MADRID 12 fev. (EUROPA PRESS) -
Um grupo de pesquisa liderado pela Universidade Complutense de Madri (UCM) projetou e testou a eficácia em animais de um colírio que permite que a pressão intraocular seja controlada por duas semanas com uma única aplicação diária, tornando-o útil no tratamento simultâneo do glaucoma e da doença do olho seco.
Como a UCM explicou em um comunicado à imprensa na quarta-feira, o colírio contém uma plataforma nanotecnológica inovadora descrita no Journal of Controlled Release, que se baseia em lipossomos, vesículas com uma estrutura que se assemelha à das membranas celulares, carregadas com um medicamento hipotensor para reduzir a pressão intraocular. Isso é combinado com ácido hialurônico, que ajuda a manter a formulação por mais tempo na superfície ocular, e agentes osmoprotetores, que protegem a superfície ocular.
Os pesquisadores envolvidos nesse trabalho, Marco Brugnera, Rocío Herrero Vanrell e Irene Bravo Osuna, que fazem parte do Departamento de Farmácia Galênica e Tecnologia de Alimentos da UCM e são membros do grupo de pesquisa 'Innoftal', explicaram as diferenças entre os novos colírios e o tratamento padrão atual para o glaucoma, que exige aplicações diárias frequentes, dificultando a adesão terapêutica.
Eles também acrescentaram que a opção atual pode causar efeitos adversos, como a desestabilização do filme lacrimal, um fator que pode desencadear o aparecimento da doença do olho seco.
Os cientistas testaram os colírios desenvolvidos em estudos ex vivo em olhos de porco, que mostraram maior penetração ocular do medicamento em comparação com uma preparação comercial usada como referência. Estudos in vivo em coelhos também mostraram melhorias na estabilidade da lágrima e nos marcadores de saúde ocular, enquanto não foram observados sinais de danos à superfície ocular após a administração em longo prazo.
"Esses resultados destacam o potencial clínico dessa plataforma de nanotecnologia, que oferece um tratamento mais eficaz e bem tolerado. Em estudos futuros, os pesquisadores também explorarão sua aplicação em outras doenças oculares, incluindo terapias genéticas", concluiu Brugnera.
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