A Associació Víctimes Mortals DANA 29-O é inspirada no Vale do Ahr e incentiva a falar sobre desastres climáticos: "A meta é zero mortes".
VALÈNCIA, 5 jul. (EUROPA PRESS) -
Representantes da Associació Víctimes Mortals DANA 29-O se inspiraram na experiência de reconstrução do Vale Ahr, na Alemanha, que foi inundado em 2021, e estão pedindo a implementação de um sistema de alerta de emergência que seja automatizado e não exija uma resposta política, para complementar o Es-Alert.
Isso foi explicado em uma entrevista à Europa Press pela presidente da Associació Víctimes Mortals DANA 29-O, Rosa Álvarez, depois de visitar junto com Carmina Gil - vice-presidente da organização - o vale do Ahr, em uma conferência para comparar a reconstrução nessa área da Alemanha - após as inundações de julho de 2021 que deixaram 135 mortos e afetaram 41.000 pessoas - e a da província de Valência, onde o dana de 29 de outubro causou 228 mortes e danos econômicos multimilionários.
O objetivo da reunião, que Álvarez descreveu como "muito positiva e enriquecedora", era compartilhar ideias entre cientistas, empresas de tecnologia, políticos e a sociedade civil organizada "para que isso não aconteça novamente". "Não essas enchentes, que podem acontecer, mas a meta é zero mortes", diz ele.
Nesse sentido, ele defende que se "pare de falar em desastres naturais, porque eles não são naturais de forma alguma", e pede que se introduza a ideia de "desastres climáticos" e se tente mitigá-los, porque se sabe que eles "não vão desaparecer".
Álvarez explica que na Alemanha, junto com empresas líderes em sustentabilidade e pesquisadores, eles participaram de diferentes workshops sobre sustentabilidade, resiliência e o papel do monitoramento digital de rios para prevenir riscos.
Nesse último aspecto, ele ressalta que no vale do Ahr eles estão "muito avançados", razão pela qual a Associació propõe a implementação de um novo sistema de alerta, que serviria como complemento ao Es-Alert, mas que seria automatizado e para o qual "não precisaria haver uma resposta política".
"Deveria ser um complemento fundamental, para que o que aconteceu em 29 de outubro não se repita de forma alguma, para que haja uma alternativa mais eficaz, mais rápida, com menos burocracia e, acima de tudo, que não dependa da vontade de um político ou se ele está ou não em seu cargo, ou se conhece ou não as emergências", diz ele.
"MAPEAMENTO DE NECESSIDADES
Nesse sentido, ele se compromete a "mapear as necessidades e as diferenças" entre grupos familiares e espaços de convivência, como lares de idosos, centros de dia ou escolas, para que essa nova proposta de alerta chegue "horas antes" àqueles que precisam de mais tempo para se mobilizar e se colocar em segurança.
Para isso, ele destaca que estão contando com o trabalho técnico de uma empresa valenciana de soluções tecnológicas, o que também permitiria que o alerta fosse enviado e recebido no caso de uma suposta falha nas comunicações. Álvarez diz que a empresa se reunirá com a administração regional para discutir esse projeto, que conta com o apoio da Associació.
"Se vamos conseguir ou não, eu não sei, porque para isso precisamos que a administração nos dê o aval", diz ele, ao mesmo tempo em que expressa a esperança de que eles os levem em conta para que "não continue a haver mortes" nesse tipo de catástrofe.
"AFASTAR" A EXTREMA DIREITA
A reunião na Alemanha também serviu para enfatizar a defesa da economia sustentável, pois ela é "uma oportunidade para todos, tanto para a sociedade quanto para as empresas, apesar da extrema direita".
A esse respeito, Álvarez enfatizou que na conferência "havia todos os tipos de políticos, exceto os de ultradireita, que não estavam lá". "O que eles estavam dizendo era que tinham de ser deixados de lado, porque são os únicos que negam a mudança climática, quando ela não é algo que está por vir, ela está aqui, e está aqui há anos", enfatizou.
Da mesma forma, o representante da Associació afirma que "todos os agentes são necessários" diante dos desastres climáticos, mas acrescenta: "Quem não se juntar a eles, deve se afastar".
"RESPOSTA ASSOCIATIVA".
Por outro lado, Álvarez ressalta que os afetados pelas enchentes na Alemanha ficaram surpresos com a "resposta associativa" que a sociedade valenciana teve após a catástrofe, razão pela qual a Associació manterá contato com eles para ajudá-los a consolidar os movimentos dos cidadãos.
"Eles se sentiram bastante sozinhos nessa parte, porque no início apareceu a mesma coisa que aqui, o trabalho voluntário, a resposta da sociedade, mas isso se dilui, dura pouco tempo", explica.
Quanto à reconstrução realizada no vale do Ahr, onde já se passaram quatro anos desde as inundações, Álvarez considera que "não é comparável" à situação na província de Valência, em parte devido às diferenças no sistema político alemão, e enfatiza que nos municípios valencianos afetados a população é "muito maior" do que na área alemã.
VISITA A VALÊNCIA NO SEGUNDO ANIVERSÁRIO
A Associació Víctimes Mortals DANA 29-O foi convidada para essa conferência na Alemanha por Salvador Ortí, do Cluster Clean Waste Spain, e Eveline Lemke, ex-ministra do Estado da Renânia-Palatinado e fundadora da empresa de consultoria Thinking Circular.
Está planejado que no segundo aniversário da dana, em outubro de 2026, os anfitriões alemães visitarão a província de Valência, também junto com empresas, para analisar os avanços implementados nos municípios valencianos e alemães e a evolução da reconstrução.
"O importante é que essa sinergia entre um país e outro aconteça, com esse foco de ideias de cientistas, todos empenhados em garantir que isso não aconteça novamente, nem na Alemanha, na Espanha, na Itália ou no Brasil, onde coisas semelhantes também aconteceram, porque tudo o que surgir em um país em um nível positivo será transferido a partir de agora", conclui Álvarez.
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