MADRID 31 out. (EUROPA PRESS) -
Uma equipe de pesquisadores liderada pela empresa endogene.bio desenvolveu um método "revolucionário" para detectar a endometriose no sangue menstrual, o que poderia transformar a maneira de investigar, diagnosticar e tratar essa patologia, que afeta 10% das mulheres com dores, fadiga e infertilidade, embora seu diagnóstico muitas vezes seja atrasado em até dez anos.
O estudo, publicado no arquivo on-line BioRxiv, envolveu o teste de um processo de diagnóstico que envolve o isolamento de células-tronco derivadas do sangue menstrual para análise, em vez de testar células cultivadas, o que preserva a integridade molecular e fornece uma visão "mais profunda e direta" do comportamento da endometriose.
O trabalho foi realizado por pesquisadores do Hospital Universitario Insular de Gran Canaria e do Hospital Clínic de Barcelona, e analisou os perfis de metilação do DNA do sangue menstrual recém-isolado de 19 pacientes com endometriose e 23 controles durante a menstruação.
"Ao acessar os sinais moleculares das principais células do sangue menstrual, estamos descobrindo informações sobre a atividade da endometriose que antes só podiam ser obtidas por meio de cirurgia", explica a cofundadora e CEO da endogene.bio, Dra. María Teresa Pérez Zaballos.
Ela explicou ainda que a abordagem demonstra que o perfil de metilação do DNA é uma forma "confiável e não invasiva" de diagnosticar a endometriose, e que os dados apóiam o uso do sangue menstrual como uma amostra de diagnóstico estável.
TAXA DE PRECISÃO DE 81%
O Dr. Pérez detalhou que foi alcançada uma taxa de precisão de 81% e que os participantes com endometriose puderam ser "claramente" distinguidos daqueles sem endometriose.
Ela também destacou que essa técnica permite que os cientistas usem amostras de sangue menstrual que podem ser facilmente obtidas para diagnosticar e classificar com precisão a endometriose, e que é um processo "significativamente menos invasivo" do que o atual, que envolve uma intervenção cirúrgica chamada laparoscopia.
Esse tipo de diagnóstico também permite que os cientistas descubram informações cruciais sobre a biologia da doença que as técnicas de imagem e as biópsias não podem fornecer atualmente.
A equipe de pesquisa acredita que essa nova técnica permitirá que os médicos detectem a endometriose muito mais cedo e sem cirurgia, reduzindo o tempo necessário para diagnosticar a endometriose para algumas semanas.
O objetivo também é estabelecer as bases para o desenvolvimento de terapias direcionadas específicas para tratar diferentes tipos de endometriose, pois esse método poderia facilitar a estratificação das pacientes com base no comportamento da doença e oferecer tratamento personalizado antes que a doença progrida.
"Muitos membros da nossa equipe são pacientes de endometriose, inclusive eu. Nosso conhecimento em primeira mão sobre atrasos no diagnóstico, pontos cegos clínicos e o impacto emocional da endometriose influencia todas as decisões que tomamos, desde o projeto de coleta de amostras até as prioridades clínicas", disse Perez.
Por sua vez, o chefe da Unidade de Endometriose e Transplante Uterino do Hospital Clínic de Barcelona e coautor do estudo, Dr. Francisco Carmona, disse que esse é um "avanço importante" na compreensão da biologia da endometriose.
"O estudo tem implicações de longo alcance: os métodos testados podem impulsionar o desenvolvimento de estratificação e diagnóstico não invasivos de pacientes, melhores tratamentos e caminhos de cuidados personalizados, transformando a experiência vivida pelas pacientes com endometriose e a maneira como abordamos seus cuidados", acrescentou.
Os pesquisadores pretendem validar essa abordagem usando um grupo mais amplo de pacientes, o que poderia ajudar a identificar padrões da doença e, portanto, classificar pacientes para ensaios clínicos, orientar o desenvolvimento de novos tratamentos e apoiar abordagens mais personalizadas para o gerenciamento da doença.
Esse avanço já foi reconhecido pelo setor farmacêutico, e a endogene.bio firmou um acordo de colaboração com a Exeltis, uma empresa especializada no desenvolvimento de terapias transformadoras para a saúde da mulher.
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