MADRID 24 mar. (EUROPA PRESS) -
O primeiro registro histórico de poluição plástica na Groenlândia foi obtido por meio de perfurações no fundo do mar a uma profundidade de 850 m na Baía de Disko, na costa oeste da Groenlândia.
Os novos dados, publicados na revista Communications Earth & Environment, sugerem uma ligação com o desenvolvimento socioeconômico local e representam um passo em direção ao desenvolvimento de um método comum para analisar e mapear a poluição global por microplásticos.
O registro mostra um aumento no acúmulo de microplásticos no fundo do mar desde a década de 1950, com flutuações significativas. Embora condições ambientais específicas, como geada e descarga de geleiras, possam desempenhar um papel importante, é interessante notar que esses aumentos e reduções no acúmulo de plástico também se alinham com o desenvolvimento socioeconômico histórico da Groenlândia.
"Nossos dados mostram uma coincidência entre projetos de construção e outros eventos socioeconômicos que ocorreram localmente na Groenlândia durante a modernização do país, bem como um aumento significativo na quantidade de plástico acumulado no fundo do mar. Como pesquisadores de poluição plástica, podemos usar esse conhecimento para reavaliar as fontes de plástico", diz a Dra. Karla Parga Martínez, do Departamento de Geociências e Gestão de Recursos Naturais, que atualmente é bolsista de pós-doutorado na Universidade McGill, no Canadá, em um comunicado.
Os pesquisadores desenvolveram métodos aprimorados para extrair amostras de sedimentos oceânicos e identificar plásticos por sua composição de polímero, analisando o conteúdo total das amostras. Ao inserir um tubo no fundo do mar, os pesquisadores conseguiram extrair núcleos para análise. Essas amostras foram datadas com o uso de datação por radionuclídeos, em que isótopos em decomposição são medidos para determinar a idade de um material.
Ao dividir os núcleos em períodos de tempo relativamente curtos e isolar os microplásticos dos componentes do fundo do mar (areia, argila, detritos orgânicos etc.), eles puderam comparar a composição química do plástico com uma biblioteca de plásticos conhecidos de diferentes idades.
Por fim, ao correlacionar o tipo de microplástico com a idade do sedimento do fundo do mar do qual ele foi extraído, eles conseguiram construir um registro histórico.
EVIDÊNCIA TANGÍVEL DO ANTROPOCENO
O chamado Antropoceno refere-se ao período da história recente da Terra em que a atividade humana afetou o clima e os ecossistemas do nosso planeta. O conceito tornou-se um termo aceito em debates culturais e sociais, mas, como conceito científico, continua controverso.
"Não é um período geológico aceito. No entanto, o acúmulo de plástico no fundo do mar é agora uma parte muito tangível dessa discussão, pois temos provas irrefutáveis de que a humanidade deixou seu rastro geológico até mesmo nesse lugar remoto", diz Posth.
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