FREDERIC SIERAKOWSKI // EUROPEAN COUNCIL
BRUXELAS 15 dez. (EUROPA PRESS) -
A União Europeia assume que a Ucrânia pode ser forçada a renunciar à filiação à OTAN como parte das negociações de paz para acabar com a agressão russa e está comprometida em definir garantias de segurança para apoiar Kiev a longo prazo.
"Os ministros deixaram claro que qualquer acordo de paz deve incluir fortes garantias de segurança. Como a Ucrânia foi pressionada a renunciar à OTAN, essa será a única salvaguarda capaz de impedir que a Rússia volte a invadir a Ucrânia", disse a Alta Representante da UE para Política Externa, Kaja Kallas, em uma coletiva de imprensa ao final da reunião dos ministros das Relações Exteriores da UE-27.
Nesse sentido, Kallas indicou que a UE "fará sua parte", incluindo questões de treinamento militar e dissuasão, tendo em vista o risco que ela vê de a Rússia não cessar sua agressão contra o país vizinho no Donbas.
"Se eles concordarem em desistir, primeiro precisamos que todos os Estados-membros e todos os países, incluindo os americanos, ofereçam a eles garantias de segurança muito fortes e tangíveis, não apenas no papel, mas realmente concretas", enfatizou o chefe da diplomacia europeia sobre uma questão que já está na mesa nas negociações de paz e que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, está aberto a aceitar para abrir caminho para a paz.
De acordo com Kallas, cabe ao presidente ucraniano "decidir do que está disposto a abrir mão para alcançar a paz", mas, por sua vez, a UE precisa definir um apoio concreto à segurança da Ucrânia, como o número de tropas e a capacidade de oferecer garantias. "Essa é a única coisa que pode realmente funcionar, pois precisa ser acompanhada de garantias de segurança extremamente sólidas", reconheceu.
Fontes europeias explicam que um trabalho sério está em andamento para definir medidas que garantam a segurança futura da Ucrânia quando um acordo de paz for alcançado, um esforço no qual a OTAN está envolvida com a participação de altos funcionários.
PRESSÃO SOBRE A RÚSSIA COM O USO DE ATIVOS
Falando à imprensa, o Alto Representante reiterou a ideia de que a pressão "deve ser exercida sobre o agressor, não sobre a vítima" e expressou a esperança de que a pressão seja exercida sobre Moscou nas negociações.
"Mais uma vez, não vemos que o país esteja chegando à mesa de negociações ou realmente negociando", disse ela, após uma reunião em que os ministros europeus deveriam discutir o progresso das negociações com os enviados dos EUA Steve Witkoff e Jared Kushner, mas a ligação foi cancelada devido a problemas técnicos.
Sobre a decisão de um empréstimo para a Ucrânia usando ativos russos congelados na Europa, Kallas enfatizou que essa é uma "opção viável" e se baseia no princípio de que quem "causa o dano também deve compensá-lo". "Como a Rússia está causando os danos à Ucrânia, a opção se baseia em seus ativos congelados, e é a melhor opção que temos no momento", disse ele.
Apesar de reconhecer as dúvidas da Bélgica, o ministro das Relações Exteriores da UE indicou que "todos na mesa entendem essas preocupações e estão prontos para compartilhar esses fardos". O político báltico explicou que, se os 27 tomarem essa medida, "a pressão sobre a Bélgica será aliviada" e os estados-membros compartilharão o risco.
"Espero que consigamos resultados na quinta-feira. Sou otimista por natureza, mas também vejo como é difícil, por isso não quero dar nenhuma estimativa", admitiu ela sobre a cúpula de líderes de 18 e 19 de dezembro, convocada para chegar a um acordo sobre o uso dos ativos russos congelados para um empréstimo à Ucrânia.
Itália, Malta, Bulgária e República Tcheca se juntaram à relutância da Bélgica, que abriga a sede da Euroclear - a instituição que mantém a maioria dos ativos russos congelados na Europa - em acrescentar dificuldades ao debate dos líderes, embora na capital da UE eles reconheçam que não há alternativas possíveis para um empréstimo de reparação.
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