Publicado 22/12/2025 14:21

Estudo filma como células saudáveis em modelos animais matam células defeituosas

Imagem do tecido epitelial de um embrião (azul claro) e células ingeridas que foram fragmentadas (amarelo).
IBMB-CSIC

Esse mecanismo natural aumenta a eliminação de células defeituosas.

MADRID, 22 dez. (EUROPA PRESS) -

Um estudo do Instituto de Biologia Molecular de Barcelona (IBMB-CSIC) e da Universidade La Trobe (Austrália) filmou como as células analisadas em tecidos vivos de diferentes modelos animais cercam a célula defeituosa, quebram-na em partes menores e a ingerem para eliminá-la.

O CSIC explica que, quando uma célula morre, o corpo se livra dela para evitar seu acúmulo nos tecidos, o que pode levar a processos inflamatórios no intestino ou no pulmão, entre outros. O estudo desse processo em culturas de células indicou que a célula defeituosa se dividiu em fragmentos menores e acabou se destruindo.

No entanto, esse novo trabalho mostra em filme como as células saudáveis "mastigam" as células mortas para quebrá-las em pedaços menores, tornando-as mais fáceis de serem ingeridas e eliminadas. Esse é o principal resultado de um estudo liderado por Estaban Hoijman, pesquisador do IBMB-CSIC e do Bellvitge Biomedical Research Institute (IDIBELL), e Ivan K. H. Poon, pesquisador da La Trobe University, na Austrália.

O trabalho, desenvolvido em tecidos vivos de zebrafish e camundongos e publicado na revista Science Advances, revela detalhes até então desconhecidos sobre o mecanismo natural que nosso corpo utiliza para eliminar células defeituosas ou que já cumpriram sua função.

Os especialistas do CSIC explicam que milhões de células morrem todos os dias no corpo, seja como resultado da substituição celular natural ou porque são defeituosas. Essa morte ocorre de forma controlada por meio de um processo conhecido como apoptose, que permite que as células mortas sejam reconhecidas por outras células responsáveis por eliminá-las. Esse processo ocorre por meio da fagocitose, um mecanismo biológico pelo qual as células envolvem, engolfam e digerem os detritos celulares.

Se as células mortas não forem removidas adequadamente, elas se acumulam nos tecidos, levando a várias patologias inflamatórias. Embora esse processo tenha sido estudado em cultura de células, pouco se sabe sobre como as células fagocitam outras células nos tecidos.

TAMANHO DA CÉLULA, UM FATOR IMPORTANTE NA FAGOCITOSE

Durante a fagocitose, a célula a ser destruída é cercada e engolfada pelas células vizinhas. Um dos problemas que essas células têm para engolir outras células é o tamanho delas, pois ambas têm dimensões semelhantes. Portanto, para eliminar adequadamente as células mortas, elas devem ser divididas em fragmentos menores.

"Até agora, pensava-se que a própria célula defeituosa se quebrava em fragmentos durante a apoptose, em um processo de autodestruição", explica o pesquisador do CSIC Esteban Hoijman. "No entanto, vimos que esse não é necessariamente o caso, mas que são as células vizinhas que os quebram antes de ingeri-los.

"Nesse trabalho, descobrimos que as células fagocíticas mastigam as células que vão ingerir, ou seja, elas as quebram em partes menores para facilitar a ingestão. Esse processo é semelhante ao que acontece em nossa boca quando mastigamos os alimentos, mas em um nível microscópico", diz Hoijman.

Para fazer isso, explica Hoijman, as células fagocíticas usam extensões que emergem de sua superfície e são capazes de exercer forças sobre o alimento, nesse caso, as células mortas. Essas extensões são usadas tanto para fagocitar quanto para quebrar, como se fosse uma boca.

evitar processos inflamatórios

O trabalho proporciona uma melhor compreensão dos processos de apoptose e fagocitose, mecanismos que são essenciais para o funcionamento normal do organismo adulto, bem como para o desenvolvimento embrionário. Sabe-se, diz Hoijman, que muitas doenças relacionadas a processos inflamatórios no intestino, pulmão e articulações, como colite, alergias respiratórias e artrite, envolvem uma eliminação deficiente de células que se acumulam nos tecidos. Além disso, a desregulação dos processos apoptóticos pode levar a outras doenças, como o câncer e a neurodegeneração, explicam os pesquisadores em seu artigo.

"Essa descoberta nos ajuda a entender melhor como o corpo elimina as células que não são mais úteis, abre a porta para novas pesquisas para melhorar a fagocitose e, no futuro, pode ajudar a projetar medicamentos para melhorar essa capacidade", conclui Hoijman.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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