PALMA 24 nov. (EUROPA PRESS) -
Uma equipe internacional de pesquisadores do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados (IMEDEA, UIB-CSIC) descobriu que algumas microalgas marinhas, conhecidas como diatomáceas, não apenas usam a luz solar para a fotossíntese, mas também emitem sua própria luz de forma direcional, alterando assim a distribuição natural da luz no fundo do mar.
O trabalho, publicado recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), revela um fenômeno até então desconhecido que pode mudar a forma como entendemos a dinâmica óptica do oceano e a interpretação dos dados de satélite sobre a produtividade marinha.
O estudo foi conduzido por Joan Salvador Font-Muñoz, pesquisador do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados (IMEDEA, UIB-CSIC), em colaboração com cientistas do Instituto Francês de Pesquisa para Exploração do Mar (IFREMER) e da Universidade das Ilhas Baleares (UIB).
A equipe concentrou sua pesquisa na espécie Pseudo-nitzschia fraudulenta, uma diatomácea alongada que é muito comum em águas costeiras. Por meio de experimentos com células individuais, os pesquisadores descobriram que essas microalgas emitem fluorescência vermelha - uma luz gerada pela clorofila - de forma anisotrópica, ou seja, com uma intensidade que varia dependendo da direção.
Em alguns casos, a emissão em determinadas orientações era até 35% mais intensa. Essa propriedade se deve tanto ao formato alongado das células quanto ao arranjo interno de seus cloroplastos e ao efeito óptico da parede de sílica que os recobre.
Quando as células são agrupadas e orientadas de maneira semelhante, o que geralmente ocorre em água estratificada ou levemente agitada, o efeito é amplificado.
De acordo com os modelos desenvolvidos pela equipe, a luz emitida por uma população de diatomáceas pode variar de 15 a 20%, dependendo de sua orientação na coluna de água, sem alterar a quantidade de biomassa presente.
UMA DESCOBERTA COM IMPLICAÇÕES GLOBAIS
Esses resultados sugerem que a fluorescência das diatomáceas não é apenas um subproduto da fotossíntese, mas um mecanismo com possíveis funções ecológicas, como a comunicação entre organismos ou a regulação da luz em seu ambiente imediato.
Além disso, esse fenômeno pode ter implicações para a observação por satélite, pois os modelos atuais de sensoriamento remoto pressupõem que a fluorescência marinha é emitida uniformemente, algo que este estudo questiona.
"Compreender como os organismos marinhos modificam a luz que os cerca nos ajudará a melhorar a interpretação dos dados de satélite e dos modelos de produtividade oceânica", diz Joan Font.
UMA NOVA FORMA DE COMUNICAÇÃO NO FUNDO DO MAR
A descoberta abre as portas para uma nova linha de pesquisa sobre como os microrganismos podem usar a luz como meio de comunicação.
De acordo com os autores, os sinais de luz gerados por essas microalgas podem ter um alcance maior e ser mais rápidos do que os sinais químicos, tradicionalmente considerados o principal canal de interação no plâncton.
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático