FUNDACIÓN INSTITUTO ROCHE
MADRID 4 dez. (EUROPA PRESS) -
Alejandro Lucía, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Saúde do Hospital 12 de Octubre, afirmou que a atividade física está surgindo como uma ferramenta "fundamental" no âmbito da Medicina de Precisão Personalizada, com o "potencial" de transformar a prevenção, o tratamento e a abordagem de doenças.
Foi o que ele disse durante a conferência 'Antecipando a Medicina do Futuro', organizada pela Fundação Instituto Roche, na qual também abordou o papel do esporte na redução "significativa" do risco de desenvolver patologias como doenças cardiovasculares e metabólicas, bem como demência e certos tipos de câncer.
A professora Lucía, que também é professora de Fisiologia do Exercício e pesquisadora sênior da Faculdade de Medicina, Saúde e Ciências do Esporte da Universidade Europeia de Madri, destacou que a atividade física está associada a um risco 10% a 20% menor de desenvolver câncer em adultos.
Esses benefícios se estendem a outras patologias, como as de natureza cardiovascular, nas quais "a prática de exercícios pode reduzir o risco de infarto agudo do miocárdio entre 26% e 38%".
Para avaliar a resposta individual à atividade física, o especialista lembrou que foi identificada uma série de variantes genéticas chave e foram descritos múltiplos mecanismos moleculares, epigenéticos e fisiológicos que podem ser modulados pelo exercício regular.
"É possível ajustar as recomendações de atividade física de acordo com o perfil metabólico individual, maximizando seus benefícios terapêuticos e preventivos", acrescentou, após o que detalhou que a variabilidade genética desempenha um papel fundamental na forma como cada indivíduo responde à atividade física.
De fato, ele estimou que entre 20 e 50% da variabilidade na capacidade física e na possibilidade de melhorá-la com a atividade física se deve à carga genética de cada pessoa.
PSIQUIATRIA DE PRECISÃO
O chefe do Departamento de Psiquiatria do Hospital Universitário La Paz e membro da Real Academia Nacional de Medicina da Espanha e da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos, Dr. Celso Arango, também falou na conferência, argumentando que é possível abordar problemas de saúde e transtornos mentais por meio da Psiquiatria de Precisão.
Ele explicou que essa é uma disciplina na qual são considerados fatores genéticos, epigenéticos, neurobiológicos, sociais e ambientais, "melhorando a previsão e a prevenção de riscos, aumentando a precisão do diagnóstico e adaptando os tratamentos ao perfil individual de cada pessoa".
Arango explicou que os fatores biológicos e etiológicos podem ser identificados atualmente em transtornos mentais graves, como esquizofrenia, autismo ou transtorno bipolar, "onde a hereditariedade é ainda maior do que em patologias como câncer de mama ou infarto do miocárdio".
O especialista enfatizou que, ao identificar os fatores de risco genético-ambientais e a resiliência, é possível determinar quem se beneficiará da intervenção precoce ou de medidas preventivas.
A adoção de uma abordagem transdiagnóstica representa "um dos grandes marcos alcançados" a partir da aplicação da Medicina Personalizada de Precisão no campo da saúde mental, pois é uma abordagem que aborda os transtornos mentais a partir dos processos e mecanismos comuns que os sustentam, como a desregulação emocional, a impulsividade ou os déficits cognitivos, entre outros, em vez de analisá-los como entidades clínicas isoladas, o que favorece a identificação de padrões neurobiológicos e comportamentais comuns em diferentes transtornos.
Ao final de sua fala, ressaltou que a farmacogenômica permite a identificação de perfis genéticos associados à maior ou menor eficácia terapêutica, bem como o surgimento de novas terapias complementares ao tratamento farmacológico ou à psicoterapia tradicional.
A MEDICINA PERSONALIZADA CONTRIBUI PARA UMA MUDANÇA DE PARADIGMA
Por outro lado, a pesquisadora sênior do Serviço de Microbiologia do Hospital Universitário Ramón y Cajal e coordenadora da Área 2 (Microbiologia, Imunidade e Infecção) do Instituto de Pesquisas Biomédicas Ramón y Cajal (IRYCIS), em Madri, e membro do CIBERINFEC, Dra. María Teresa Coque González, destacou que a Medicina de Precisão Personalizada está contribuindo para uma mudança de paradigma nas estratégias antimicrobianas.
Essa situação se deve à disponibilidade de novas tecnologias, como o conhecimento gerado pelas ciências ômicas, ciência de dados, aprendizado de máquina, Inteligência Artificial (IA) e outros avanços em nanomedicina, edição de genes, bioimpressão e manipulação de microrganismos.
Isso é particularmente relevante no contexto da crescente ameaça de doenças infecciosas, que são responsáveis por mais de 17 milhões de mortes por ano em todo o mundo, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), um número que continua a aumentar devido a patógenos emergentes e reemergentes e, especialmente, ao aumento da resistência antimicrobiana.
Nesse sentido, ele destacou que é essencial definir estratégias antimicrobianas, "incluindo a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a abordagem da resistência antimicrobiana, com o objetivo de melhorar os resultados clínicos para os pacientes".
Por trás do aumento da resistência antimicrobiana está o uso inadequado de antibióticos, que tem sido um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da resistência antimicrobiana, reduzindo progressivamente a eficácia dos tratamentos disponíveis e tornando-se uma ameaça global à saúde pública.
"A Medicina Personalizada de Precisão também abre novas oportunidades no desenvolvimento de alternativas não antibióticas para agentes infecciosos resistentes, avançando em direção a estratégias mais eficazes e sustentáveis contra situações com implicações globais", disse o Dr. Coque.
Entre suas possibilidades mais notáveis estão a fagoterapia, baseada no uso de vírus bacteriófagos ou fagos para tratar infecções resistentes a antibióticos, o transplante fecal de microbiota, a edição de genes, a imunoterapia e as estratégias combinadas.
Uma das principais estratégias que está sendo desenvolvida é a sinergia fago-antibiótico, que consiste na aplicação de terapias combinadas entre bacteriófagos e antibióticos.
"Os antibióticos podem aumentar a replicação do fago, melhorando a eficácia antimicrobiana geral, reduzindo assim as doses necessárias e a probabilidade de novas resistências", concluiu.
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