DELEGACIÓN DEL CSIC EN CATALUÑA
MADRID, 30 dez. (EUROPA PRESS) -
Pesquisadores descobriram que as borboletas migram em direções opostas em cada hemisfério, já que as populações do hemisfério norte voam para o sul durante o outono setentrional, enquanto as do hemisfério sul se movem na direção oposta durante o outono meridional, sem cruzar a Linha Equatorial, um padrão sem precedentes em insetos.
O estudo, publicado na revista Nature Communications, foi conduzido pelo Instituto Botânico de Barcelona (IBB, CSIC-CMCNB), com a participação do Instituto de Biologia Evolutiva (IBE, CSIC-UPF) e colaboradores da África, Europa e Estados Unidos.
Essa descoberta é o primeiro caso documentado de divisão migratória em insetos, um fenômeno mais conhecido entre os pássaros, no qual populações da mesma espécie desenvolvem estratégias migratórias diferentes, o que pode levar ao seu isolamento e, por fim, à formação de novas espécies.
Em estudos anteriores, o mesmo grupo havia demonstrado que a borboleta 'Vanessa cardui' realiza as mais longas migrações conhecidas de borboletas, em um circuito de até 15.000 quilômetros entre a África equatorial e a Europa. Agora, a equipe identificou um novo circuito migratório no hemisfério sul da África, completamente independente do circuito do norte.
Para chegar a essas conclusões, a equipe vasculhou o continente africano em busca dessa borboleta cardadeira e analisou o DNA de mais de 300 espécimes de 38 países da África e da Europa. As análises genômicas revelaram uma inversão cromossômica de 9 milhões de bases no cromossomo 8, que contém genes relacionados ao comportamento migratório.
Essa inversão cromossômica "contém um receptor para o neurotransmissor GABA-B, envolvido na orientação durante o voo, de modo que os resultados apontam para um ponto-chave na base genética da navegação", explicou Aurora García-Berro, pesquisadora do Instituto Botânico de Barcelona (IBB, CSIC- CMCNB) e primeira autora do estudo.
Portanto, a equipe propôs que essa inversão cromossômica poderia modificar a forma como as borboletas interpretam os sinais ambientais, uma vez que as borboletas migratórias - e também outros insetos - se orientam graças ao campo magnético e à posição do sol.
Nesse sentido, a hipótese da equipe é que "os padrões de movimento são restritos dentro de cada hemisfério devido a mecanismos de orientação especificamente adaptados", conforme apontado por Daria Shipilina, pesquisadora da Universidade de Uppsala (Suécia) e coautora do estudo.
Por sua vez, o cientista do CSIC no IBB e líder do estudo, Gerard Talavera, acrescentou que essa fronteira invisível entre os hemisférios poderia atuar como uma barreira evolutiva que limita a troca genética entre populações migratórias e favorece sua diversificação.
"Ao contrário das aves, a divisão encontrada é latitudinal, portanto a Linha Equatorial poderia atuar como uma barreira para a migração de outras borboletas e até mesmo de outros grupos de animais migratórios", disse Talavera. Se ele estiver certo, essa teoria poderia explicar por que existem espécies irmãs que vivem em hemisférios diferentes, de modo que essa divisão migratória poderia ser "um fator evolutivo até então não percebido", disse ele.
O estudo também destaca a importância da análise de padrões e processos biológicos em escala global, especialmente no hemisfério sul, que é menos representado nos estudos de biodiversidade. Dessa forma, ele destacou a importância de compreender como esses insetos interpretam os sinais ambientais e orientam suas migrações, pois ajuda a entender melhor o papel ecológico dos insetos migratórios, tanto em sua função de polinizadores quanto de vetores de parasitas.
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