MADRID 13 mar. (EUROPA PRESS) -
Os físicos propõem uma visão teórica radicalmente diferente dos buracos negros: em vez de representar o fim do espaço e do tempo, eles podem representar um novo começo: o buraco branco.
Usando as leis da mecânica quântica, uma teoria fundamental que descreve a natureza do universo no nível dos átomos e até mesmo de partículas menores, o novo estudo foi publicado na Physical Review Letters e, de acordo com os autores, tem o objetivo de ilustrar onde nossa compreensão atual da física e do tempo falha.
Enquanto os buracos negros são frequentemente descritos como sugando tudo, inclusive o tempo, para um ponto de nada, o artigo teoriza que os buracos brancos agem de forma inversa, ejetando matéria, energia e tempo de volta ao universo.
O estudo usa um modelo teórico simplificado de um buraco negro, conhecido como buraco negro plano. Ao contrário dos buracos negros típicos, que têm formato esférico, o limite de um buraco negro plano é uma superfície bidimensional plana. O trabalho em andamento dos pesquisadores sugere que o mesmo mecanismo também poderia ser aplicado a um buraco negro típico.
"Há muito tempo se questiona se a mecânica quântica pode mudar nossa compreensão dos buracos negros e nos fornecer informações sobre sua verdadeira natureza", disse o Dr. Steffen Gielen, da Escola de Ciências Matemáticas e Físicas da Universidade de Sheffield, que co-escreveu o artigo com Lucía Menéndez-Pidal, da Universidade Complutense de Madri, em um comunicado.
"Na mecânica quântica, o tempo, como o entendemos, não pode acabar, pois os sistemas estão constantemente mudando e evoluindo", diz ela.
As descobertas dos cientistas demonstram como, usando as leis da mecânica quântica, a singularidade do buraco negro é substituída por uma região de grandes flutuações quânticas (pequenas mudanças temporais na energia do espaço) onde o espaço e o tempo não terminam.
BURACO BRANCO
Em vez disso, o espaço e o tempo passam para uma nova fase chamada de buraco branco, uma região teórica do espaço que se acredita funcionar de maneira oposta à de um buraco negro. Um buraco branco poderia, portanto, ser o ponto de partida do tempo.
Embora o tempo seja geralmente considerado relativo ao observador, em nossa pesquisa, o tempo é derivado da misteriosa energia escura que permeia todo o universo", continuou o Dr. Gielen.
Propomos que o tempo seja medido pela energia escura, que está presente em todos os lugares do universo e é responsável por sua expansão atual. Essa é a nova ideia fundamental que nos permite entender os fenômenos que ocorrem dentro de um buraco negro.
A energia escura é uma força teórica e misteriosa que, segundo os cientistas, impulsiona a expansão acelerada do universo. O novo estudo usa a energia escura como um ponto de referência virtual, com energia e tempo como conceitos complementares que podem ser comparados entre si.
DO OUTRO LADO
É interessante notar que a teoria de que o que percebemos como uma singularidade é, na verdade, um começo, sugere a existência de algo ainda mais enigmático do outro lado de um buraco branco.
"Hipoteticamente, um observador - uma entidade hipotética - poderia passar pelo buraco negro, pelo que consideramos uma singularidade, e emergir do outro lado do buraco branco. É uma noção muito abstrata de um observador, mas em teoria isso poderia acontecer", acrescentou o Dr. Gielen.
Além dessas reflexões teóricas, a sugestão de uma conexão profunda entre a natureza do tempo em seu nível mais fundamental e a misteriosa energia escura que governa o cosmos será explorada com mais profundidade nos próximos meses e anos.
A nova pesquisa também sugere novas abordagens para conciliar a gravidade e a mecânica quântica, o que poderia abrir caminho para novas teorias fundamentais e avanços em nossa compreensão do universo.
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