ALEXANDR MUŞUC/ ISTOCK - Arquivo
MADRID 2 dez. (EUROPA PRESS) -
A diretora de Projetos da Fundação Gaspar Casal, Alicia del Llano, afirmou nesta terça-feira que a obesidade deve ser reconhecida "legalmente" como uma doença crônica, uma medida que faz parte de um roteiro proposto por um relatório elaborado entre a fundação e a Lilly para combater essa patologia.
O documento também enfatiza a necessidade de transformar ambientes obesogênicos em ambientes saudáveis; avançar para a abordagem "Uma Saúde" em todas as políticas, avaliando o impacto sobre a saúde além do campo de atendimento; fortalecer a atenção primária e criar unidades multidisciplinares para uma abordagem abrangente da obesidade; regular os determinantes sociais da saúde; e combater o estigma e a discriminação.
"Todas essas medidas compartilham um objetivo comum, alcançar a equidade, e a equidade só é possível se entendermos a saúde como uma responsabilidade compartilhada", disse Del Llano durante a apresentação do relatório no Ministério da Saúde.
Ele continuou dizendo que a obesidade não é uma questão de vontade individual e que é "impossível" entendê-la se fatores como moradia, emprego, educação, renda, consumo, alimentação, gênero e saúde mental não forem levados em consideração.
"A pessoa não escolhe onde nasce, nem o bairro onde mora, nem o nível educacional ou econômico da família onde cresce, nem os ambientes, às vezes saudáveis e às vezes profundamente obesogênicos, em que vive sua vida. E, no entanto, esses fatores são determinantes mais importantes da saúde do que qualquer outra decisão individual", disse ele.
Pedro Gullón, diretor geral de Saúde Pública do Ministério da Saúde, expressou uma opinião semelhante, dizendo que situações como morar em um bairro com menos disponibilidade de alimentos saudáveis ou em bairros sem áreas esportivas, ou ter empregos com menos tempo para seguir hábitos saudáveis, têm um impacto sobre a obesidade e sobre a desigualdade de atendimento.
ELIMINANDO O ESTIGMA SOCIAL E GARANTINDO A EQUIDADE
Gullón também enfatizou a importância de as administrações públicas abandonarem as abordagens individuais à obesidade e, ao mesmo tempo, trabalharem para eliminar os estigmas associados e garantir a equidade na saúde, um exemplo disso é a recente aprovação do Decreto Real sobre cantinas escolares.
Por sua vez, o presidente da Sociedade Espanhola de Obesidade (SEEDO), Diego Bellido, destacou que esse relatório enfatiza que a obesidade "é uma desigualdade" e que nem todos têm as mesmas oportunidades de levar uma vida saudável, uma lacuna que, enquanto existir, "não poderá ser combatida" na Espanha.
"O documento apresentado traz à mesa evidências rigorosas e um olhar abrangente que nos lembra que o excesso de peso afeta quase 20 milhões de pessoas em nosso país e que as taxas são mais altas nos ambientes mais vulneráveis", enfatizou.
É por isso que ele pediu uma estratégia nacional que coloque a obesidade no centro e que tome medidas na saúde, educação, consumo, economia, trabalho, planejamento urbano e agricultura.
Ele também pediu que a prevenção da obesidade seja reforçada desde a infância até a idade adulta com mais educação, mais treinamento profissional e mais apoio da comunidade, tudo isso acompanhado de uma "aliança" entre as instituições, os setores envolvidos e os próprios cidadãos.
A Diretora de Relações Institucionais da Lilly, Teresa Millán, afirmou que esse documento nos permite aumentar nosso conhecimento sobre essa patologia, o que é necessário para projetar tratamentos eficazes, mas também para preveni-la.
"Para fazer medicamentos, é preciso conhecer as doenças. E essa (...) é uma doença crônica, complexa, com uma origem multifatorial que vai além dos meros condicionantes biológicos. É uma doença que também tem outros tipos de condicionantes, como os condicionantes sociais. Se quisermos entender bem uma doença, teremos que abrir um pouco a visão e identificar os problemas ou causas que podem dar origem a ela", acrescentou.
UMA "ERA DE OURO" NA PESQUISA SOBRE OBESIDADE
Javier Salvador, professor emérito de endocrinologia da Universidade de Navarra, disse que estamos vivendo uma "era de ouro" na pesquisa sobre obesidade, o que possibilitou "muito mais clareza" sobre a doença.
"Estamos vivendo em uma época absolutamente dourada em termos de pesquisa sobre obesidade. Vivi tempos em que sempre falo da 'longa noite', em que não havia nada além de escuridão, não havia luz, e agora, graças a uma série de pesquisas (...) conseguimos dar muito mais clareza à fisiopatologia da obesidade", declarou Salvador.
Durante seu discurso, o especialista afirmou que a "base fundamental" para prevenir, diagnosticar e tratar a obesidade é a Atenção Primária, pois seus profissionais são os que "mais estão em contato" com as pessoas que vivem com a obesidade.
No entanto, ele ressaltou a importância de se obter um atendimento multidisciplinar, com a colaboração de especialistas como endocrinologistas, cardiologistas e internistas, já que a obesidade "atua em praticamente todas as doenças".
O PAPEL DOS FARMACÊUTICOS NO COMBATE À OBESIDADE
Tamara Peiró, chefe da Área de Saúde da Diretoria de Serviços Farmacêuticos do Conselho Geral de Associações Farmacêuticas, falou sobre o papel dos farmacêuticos comunitários no combate à obesidade, argumentando que esses profissionais têm um "papel fundamental" na prevenção, especialmente em áreas rurais e municípios com menos de 500 habitantes.
Nessa área, os farmacêuticos comunitários podem educar as pessoas sobre hábitos saudáveis e nutrição, além de incentivar a atividade física para evitar um estilo de vida sedentário, embora também possam combater os boatos sobre obesidade ou suplementos e dietas "milagrosos".
As farmácias comunitárias também podem participar da identificação precoce de fatores de risco, como a medição de peso ou altura, e abordar diretamente os pacientes que vivem com obesidade, ajudando-os a aprender sobre os medicamentos existentes e como usá-los.
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático