MADRID 15 abr. (EUROPA PRESS) -
Um novo estudo do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas (UTIG) apresenta evidências de que o campo magnético do planeta cobria apenas sua metade sul.
Assim como a Terra, Marte já teve um forte campo magnético que protegia sua densa atmosfera do vento solar. Mas agora apenas o rastro magnético permanece. O que há muito tempo intriga os cientistas, no entanto, é por que essa marca aparece mais fortemente na metade sul do planeta vermelho.
O campo magnético assimétrico resultante corresponderia à pegada que observamos hoje, disse o principal autor do estudo, Chi Yan, pesquisador associado do UTIG na Escola de Geociências da UT Jackson. Isso também tornaria o campo magnético de Marte diferente do da Terra, que cobre todo o globo.
Yan explicou que o campo magnético unilateral poderia surgir se o núcleo interno de Marte fosse líquido. "A lógica aqui é que, sem um núcleo interno sólido, é muito mais fácil produzir campos magnéticos hemisféricos (unilaterais)", explicou Yan em um comunicado. Isso pode ter implicações para o antigo dínamo de Marte e, possivelmente, para sua capacidade de manter uma atmosfera.
SIMULAÇÃO DE COMPUTADOR
No estudo, publicado na revista Geophysical Research Letters, os pesquisadores usaram uma simulação de computador para modelar esse cenário.
Até agora, a maioria dos estudos sobre o início de Marte baseava-se em modelos de campo magnético que davam ao planeta vermelho um núcleo interno sólido, semelhante ao da Terra, cercado por ferro fundido.
Os pesquisadores foram inspirados a tentar simular um núcleo totalmente líquido depois que o módulo de pouso InSight da NASA descobriu que o núcleo de Marte era composto de elementos mais leves do que o esperado. Isso significa que a temperatura de fusão do núcleo é diferente da temperatura da Terra e, portanto, é bem possível que ele seja fundido, disse a coautora do estudo Sabine Stanley, Bloomberg Distinguished Professor da Universidade Johns Hopkins.
Se o núcleo de Marte estiver fundido agora, é quase certo que estaria fundido há 4 bilhões de anos, quando se sabe que o campo magnético de Marte estava ativo, acrescentou Stanley.
Para testar a ideia, os pesquisadores criaram simulações do início de Marte com um núcleo líquido e as executaram uma dúzia de vezes em supercomputadores. Em cada execução, os pesquisadores conseguiram tornar a metade norte do manto do planeta ligeiramente mais quente do que a metade sul.
Por fim, a diferença de temperatura entre o manto norte, mais quente, e o manto sul, mais frio, fez com que o calor que escapava do núcleo fosse liberado somente na extremidade sul do planeta. Canalizado dessa forma, o calor que escapava era intenso o suficiente para acionar um dínamo e gerar um forte campo magnético concentrado no hemisfério sul.
Um dínamo planetário é um mecanismo autônomo que gera um campo magnético, geralmente por meio de movimento no núcleo de metal fundido.
"Não tínhamos ideia se isso explicaria o campo magnético, por isso é empolgante ver que podemos criar um campo magnético hemisférico (único) com uma estrutura interna que corresponde ao que a InSight nos disse ser o interior de Marte hoje", disse Stanley.
ALTERNATIVA CONVINCENTE
De acordo com Doug Hemingway, pesquisador planetário da UTIG, a descoberta oferece uma teoria alternativa convincente à suposição comum de que os impactos de asteroides anulam as evidências de um campo magnético planetário nas rochas do hemisfério norte.
"É claro que é interessante observar Marte porque ele se assemelha à Terra em alguns aspectos e é o planeta mais próximo do qual podemos imaginar uma colônia", disse Hemingway, que não participou do estudo.
"Mas ele também apresenta uma dicotomia hemisférica drástica, em que a topografia, o terreno e o campo magnético dos hemisférios norte e sul são radicalmente diferentes. Qualquer dado que forneça uma pista sobre o que pode explicar parte dessa assimetria é valioso."
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático