MADRID 8 maio (EUROPA PRESS) -
Há 3.300 anos, o estanho extraído na Grã-Bretanha era um recurso fundamental para as principais civilizações da Idade do Bronze do Mediterrâneo Oriental, a milhares de quilômetros de distância.
As descobertas, baseadas na análise de minérios e artefatos de estanho, incluindo os de antigos navios naufragados no sudoeste da Grã-Bretanha, no sul da França e em Israel, mostram que o estanho britânico era comercializado a até 4.000 quilômetros de distância.
Os pesquisadores principais, Dr. Alan Williams e Dr. Benjamin Roberts, da Universidade de Durham, usaram técnicas científicas avançadas para rastrear a origem geológica de lingotes de estanho encontrados em três naufrágios que datam de cerca de 1300 a.C. na costa de Israel.
Publicados na revista Antiquity, os resultados fornecem a primeira evidência concreta de que Cornwall e Devon, no sudoeste da Inglaterra, eram importantes fornecedores de estanho para a produção de bronze no mundo antigo.
RESOLVENDO UM MISTÉRIO ANTIGO
Por mais de dois séculos, os arqueólogos debateram sobre onde as sociedades da Idade do Bronze obtinham o estanho, um metal globalmente raro, mas crucial para a fabricação do bronze (normalmente composto de 90% de cobre e 10% de estanho).
A equipe de pesquisa de Durham, em colaboração com instituições europeias, usou análises químicas e isotópicas para mostrar que o estanho britânico era amplamente comercializado em toda a Europa e no Mediterrâneo.
O estudo também fornece a primeira evidência direta do comércio de estanho descrito em textos clássicos por Pytheas, que viajou para a Grã-Bretanha por volta de 320 a.C. e, posteriormente, escreveu o primeiro relato histórico da ilha e de seus habitantes.
Ele descreveu como o estanho era comercializado a partir de uma ilha de maré no sudoeste da Grã-Bretanha, que ele chama de Ictis, antes de ser transportado pelo mar e pelos rios franceses até a foz do Ródano em apenas 30 dias.
Os pesquisadores mostram que o estanho do naufrágio de Rochelongue, na costa sul da França, que data de cerca de 600 a.C., veio do sudoeste da Grã-Bretanha.
O estudo sugere que as pequenas comunidades agrícolas da Cornualha e de Devon não estavam isoladas, mas faziam parte de um vasto sistema de comércio internacional que sustentava os antigos palácios, cidades e estados do leste do Mediterrâneo.
Seu estanho foi transportado pela Europa, provavelmente em etapas, por meio de comerciantes da França, Sardenha e Chipre, alimentando o desenvolvimento de sociedades avançadas no Mediterrâneo. Estima-se que dezenas de toneladas de estanho eram comercializadas a cada ano, o equivalente a centenas de toneladas de cobre em circulação durante a Idade do Bronze.
A descoberta redefine nossa compreensão da importância da Grã-Bretanha na história antiga. Ela identifica a primeira mercadoria exportada por todo o continente europeu na história britânica e demonstra o papel tecnológico e cultural crucial da Grã-Bretanha na formação da Idade do Bronze europeia.
A equipe também fará escavações este mês em St Michael's Mount, na Cornualha, há muito considerada a ilha de Ictis, que comercializava estanho, mencionada por Pytheas em 320 a.C.
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