Publicado 06/05/2025 06:23

Estudo com gorilas revela os prós e contras complexos da amizade

Uma família de gorilas-das-montanhas descansando juntos no Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda. O descanso em contato físico é um indicador de relações sociais próximas e tolerância entre os gorilas.
DIAN FOSSEY GORILLA FUND.

MADRID 6 maio (EUROPA PRESS) -

A amizade tem vantagens e desvantagens complexas, possivelmente explicando por que alguns indivíduos são menos sociáveis, de acordo com um novo estudo sobre gorilas realizado pela Universidade de Exeter.

O artigo que analisa esse fato, publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", tem o seguinte título: "Group traits moderate the relationship between individual social traits and fitness in gorillas" (Traços de grupo moderam a relação entre traços sociais individuais e aptidão física em gorilas).

Os cientistas examinaram mais de 20 anos de dados sobre 164 gorilas-das-montanhas selvagens para ver como a vida social deles afetava sua saúde. Os custos e benefícios mudaram de acordo com o tamanho dos grupos de gorilas e foram diferentes para machos e fêmeas. O estudo baseia-se em observações de longo prazo de gorilas da montanha no Volcanoes National Park, em Ruanda, que normalmente vivem em grupos de cerca de 12 pessoas com um único macho dominante.

Por exemplo, as fêmeas amigáveis em grupos pequenos não ficavam doentes com frequência, mas tinham menos filhos, enquanto as de grupos grandes ficavam mais doentes, mas tinham taxas de natalidade mais altas. Enquanto isso, os machos com fortes vínculos sociais tendiam a ficar mais doentes, mas tinham menor probabilidade de se machucar em brigas.

O estudo, conduzido pela Dian Fossey Gorilla Foundation e pelas universidades de Exeter e Zurique, na Suíça, pode ajudar a explicar por que uma variedade tão grande de características evoluiu em animais sociais, incluindo os humanos. "Ter muitas relações sociais fortes é geralmente uma coisa muito boa, mas às vezes não é", argumenta o Dr. Robin Morrison, principal autor do artigo e pesquisador sênior da Universidade de Zurique, em um comunicado.

"Por exemplo, nosso estudo descobriu que vínculos sociais fortes e estáveis geralmente estão associados a menos doenças em gorilas fêmeas, mas mais doenças em machos. Não sabemos ao certo por que isso acontece, mas parece que não é uma simples questão de contato social que leva a um risco maior de doença. É possível que os machos gastem mais energia em laços sociais estreitos, pois precisam defender as fêmeas e os filhotes, e o estresse gerado por isso pode reduzir sua função imunológica", insiste Morrison.

A FORÇA DOS LAÇOS SOCIAIS

O estudo concentrou-se na força dos principais vínculos sociais de cada gorila e sua integração ao grupo, juntamente com um contexto mais amplo, como o tamanho do grupo, a estabilidade e o conflito com outros grupos. As descobertas destacam as forças que afetam a evolução do comportamento social.

Com essas forças puxando em direções diferentes, o tipo social "ideal" dependerá do sexo, da idade, da prole e do grupo social mais amplo do indivíduo", observa o Dr. Sam Ellis, da Universidade de Exeter. "Nos seres humanos e em outros mamíferos sociais, o ambiente social é um dos mais fortes preditores de saúde e expectativa de vida. Mas nosso estudo mostra que não é simplesmente que ter mais e mais laços sociais é sempre melhor. Em algumas situações, as características sociais que antes considerávamos desadaptativas podem trazer benefícios importantes", acrescenta ele.

"Esse artigo destaca o incrível valor dos estudos de longo prazo para aprofundar nossa compreensão da evolução da sociabilidade e como os benefícios ou custos da sociabilidade podem variar consideravelmente em diferentes ambientes", conclui a Dra. Tara Stoinski, diretora executiva e diretora científica da Dian Fossey Foundation e uma das coautoras do estudo.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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