MADRID 30 abr. (EUROPA PRESS) -
Especialistas em reumatologia destacaram que as diferenças clínicas, dependendo do sexo biológico do paciente, podem afetar o diagnóstico, o desenvolvimento de sintomas e a resposta ao tratamento de doenças reumáticas, de acordo com um webinar organizado pela Sociedade Espanhola de Reumatologia (SER).
Nesse contexto, o reumatologista Javier Rivera explicou que a diferença biológica entre homens e mulheres determina a presença de sintomas. Assim, as mulheres tendem a sofrer mais sintomas, com maior intensidade, por períodos mais longos e estão predispostas à cronificação dos mesmos.
Como ela explicou, a dor é um dos sintomas mais relevantes e, como vários estudos demonstraram, há diferenças na sensibilidade à dor, na maneira de lidar com ela e em certos marcadores biológicos de acordo com o sexo.
Por sua vez, Rosario García de Vicuña, reumatologista do Hospital Universitário de La Princesa (Madri), destacou que os preconceitos de gênero também podem levar a atrasos no diagnóstico e a dificuldades para lidar com a doença. "Não podemos ter as mesmas recomendações, as mesmas diretrizes e o mesmo livro para homens e mulheres quando se trata de tratar essas patologias", alertou.
Nessa linha, exemplificou o caso da gota, pois seus critérios diagnósticos apontam para o perfil de um homem de meia-idade com inflamação no dedão do pé. No entanto, nas mulheres a doença se manifesta de forma diferente, em uma idade mais avançada, após a menopausa, com maior acometimento nas articulações das mãos e associada à insuficiência renal ou ao uso de diuréticos.
VIÉS DE GÊNERO NOS ESTUDOS
Durante a reunião, os especialistas apontaram a falta de estudos com representação feminina como um problema na hora de conhecer a eficácia dos tratamentos e as diferenças entre homens e mulheres.
A esse respeito, eles explicaram que as diferenças na distribuição da gordura corporal, da massa muscular e de outros fatores biológicos podem afetar a eficácia dos medicamentos. De fato, em doenças como a espondiloartrite axial, foi observada uma resposta menor às terapias biológicas nas mulheres em comparação com os homens.
Além disso, em tratamentos amplamente utilizados em patologias como lúpus e vasculite, como o rituximabe, também foram identificadas diferenças na resposta, dependendo de quem recebe o medicamento. Nesse caso, os homens podem ter uma distribuição maior do medicamento e uma eficácia terapêutica menor em alguns casos.
Diante de tudo isso, os profissionais apontam para a importância de diretrizes e recomendações clínicas que levem em conta as diferenças entre homens e mulheres, o que não acontece há anos. Um exemplo dessa falta de equidade pode ser visto na osteoporose, enquanto seu diagnóstico e tratamento estão bem estabelecidos nas mulheres, nos homens ela é frequentemente detectada quando já ocorreram fraturas graves, como as de quadril.
"Felizmente, nos últimos anos, houve progresso na inclusão de critérios de diferenciação de gênero em estudos clínicos e na revisão de diretrizes clínicas com uma perspectiva de gênero para alcançar uma medicina mais equitativa e eficaz", disse Elena Aurrecoechea, reumatologista do Hospital Sierrallana.
Os especialistas concluíram afirmando que uma maior conscientização sobre o impacto das diferenças biológicas nas doenças reumáticas ajudaria a melhorar a identificação precoce dos sintomas e a ajustar os tratamentos para otimizar o atendimento e a abordagem em todos os pacientes.
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