Publicado 29/10/2025 13:35

VÍDEO: Juiz De Moraes ressalta que anistia a Bolsonaro não é possível: "Não se pode pacificar um país com impunidade".

O juiz brasileiro Alexandre de Moraes, durante uma entrevista para a Europa Press, em 29 de outubro de 2025, em Madri (Espanha). Esse magistrado da Suprema Corte do Brasil é conhecido por liderar investigações sobre ameaças à democracia, incluindo
Jesús Hellín - Europa Press

Ele enfatiza que as "ameaças" e a "coerção" dos EUA não afetaram a independência do judiciário brasileiro.

MADRID, 29 out. (EUROPA PRESS TELEVISION) -

O juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de, observou que a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro "não é possível" e descartou que o perdão sirva para pacificar um país que, apesar de ter vivido "seus piores momentos" desde o fim da ditadura militar, conseguiu avançar graças à força de sua Constituição e de suas instituições.

"As instituições o rejeitaram, mantiveram o presidente e o vice-presidente eleitos e responsabilizaram todos aqueles que tentaram um golpe de Estado", enfatizou o juiz da Suprema Corte, que está visitando Madri, em entrevista à Europa Press na quarta-feira.

De Moraes lembrou o fato como um "momento complicado" e "o pior ataque" à democracia desde a promulgação da Constituição em 1998, realizado por "um grupo político que se tornou uma verdadeira organização criminosa".

"No entanto, as instituições souberam mostrar sua força e não tenho dúvidas de que saíram fortalecidas", disse o juiz, que descartou uma anistia para Bolsonaro, que foi condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe, e que nas últimas horas pediu para reduzir sua sentença com o argumento de que seu direito de defesa foi violado.

"Não podemos confundir pacificação com impunidade", disse De Moraes, chegando a comparar essa ideia de anistia com as tentativas do ex-primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain de apaziguar, em vez de combater, Adolf Hitler com os Acordos de Berlim às vésperas da Segunda Guerra Mundial. "Isso acabou acontecendo", lembrou ele.

"Estamos falando de uma organização criminosa que tentou atacar as instituições, que tentou fechar o Tribunal Superior Eleitoral, que planejou o assassinato do presidente eleito, do vice-presidente", lembrou em referência à operação "Adaga Verde Amarela", da qual ele também foi alvo.

"Não há possibilidade de anistia porque os crimes contra a democracia, segundo a Constituição brasileira, os atentados contra o Estado Democrático de Direito, são imprescritíveis e a anistia não é possível", disse De Moraes, que concluiu: "O país se pacifica aplicando a lei e fazendo prevalecer a democracia".

DESINFORMAÇÃO E SANÇÕES DOS EUA

De Moraes também ressaltou que a independência da justiça brasileira tem se mantido firme apesar das "pressões" vindas dos Estados Unidos, sem dúvida, segundo ele, marcadas pelas "informações totalmente distorcidas" que os aliados de Bolsonaro enviaram ao presidente Donald Trump.

"Posso dizer em nome da Suprema Corte brasileira que qualquer ameaça, coerção, qualquer tipo de sanção interna ou externa, não afetará a independência e a autonomia do judiciário brasileiro", ressaltou.

O magistrado mostrou que a desinformação que chegou à Casa Branca se tornou evidente diante da boa sintonia que Trump e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva demonstraram nas últimas semanas, após meses de tensão diplomática, alimentada, segundo uma investigação que levou à prisão domiciliar de Bolsonaro, pelo círculo do ex-presidente.

Essas abordagens, explicou o juiz, serviram para transmitir ao presidente dos EUA as "informações verdadeiras" sobre um "devido processo legal com uma grande quantidade de evidências" nas quais a condenação foi baseada.

Nada parecido com a "caça às bruxas" que Trump utilizou para justificar uma campanha econômica e diplomática sem precedentes na relação entre os dois países, com a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, ou a retirada do visto do juiz no âmbito da Lei Magnitsky, que tem como alvo aqueles que cometem graves violações de direitos humanos.

Mesmo assim, De Moraes garantiu que o judiciário brasileiro "trabalhou com total independência e autonomia". Tudo isso "não alterou em um milímetro o processo legal no Brasil", disse o juiz, que expressou sua confiança de que essa nova aproximação entre Lula da Silva e Trump redirecionaria a situação.

Em um nível pessoal, ele afirmou que ser um alvo da administração Trump não tem sido um problema para ele. "Há cinco anos venho recebendo ameaças, a privacidade acabou", lamentou, no entanto. "Essas sanções não tiveram muita influência. Minha vida continua e faço meu trabalho da mesma forma", disse ele.

DESAFIOS PARA AS ELEIÇÕES DE 2026

De Moraes, que também foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral durante o golpe fracassado, destacou o aumento da desinformação como um grande desafio para as eleições de 2026, embora tenha extrapolado esse fenômeno para qualquer outra parte do mundo.

"Alguns grupos extremistas, grupos ideológicos, principalmente de extrema direita, com absoluta capacidade, isso é inegável, sabem usar as redes sociais para disseminar a desinformação e com isso capturar o eleitorado à vontade", explicou o juiz, que tem sob sua instrução um caso sobre as chamadas 'milícias digitais' que foram responsáveis por turvar a campanha eleitoral de 2022.

Esse caso, que investiga ameaças, ataques verbais e desinformação contra instituições brasileiras e o sistema eleitoral brasileiro às vésperas das eleições de 2022, fez parte dos argumentos de Donald Trump, inclusive na última Assembleia Geral das Nações Unidas, onde ele falou de falta de liberdade de expressão, para justificar sanções contra o juiz, mas também contra o Estado.

"Aquele grande desafio em 2022 é agora um desafio novamente em 2026. O maior desafio para o sistema de justiça eleitoral brasileiro é evitar que a vontade do eleitorado seja capturada por informações falsas e, assim, distorça o processo eleitoral", disse ele.

IMAGENS DISPONÍVEIS NA EUROPA PRESS TELEVISION

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Esta notícia foi traduzida por um tradutor automático

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