desejável ter uma presença maior na pesquisa independente e isso requer muito apoio, tanto em termos de financiamento quanto de colaboração com diferentes centros e universidades, um aspecto que acredito que pode ser melhorado", diz ele.
ELES DEVEM SER FINANCIADOS NA ESPANHA?
Os chamados agonistas do receptor de GLP-1 ou análogos do GLP-1 (arGLP-1) são medicamentos que imitam a ação desse hormônio e são usados para tratar o diabetes tipo 2 em pacientes com índice de massa corporal acima de 30 e quando não conseguem o controle glicêmico com dieta, exercícios e outros medicamentos antidiabéticos; também são indicados para o tratamento da obesidade e do sobrepeso acompanhados de comorbidades metabólicas, mas não são financiados pelo Sistema Nacional de Saúde (NHS) para sobrepeso/obesidade.
"Olhando para o futuro, há uma convicção entre os profissionais de saúde sobre a necessidade de financiar esses medicamentos para 'alguns pacientes' com obesidade, embora tenha que ser decidido como priorizá-lo, seja com base no risco cardiovascular ou em outras comorbidades", diz Escalada, que cita o exemplo do Reino Unido (NICE) com um desses medicamentos análogos do GLP-1, que decidiu financiá-lo em casos de obesidade mais grave e comorbidades associadas, com acompanhamento em unidades especializadas e com limites claros de duração.
De acordo com dados do Ministério e do Sistema Nacional de Saúde, há cerca de 3,5 milhões de pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2 na Espanha. "Acho que podemos estimar que cerca de 10% dos pacientes com diabetes tipo 2 na Espanha estão em tratamento com um arGLP-1, e que há 350.000 a 450.000 pessoas com sobrepeso/obesidade que também os recebem, então acredito que cerca de 700.000 a 800.000 pessoas estão sendo tratadas com esses medicamentos em nosso país", diz esse especialista, que apoia a avaliação do valor do financiamento em casos específicos.
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