Ele diz que a saturação dos serviços públicos de saúde mental é uma das principais barreiras ao acesso aos serviços de saúde mental.
MADRID, 16 set. (EUROPA PRESS) -
A ONG Fiet advertiu na terça-feira que as mulheres vítimas de tráfico para fins de exploração sexual não têm garantia de atendimento psicológico específico no sistema de saúde pública da Espanha, devido, entre outras razões, à saturação dos serviços de saúde mental.
O fato foi destacado pela ONG no âmbito do Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Pessoas, que é comemorado em 23 de setembro. Nesse sentido, denunciou o fato de que a prostituição e o tráfico para exploração sexual deixam "marcas emocionais profundas" nas mulheres, com casos frequentes de ansiedade, distúrbios do sono, depressão e estresse pós-traumático.
"As mulheres que conseguem sair de contextos de exploração chegam com sérios distúrbios emocionais. Entre as sequelas psicológicas mais comuns estão: insônia, ansiedade, problemas de autoestima, dificuldade em confiar nos outros, dissociação e a sensação de não serem dignas de serem tratadas com respeito", diz a equipe de atendimento psicológico da Fiet.
A organização alerta para um aumento de 20% nos casos de problemas graves de saúde mental entre as mulheres que atende. Além disso, de acordo com dados do Hospital Vall d'Hebron, mais de 60% das mulheres na prostituição têm um distúrbio de saúde mental, como o distúrbio de ansiedade generalizada (GAD).
Ela também destaca que um estudo da Faculdade de Psicologia da Universidade Pontifícia de Salamanca (UPSA) indica que 68% das mulheres na prostituição sofrem de transtorno de estresse pós-traumático, superando até mesmo as taxas registradas em veteranos da guerra do Vietnã.
De acordo com Fiet, o trauma complexo, resultado da exposição prolongada a situações violentas e abusivas, manifesta-se em curto prazo na forma de sintomas compatíveis com o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): medo, pesadelos, pensamentos intrusivos, dissociação, irritabilidade e hipervigilância.
A longo prazo, eles dizem que muitas mulheres continuam a apresentar sintomas depressivos ansiosos e distúrbios do sono. "Vimos mulheres que chegaram muito assustadas, desconfiadas, com alto nível de ansiedade ou com um estado de espírito muito baixo e que, com apoio terapêutico, conseguiram recuperar os hábitos diários, a autoconfiança e a paz de espírito", enfatiza a equipe de atendimento psicológico da Fiet.
A ONG ressalta que o processo de recuperação é desigual, dependendo de fatores como o tempo de exposição à prostituição, o nível de violência sofrido e a existência de apoio social ou familiar. Nesse sentido, alerta que muitas mulheres não possuem uma rede afetiva, o que dificulta ainda mais sua recuperação. "Nos casos em que existe, esse apoio pode ser um pilar fundamental, embora às vezes também represente um fardo devido a expectativas irrealistas ou pressões econômicas que as famílias exercem sobre elas (particularmente no caso de mulheres imigrantes que enviam dinheiro de volta para seus países)", explica.
"Os primeiros momentos após sair de uma rede de exploração são críticos: a mulher está confusa, incerta sobre seu futuro e em uma situação de extrema vulnerabilidade. Nesse contexto, o acompanhamento psicossocial (trabalho social, assessoria jurídica e apoio comunitário) é fundamental, juntamente com a terapia psicológica", enfatiza a organização.
REVITIMIZAÇÃO E ESTIGMA
De acordo com a ONG, a revitimização e a estigmatização social agravam o dano emocional. "Ter que contar repetidamente a experiência a diferentes órgãos ou enfrentar a rejeição e o preconceito social atrasa a recuperação e gera sentimentos de vergonha e medo", afirma a organização.
No campo terapêutico, eles destacam que as intervenções mais eficazes são aquelas voltadas para o trauma, como a terapia cognitivo-comportamental focada no trauma e o EMDR (Eye Movement Desensitisation and Reprocessing).
Do ponto de vista da saúde pública, os profissionais insistem: "Sem atendimento psicológico especializado, a recuperação total não é possível. A integração da saúde mental nas políticas de combate ao tráfico e à prostituição é urgente para dar a essas mulheres uma chance real de reconstruir suas vidas.
Por fim, organizações como a Fiet enviam uma mensagem à sociedade: "A prostituição parece invisível em nosso país, mas há milhares de mulheres presas em apartamentos, vilas e clubes. Muitas vivem em absoluta solidão, sem apoio ou proteção. Além de terem deixado seus lares para trás, elas carregam o peso da migração e o trauma da exploração sexual. Não podemos ser indiferentes. Nenhum corpo deve estar à venda", enfatiza a ONG.
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático