MADRID 3 jul. (EUROPA PRESS) -
A situação é a seguinte: você está comendo ao ar livre quando uma mosca aparece, pousa no seu prato por alguns segundos e você simplesmente a afasta, pensando que nada está acontecendo. Mas acontece. Embora pareça inofensivo, esse contato fugaz pode ser suficiente para que a mosca deixe uma coleção de bactérias no seu alimento, algumas das quais podem causar infecções graves.
De acordo com um estudo conduzido pela Nanyang Technological University (Cingapura) e publicado na Scientific Reports, as moscas domésticas e as moscas varejeiras carregam centenas de espécies de bactérias em seus corpos, muitas delas em suas pernas e asas, exatamente as áreas que tocam os alimentos quando pousam.
AS PERNAS SÃO A CHAVE: BACTÉRIAS PRONTAS PARA SEREM DEPOSITADAS
Os pesquisadores usaram técnicas de sequenciamento genômico e análise metagenômica para estudar a fundo o material genético de 116 moscas. O resultado foi conclusivo: as pernas e as asas são as partes do corpo com maior diversidade microbiana e atuam como verdadeiras ferramentas para a dispersão bacteriana.
A transmissão é mecânica, não biológica: a mosca não precisa morder ou excretar para contaminar. Bastam alguns segundos em uma superfície para deixar parte de seu microbioma para trás, assim como alguém que pisa na lama e a espalha ao caminhar. De acordo com o líder do estudo, Stephan Schuster, "as moscas coletam bactérias em suas pernas, espalham-nas em suas asas e as dispersam onde pousam.
HELICOBACTER PYLORI E OUTROS PATÓGENOS OCULTOS
Entre as descobertas mais perturbadoras do estudo estava a detecção da Helicobacter pylori - a bactéria responsável por úlceras estomacais e ligada ao câncer gástrico - nos corpos de várias moscas selvagens.
Os pesquisadores também detectaram o DNA de outras bactérias potencialmente perigosas, como Escherichia coli, Enterobacter cloacae, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii e Proteus mirabilis, algumas das quais são comumente responsáveis por infecções gastrointestinais, urinárias e respiratórias.
Mas o mais impressionante é a rapidez com que a transferência pode ocorrer: em um dos testes, uma mosca foi capaz de deixar até 30.000 colônias bacterianas viáveis depois de caminhar sobre uma placa estéril por apenas alguns segundos após o contato com uma superfície contaminada.
A CHAVE ESTÁ ONDE ELAS ESTIVERAM ANTES
Como muitas moscas se alimentam e se reproduzem em lixo, excrementos ou matéria em decomposição, a cepa bacteriana que elas carregam reflete os ambientes pelos quais passaram. Quando elas pousam nos alimentos, esse ecossistema invisível viaja com elas.
Mesmo assim, a presença de bactérias não implica necessariamente em infecção. De acordo com os pesquisadores, o risco depende da suscetibilidade do hospedeiro e do tipo de bactéria. Em pessoas saudáveis, o sistema imunológico geralmente neutraliza pequenas exposições sem consequências, mas ainda é uma possível rota de transmissão que vale a pena conhecer.
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