Publicado 03/12/2025 11:18

Identificada nova variante do norovírus responsável pelo aumento dos surtos de gastroenterite em todo o mundo

Archivo - Arquivo - Norovírus.
SELVANEGRA/ISTOCK - Arquivo

MADRID 3 dez. (EUROPA PRESS) -

Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) e pelo Instituto Robert Koch (Alemanha), conseguiu identificar a nova variante do norovírus responsável pelo aumento dos surtos de gastroenterite registrados em todo o mundo nos últimos dois anos.

Os resultados do estudo, publicados na revista "Nature Communitations", revelaram que por trás do "aumento significativo" de casos está o genótipo GII.17 do vírus, que historicamente não estava incluído entre os dez genótipos predominantes, mas que entre 2013 e 2016 começou a se espalhar a partir de diferentes países da Ásia.

A partir dessa expansão asiática, surgiram as duas novas variantes C e D, após as quais os casos de gastroenterite GII.17 diminuíram e o GII.4 voltou a ser o genótipo mais frequente em todo o mundo. Entretanto, entre 2023 e 2025, muitos países da Europa e das Américas relataram um novo aumento nas infecções por norovírus GII.17.

"O estudo mostra que a nova variante do norovírus GII.17 seguiu um processo evolutivo dinâmico, adaptando-se para infectar humanos de forma mais eficaz", disse María Dolores Fernández-García, chefe da Unidade de Gastroenterite Viral do Centro Nacional de Microbiologia (CNM) do ISCIII e parte da Área de Epidemiologia e Saúde Pública do Centro de Rede de Pesquisa Biomédica (CIBER-ISCIII), que também participou do estudo.

Essa nova variante tem seu próprio conjunto de alterações que afetam particularmente a proteína VP1 do capsídeo do vírus, o que lhe confere uma identidade genética distinta, além de refletir um processo evolutivo contínuo para sua transmissão eficiente entre humanos.

MUTAÇÕES QUE AUMENTAM A INFECCIOSIDADE

Essas mutações melhoraram a capacidade do vírus de se ligar a moléculas de açúcar que funcionam como fatores de adesão para facilitar a infecção viral e modificaram as propriedades antigênicas do vírus, permitindo que ele escape do reconhecimento pelo sistema imunológico e facilite o desenvolvimento da infecção.

Isso mostra que a nova variante GII.17 do vírus tem maior capacidade de ligação celular e versatilidade em comparação com as variantes C e D anteriores que circulavam na Ásia, uma adaptação que teria expandido a gama de indivíduos suscetíveis e contribuído para a rápida disseminação da nova variante na Europa e nas Américas.

Além disso, a análise da evolução do vírus em indivíduos infectados revela que algumas das mutações adaptativas mais importantes já estavam sendo selecionadas em nível intraindividual, antes de se espalharem pela população.

"A história da variante GII.17 é um exemplo de como os vírus evoluem para encontrar novas oportunidades de infecção; somente compreendendo esses mecanismos podemos antecipar e evitar que eles se tornem grandes epidemias", diz ela.

Fernández-García enfatizou que esse trabalho demonstra a importância da colaboração internacional e da vigilância genômica para entender como os vírus surgem e se adaptam, o que é essencial para proteger a saúde pública.

Ela também explicou a importância de compreender como as pequenas mutações na VP1 afetam a capacidade do vírus de se ligar às células e evitar a imunidade natural, pois isso pode ajudar a criar vacinas mais eficazes e a prever futuras variantes.

Durante a pesquisa, mais de 1.400 genomas desse vírus, tanto recentes quanto armazenados em bancos de dados internacionais, foram analisados, incluindo genomas completos do norovírus GII.17 obtidos na Espanha graças à caracterização molecular de surtos de gastroenterite viral coordenados pelo Centro Nacional de Microbiologia.

Os padrões de diversificação global em todo o genoma desse vírus foram analisados, bem como os padrões mutacionais detalhados em 511 vírus detectados durante uma pesquisa nacional de dez anos na Alemanha e os processos de adaptação e diversidade viral intra-hospedeiro que levaram ao domínio do vírus GII.17.

A equipe do ISCIII esteve envolvida na análise e interpretação desses dados e forneceu financiamento por meio da Intramural Health Strategic Action.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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