MADRID 2 jul. (EUROPA PRESS) -
Arqueólogos das universidades de Bagdá e Ludwig Maximilian University of Munich (LMU) redescobriram um texto cuneiforme perdido há mil anos, cuja tradução revela que se trata de um hino em louvor à Babilônia.
"É um hino fascinante que descreve a Babilônia em toda a sua majestade e oferece uma visão da vida de seus habitantes, homens e mulheres", diz o pesquisador da LMU e principal autor Enrique Jiménez. A descoberta foi publicada na revista Iraq.
A Babilônia foi fundada na Mesopotâmia por volta de 2000 a.C. Já foi a maior cidade do mundo e uma metrópole cultural onde foram escritas obras que hoje fazem parte do nosso patrimônio literário global.
Os textos babilônicos foram compostos em escrita cuneiforme em tábuas de argila, das quais apenas fragmentos sobreviveram. Um dos objetivos da colaboração com a Universidade de Bagdá é decifrar centenas de tábuas cuneiformes da famosa Biblioteca de Sippar e preservá-las para a posteridade. Diz a lenda que Noé as escondeu aqui do dilúvio antes de embarcar na arca.
Na Babylonian Electronic Library Platform, Enrique Jiménez está digitalizando todos os fragmentos de texto cuneiforme descobertos no mundo até o momento e usando inteligência artificial para decifrar os fragmentos correspondentes.
"Graças à nossa plataforma baseada em IA, conseguimos identificar mais 30 manuscritos pertencentes ao hino redescoberto, um processo que antes levaria décadas", diz Jiménez, professor de Literaturas do Antigo Oriente Próximo no Instituto de Assiriologia da LMU. Graças a esses textos adicionais, os pesquisadores puderam decifrar completamente o hino de louvor na tábua de argila, cujas partes estavam faltando.
O hino oferece novos insights sobre a sociedade urbana da Babilônia. Essas inúmeras cópias adicionais sugerem que o texto era muito difundido na época.
ELE ERA COPIADO POR CRIANÇAS NAS ESCOLAS
"O hino foi copiado por crianças em idade escolar. É incomum que um texto tão popular na época fosse desconhecido para nós até agora", diz Jiménez.
O panegírico provavelmente data do início do primeiro milênio a.C. e consiste em 250 versos. "Ele foi escrito por um babilônio que queria elogiar sua cidade. O autor descreve os prédios da cidade, mas também como as águas do Eufrates trazem a primavera e deixam os campos verdes. Isso é ainda mais espetacular porque a literatura sobrevivente da Mesopotâmia é parcimoniosa em suas descrições de fenômenos naturais", observa Jiménez.
As informações sobre as mulheres babilônicas, seu papel como sacerdotisas e as tarefas associadas, também surpreenderam os especialistas, pois não havia textos conhecidos que descrevessem esses aspectos. Além disso, os hinos fornecem informações sobre a convivência em uma sociedade urbana. Por exemplo, os habitantes são descritos como respeitosos com os estrangeiros.
As ruínas da antiga cidade da Babilônia estão localizadas a cerca de 85 km ao sul de Bagdá, a capital iraquiana. Elas são um Patrimônio Mundial da UNESCO.
TRECHO DO HINO RECÉM-DESCOBERTO
Os versos a seguir são do hino recém-descoberto. Eles descrevem o rio Eufrates, em cuja margem a Babilônia estava localizada naquela época:
O Eufrates é o seu rio, estabelecido pelo sábio senhor Nudimmud.
Ele sacia a grama, satura o leito de junco,
derrama suas águas em lagoas e mares.
Seus campos transbordam de grama e flores.
Seus prados, em florescência brilhante, brotam cevada.
Da qual, recolhida, os feixes são empilhados.
Manadas e rebanhos descansam em pastos verdejantes.
A riqueza e o esplendor da humanidade,
são concedidos, multiplicados e concedidos de forma majestosa.
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