Publicado 03/11/2025 12:54

A Anistia considera a adoção pela França de uma definição de estupro baseada no consentimento uma "grande vitória

A ONG espera que a medida incentive as vítimas a se apresentarem e aumente a conscientização entre os homens.

Archivo - Arquivo - 23 de novembro de 2024, Paris, França: Enorme multidão marcha durante a marcha feminista contra a violência sexual e de gênero, pela igualdade e pelos direitos das mulheres. Milhares de pessoas se manifestaram, em Paris, para combater
Europa Press/Contacto/Telmo Pinto - Arquivo

MADRID, 3 nov. (EUROPA PRESS) -

A Anistia Internacional descreveu nesta segunda-feira como uma "grande vitória" a inclusão do consentimento na definição penal de estupro e agressão sexual na França, que assim se juntou a outros países que introduziram essa mudança na lei, depois que o julgamento histórico do caso de Gisèle Pelicot revelou a cultura do estupro no país europeu.

A especialista em violência de gênero da ONG, Beatriz Martos, disse à Europa Press que espera que essa inclusão traga mudanças não apenas em nível criminal, mas também em nível social: que isso incentive as vítimas a denunciar o crime e que ajude a conscientizar os homens.

De fato, Martos destacou que, na França, 90% das mulheres estupradas não apresentam queixa e, nos casos em que elas apresentam queixa, 90% das queixas são arquivadas. Além disso, até agora, o Código Penal só estabelecia como estupro "qualquer ato de penetração sexual, de qualquer natureza, ou qualquer ato oral-genital cometido (...) por meio de violência, coerção, ameaça ou surpresa".

De acordo com essa definição, ele lembrou que o caso de Gisele Pelicot "não foi coberto". Seu caso escandalizou não apenas a sociedade francesa, mas também o mundo, depois que se tornou público que ela havia sido estuprada por cinquenta homens, incluindo seu marido (Dominique Pelicot), durante uma década, enquanto estava sob sujeição química.

Quanto às críticas levantadas sobre o risco de aumento do ônus da prova para as vítimas, o que as obrigaria a provar que não consentiram, Martos rejeitou, mas ressaltou que, caso esse problema seja identificado, existe a possibilidade de reformar a definição da lei.

FORÇA MOTRIZ POR TRÁS DA REFORMA

Para Martos, o caso Pelicot pode ser considerado uma "força motriz" para a reforma, assim como o fato de que, nos últimos anos, outros países, como a Espanha, introduziram definições de estupro baseadas no consentimento em suas legislações. Além disso, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher será comemorado no final deste mês, em 25 de novembro.

Ainda há países que não incluem o consentimento em suas legislações sobre estupro, mas a Anistia Internacional acredita que não é necessário "um escândalo" e um "grande movimento" da sociedade para impulsioná-lo, e argumentou que a "solidariedade" e o "olhar para os países vizinhos" devem ser suficientes para que eles se unam à luta contra a violência contra a mulher na defesa dos direitos humanos.

Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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