David Zorrakino - Europa Press - Arquivo
MADRID 26 nov. (EUROPA PRESS) -
A Real Academia de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Espanha (RAC) destacou o uso da Inteligência Artificial para prevenir o câncer e o desenvolvimento da computação quântica.
A instituição propôs, na "Declaração sobre o financiamento e a gestão da pesquisa científica na Espanha-2025", as linhas de ação destinadas a promover a liderança da Espanha em pesquisa, por meio da identificação dos principais desenvolvimentos científicos em áreas como a Inteligência Artificial.
Essas tecnologias impulsionam a pesquisa sobre o câncer, com a criação de novas moléculas que intervêm na progressão do tumor, bem como o desenvolvimento de programas preditivos baseados na análise maciça de dados e na busca de padrões de mudança no DNA.
Nesta sétima Declaração, intitulada "Desafios para a ciência espanhola diante dos desafios do conhecimento globalizado", a Academia enfatiza que "a ciência espanhola, apesar dos avanços recentes, ainda precisa de um impulso decisivo para o orçamento de P&D na Espanha, especialmente no que diz respeito à contribuição do setor privado".
Em particular, ela pede o desenvolvimento de medidas destinadas a modernizar os procedimentos de gerenciamento e financiamento, além de promover a colaboração com o setor empresarial para que o conhecimento seja traduzido em inovação.
Da mesma forma, como afirmou a presidente do RAC, Professora Ana Crespo, o documento destaca a importância do investimento contínuo em infraestrutura e recursos humanos, com a proposta de medidas para atrair e reter talentos.
CONSIDERANDO O INVESTIMENTO EM CIÊNCIA COMO UMA PRIORIDADE ESTRATÉGICA
"A Academia, por meio desta Declaração, faz um apelo para que se considere o investimento em ciência como uma prioridade estratégica, que deve ser consolidada de forma estável nas políticas públicas, se quisermos garantir um futuro de bem-estar, sustentabilidade e competitividade para o nosso país e suas próximas gerações", ressaltou.
Entre seus principais temas, a Declaração apresenta os avanços disruptivos que representam as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial e a computação quântica, e apresenta exemplos específicos nos quais a Espanha "pode e deve" desempenhar um papel de liderança.
Assim, desde o surgimento e a ascensão das tecnologias de IA, surgiram desafios como o aumento do consumo de energia ou a descoberta de problemas intratáveis, como a simulação de sistemas quânticos.
A Declaração, conforme apontado pelo professor acadêmico da RAC, José Duato, estabelece as linhas de ação necessárias para enfrentar esses desafios.
Segundo o especialista, essa tecnologia está mudando a pesquisa sobre o câncer, já que o uso da IA "é fundamental para a criação de moléculas que não existem na natureza e que atuam como medicamentos em proteínas envolvidas na progressão do tumor".
Por outro lado, como indicou o professor Duato, os pesquisadores buscam saber quais alterações no DNA causam o surgimento de vários tipos de câncer com o objetivo de desenvolver programas de prevenção.
"Para isso, a Inteligência Artificial permite que os pesquisadores analisem grandes quantidades de dados e procurem padrões de mudança no DNA", explicou.
Da mesma forma, a Declaração destacou o papel da IA na descoberta de novas descobertas científicas, graças à sua capacidade de processar grandes quantidades de dados e detectar ou extrair relações complexas entre eles; uma capacidade fundamental para resolver problemas decorrentes das mudanças climáticas ou da sustentabilidade.
Por sua vez, o especialista destacou a utilidade da IA para ajudar no desenvolvimento da computação quântica "apoiando o projeto de algoritmos mais rápidos e eficientes, otimizando modelos e lidando com problemas de simulação e análise que excedem a capacidade dos computadores clássicos".
O professor Duato também apontou a necessidade de os funcionários e tomadores de decisão "adquirirem conhecimento suficiente para saber o que a IA pode ou não fazer e, acima de tudo, identificar oportunidades de melhoria por meio da aplicação dessa tecnologia".
ALTO CUSTO E CONSUMO DE ENERGIA DA IA
Por fim, ele lembrou a enorme complexidade dessa tecnologia e seu altíssimo custo e consumo de energia, enfatizando a existência de grupos de pesquisa na Espanha "que estão desenvolvendo novas abordagens, métodos e modelos matemáticos focados em tornar a IA muito mais eficiente em termos de energia e também mais explicável".
Além das aplicações e linhas de ação da IA na ciência, a Declaração também inclui a necessidade de a Espanha aumentar o investimento em ciência e coordenar políticas inteligentes e duradouras que favoreçam a inovação.
Como argumentou o vice-presidente do RAC, Professor Esteban Domingo, são concedidos mais fundos para trabalhar em temas que estão na moda (geralmente devido a avanços obtidos fora da Espanha) do que naqueles em que os grupos espanhóis foram pioneiros e têm um prestígio consolidado.
"Há um problema com os mecanismos de avaliação da atividade científica na Espanha. A solução está em um maior financiamento para a ciência e na renovação organizacional, com base na opinião de bons gerentes e com o aconselhamento de cientistas de prestígio internacional", destacou.
O público, por sua vez, não está devidamente informado sobre o que está sendo feito na ciência e o que ela representa para a sociedade. As informações que são transmitidas, como apontou o professor Esteban Domingo, tendem a ser anedóticas, sensacionalistas, imediatas ou catastróficas (os perigos de vírus aniquiladores, robôs que escravizarão nossa sociedade devido à inteligência artificial, etc.).
"Além disso, há o problema da sobrecarga de informações em nossa sociedade e a falta de discriminação entre o que é defensável por evidências consolidadas e o que é uma invenção. Não há mais tempo para reflexão e avaliação crítica das notícias", destacou o especialista.
Desde 2018, a RAC publica anualmente uma nova edição de sua Declaração para promover a pesquisa e focar o investimento em ciência como uma prioridade estratégica.
A mensagem das Declarações anuais expressa opiniões no sentido de estabelecer uma melhor comunicação entre o público e os órgãos responsáveis. No entanto, a Academia enfatiza a necessidade de fortalecer o impacto na tomada de decisões sobre a política científica, colaborando em ações destinadas a garantir que a ciência seja reconhecida como um impulsionador prioritário do progresso e do bem-estar na Espanha.
Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático