Publicado 10/06/2025 13:46

Identificado o circuito molecular que impulsiona o crescimento do tumor

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MADRID 10 jun. (EUROPA PRESS) -

Uma equipe de cientistas descobriu um circuito molecular fundamental que permite que as células imunológicas adquiram propriedades imunossupressoras, pró-angiogênicas e pró-tumorais, o que favorece o crescimento do tumor.

O estudo, publicado na revista Immunity (Cell Press), revela que quando as células supressoras de mieloides se aproximam do ambiente tumoral, elas modificam os açúcares (glicanos) que decoram determinados receptores em sua superfície. Esses glicanos atuam como um código de barras ou DNI que é reconhecido por uma proteína abundante no microambiente do tumor: a galectina-1.

A ligação da galectina-1 às células supressoras de mieloides desencadeia mudanças profundas ao ativar o fator de transcrição STAT3, que aumenta a capacidade dessas células de suprimir os linfócitos T (as células que destroem os tumores) e promover a formação de novos vasos sanguíneos. É interessante notar que esse fenômeno é exclusivo do microambiente do tumor e não ocorre quando essas células estão localizadas em outros órgãos, como o baço ou os linfonodos.

Essa descoberta levou os pesquisadores a analisar amostras de pacientes com câncer. Eles descobriram que os tumores com altos níveis de galectina-1, especialmente aqueles associados ao câncer colorretal, abrigavam mais células supressoras de mieloides ativadas, associadas a um pior prognóstico clínico.

Além disso, em pacientes com câncer de cólon e melanoma que não responderam à imunoterapia, essas células apresentaram uma assinatura de açúcar altamente permissiva para a ligação da galectina-1, reforçando seu perfil pró-tumoral, explicando assim um novo mecanismo de resistência a essas terapias.

UM CAMINHO PARA NOVAS TERAPIAS

Os cientistas também identificaram o complexo de receptores celulares ao qual a galectina-1 se liga (particularmente a integrina alfaMbeta2), desencadeando uma cascata de sinalização que impulsiona a imunossupressão e a formação de vasos sanguíneos.

Com base nesse conhecimento, eles conseguiram desenvolver uma estratégia para bloquear esse circuito: usando um anticorpo neutralizador de galectina-1 desenvolvido em seu laboratório, ou inibindo a síntese de açúcares essenciais, eles conseguiram reprogramar essas células para um perfil inflamatório e antitumoral e reduzir o crescimento do tumor em modelos experimentais.

Os pesquisadores afirmam que essa descoberta não apenas abre uma nova janela para a compreensão de como os tumores manipulam o sistema imunológico, mas também oferece um caminho promissor para impulsionar as terapias imunológicas e antiangiogênicas atuais, permitindo que um único agente terapêutico (anticorpo anti-GAL1) seja usado para bloquear ambos os processos em tumores resistentes a essas terapias. "A possibilidade de reprogramar as células supressoras de mieloide é uma estratégia fundamental na luta contra diferentes tipos de câncer", afirmam.

O estudo foi realizado por Ada Blidner, pesquisadora assistente do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) da Argentina, no Laboratório de Glicomedicina do Instituto de Biologia e Medicina Experimental (IBYME), sob a direção de Gabriel Rabinovich, pesquisador sênior do CONICET e professor titular da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires (Argentina).

Diego Croci e sua equipe do Laboratório de Biologia Vascular do IHEM (CONICET-Mendoza) também participaram, juntamente com Camila Bach, Alfredo García, Nadia Bannoud e Joaquín Merlo, bolsistas e pesquisadores de ambos os laboratórios, em colaboração com uma rede de cientistas do Laboratório de Glicômica Funcional do IBYME, da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da UBA e da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de La Plata.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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