Publicado 03/03/2025 13:05

A Fundação Espanhola do Sistema Digestivo pede medidas preventivas para reduzir o impacto da obesidade

Archivo - Arquivo - Obesidade, perda de peso, excesso de peso
GETTY IMAGES/ISTOCKPHOTO / @ FRED WAGNER - Archivo

MADRID 3 mar. (EUROPA PRESS) -

A Fundação Espanhola do Aparelho Digestivo (FEAD) pediu nesta segunda-feira medidas preventivas para reduzir o impacto da obesidade sobre a saúde digestiva e para mudar a forma como essa doença é vista.

Isso foi feito no âmbito do Dia Mundial da Obesidade, que é comemorado em 4 de março. A esse respeito, a FEAD lembrou que, na Espanha, 16,5% dos homens e 15,5% das mulheres com mais de 18 anos sofrem de obesidade.

"A situação é particularmente alarmante em crianças, com uma prevalência de 13,4% em meninos e 7,9% em meninas", disse Pilar Esteban, chefe do Comitê de Nutrição da Fundação Espanhola do Aparelho Digestivo (FEAD) e médica especialista em sistema digestivo e nutrição clínica.

Esteban destacou que a obesidade "não está relacionada apenas a doenças metabólicas e cardiovasculares", mas também "afeta diretamente o sistema digestivo, aumentando o risco de sofrer diferentes patologias", incluindo doença hepática metabólica (MASLD), refluxo gastroesofágico, litíase biliar e diferentes tipos de câncer digestivo, entre outros.

Diante disso, a Fundação destaca que a maioria das pessoas com obesidade mórbida apresenta algum grau de comprometimento hepático, como a doença metabólica hepática (DHGM), que pode progredir para esteato-hepatite hepática, e sofrer complicações que levam à fibrose hepática e à cirrose, além de aumentar o risco de carcinoma hepatocelular.

Nesse sentido, a doença hepática metabólica tornou-se uma prioridade de saúde pública devido à sua alta prevalência, às complicações que pode causar e ao seu diagnóstico tardio, pois poucos ou nenhum sintoma é aparente em seus estágios iniciais. Além disso, a obesidade é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do refluxo gastroesofágico, pois o excesso de gordura abdominal aumenta a pressão intra-abdominal, facilitando a passagem do ácido gástrico para o esôfago.

Isso aumenta o risco de hérnia hiatal, esofagite, esôfago de Barrett e adenocarcinoma de esôfago, "cujo risco é maior em pessoas obesas do que naquelas com peso saudável", diz Esteban.

Da mesma forma, o excesso de peso pode afetar a vesícula biliar, aumentando o risco de cálculos biliares devido à hipersecreção de colesterol na bile e à diminuição da motilidade da vesícula biliar, "que geralmente é uma complicação muito comum", ressalta o especialista.

Quanto ao cólon, a obesidade está relacionada a um maior risco de diverticulose colônica e diverticulite aguda. "Isso, juntamente com um estilo de vida sedentário e uma dieta pobre em fibras, favorece a complicação dos divertículos colônicos, aumentando o risco de perfurações e abscessos", acrescenta Esteban.

Vale ressaltar que a obesidade está fortemente ligada ao câncer digestivo e é um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de esôfago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, cólon e reto. Nesse sentido, fatores causados pelo excesso de peso, como resistência à insulina, inflamação crônica, alteração dos hormônios intestinais e da microbiota intestinal, favorecem a proliferação celular e o desenvolvimento de tumores malignos.

"MUDANÇA DE PARADIGMA".

O especialista da Sociedade Espanhola de Patologias Digestivas (SEPD) e da Fundação Espanhola do Aparelho Digestivo (FEAD), Javier Crespo, comentou que a obesidade é uma doença sistêmica, heterogênea, crônica, multifatorial, recorrente e, cada vez mais, mais prevalente, sendo uma das que mais afetam a qualidade de vida de quem a sofre.

"Além disso, é importante destacar que metade das pessoas com obesidade enfrenta um estigma social que está presente em diferentes facetas de suas vidas", acrescentou.

Para o especialista, esse estigma é muitas vezes o resultado de uma falsa crença de que os portadores não têm o compromisso, a autodisciplina ou a força de vontade para melhorar sua situação, o que leva a uma percepção mais séria e incapacitante do que a de outras doenças.

Na verdade, isso se estende ao nível da saúde, já que "em muitas ocasiões os profissionais "tiveram complicações ao atender esses pacientes por não terem as opções terapêuticas mais adequadas disponíveis, o que levou a cenários como a falta de acompanhamento nas consultas ou a desigualdade econômica na realização do tratamento", explicou Crespo.

Portanto, o especialista indicou que tudo isso não apenas destaca o impacto social, econômico e de saúde dessa doença, mas também "a necessidade de gerar uma mudança com o objetivo de eliminar esse estigma com foco em pesquisa, informação, educação e respeito por essa doença".

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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