O governo introduzirá o uso dos idiomas co-oficiais pela primeira vez e Ayuso avisa que não usará fones de ouvido
BARCELONA, 5 jun. (EUROPA PRESS) -
O chefe do Executivo, Pedro Sánchez, e os líderes regionais enfrentarão uma nova Conferência de Presidentes nesta sexta-feira, desta vez em Barcelona, na qual o Governo e os "barões" do PP mostrarão suas diferenças em questões como habitação, financiamento ou migração, o que dificultará a possibilidade de acordos neste fórum multilateral.
Os dias que antecederam a Conferência de Presidentes foram marcados pela ameaça dos "barões" do PP de uma possível abordagem ao governo nesse fórum devido a divergências na agenda, embora os "populares" tenham finalmente garantido sua presença na cúpula de Barcelona.
O governo e as comunidades do PP tiveram um novo desentendimento na reunião preparatória da Conferência dos Presidentes, onde não conseguiram aprovar a agenda da cúpula.
Diante disso, as comunidades do PP enviaram uma carta ao Ministério de Política Territorial na segunda-feira, na qual insistiam em solicitar a inclusão de até dez pontos na agenda, ameaçando a possibilidade de manter o governo nessa Conferência de Presidentes.
O governo, em resposta, anunciou na terça-feira que incluiria na agenda da reunião todas as questões exigidas pelas comunidades do PP, o que levaria a um total de 16 questões diferentes a serem abordadas, seis que já haviam sido acordadas e outras dez que as comunidades de Alberto Núñez Feijóo conseguiram incluir.
FINANCIAMENTO, APAGÃO, INFRAESTRUTURAS
Especificamente, os presidentes do PP pediram para incluir estes pontos na agenda da Conferência de Presidentes: a reforma do financiamento regional; a luta contra o desemprego; um plano de energia para evitar apagões; controle de fronteiras e política de migração; investimentos para evitar o caos ferroviário; o déficit de profissionais de saúde; o financiamento do primeiro ciclo da educação infantil e a retirada dos projetos de lei para reformar o judiciário e o Ministério Público.
O governo anunciou que aceitou os pontos propostos pelo PP em sua totalidade e também acrescentou outras questões, como migração (conforme solicitado pelas Ilhas Canárias), bem como moradia e treinamento vocacional, conforme proposto inicialmente por Moncloa.
Além disso, o Ministro da Política Territorial e Memória Democrática, Ángel Víctor Torres, afirmou que o governo havia feito um "esforço" para manter a convocação da Conferência de Presidentes em Barcelona, embora tenha admitido que seria difícil abordar todas as questões devido a restrições de tempo.
O ministro enfatizou que há questões que estão "inter-relacionadas", embora tenha reconhecido que os presidentes regionais falarão "acima de tudo" sobre o que "mais os preocupa em sua própria comunidade autônoma" e que eles já conversaram com Sánchez bilateralmente.
"O presidente do governo também falará sobre todas as questões que são comuns a todas as comunidades autônomas", acrescentou Ángel Víctor Torres, que afirmou que trabalhará "pelo consenso" e para "buscar um terreno comum".
SERÁ POSSÍVEL FALAR EM IDIOMAS CO-OFICIAIS
Uma das novidades da Conferência de Presidentes de Barcelona é que os líderes regionais que desejarem poderão falar nos idiomas co-oficiais, pois foi criado um serviço de tradução simultânea para esse fim.
Embora isso não esteja incluído no Regulamento da Conferência de Presidentes, o governo anunciou sua intenção de permitir o uso dos idiomas co-oficiais no fórum, com tradução simultânea para o restante dos membros, conforme solicitado pela Catalunha e pelo País Basco.
No entanto, já existem alguns líderes regionais, como a presidente de Madri, Isabel Díaz Ayuso, que demonstrou sua relutância em usar um fone de ouvido e até sugeriu que deixará o órgão multilateral se não falarem com ela em espanhol.
Da mesma forma, o presidente da Junta de Andalucía, Juanma Moreno, considera "ridículo" e "absurdo" que as pessoas tenham que usar fones de ouvido, enquanto o governo de Castilla y León culpou a Moncloa por "priorizar" os idiomas co-oficiais em detrimento da possibilidade de acordos.
PROPOSTA DE SÁNCHEZ SOBRE MORADIA
A Moncloa informou esta semana que Sánchez proporá às comunidades triplicar o investimento público em moradia, chegando a 7.000 milhões nos próximos quatro anos, além de propor a criação de uma base pública de preços de aluguel e compra/venda de imóveis.
O chefe do Executivo enviou uma carta aos presidentes regionais para a Conferência de Presidentes para discutir a aprovação de um novo Acordo Estadual de Habitação.
Nesse contexto, ele propõe basear esse acordo em vários compromissos, como triplicar o investimento público em habitação, dos 2.300 milhões mobilizados no Plano Estadual 2022-2025 para cerca de 7.000 milhões no período 2026-2030.
Da mesma forma, o Presidente do Governo propõe que as comunidades "acabem com o monopólio de informações dos portais privados" e criem um banco de dados público que permita que as administrações estaduais e os cidadãos conheçam os preços reais de compra/venda ou aluguel em sua cidade.
"Somente com essa transparência será possível elaborar políticas públicas realmente eficazes e ajudar os cidadãos a negociar adequadamente o preço de suas casas", argumenta Moncloa.
UM PEQUENO CAFÉ DA MANHÃ COM O REI
O governo também detalhou a agenda dessa Conferência de Presidentes a ser realizada no Palácio Pedralbes em Barcelona, um local que foi declarado Patrimônio de Interesse Cultural e foi uma antiga residência real.
As autoridades começarão a chegar a partir das 8h15 de sexta-feira e, por volta das 9h, tirarão uma foto de família com o rei Felipe VI, com quem terão uma pequena reunião até as 10h.
A partir desse momento, Sánchez e o presidente anfitrião, o catalão Salvador Illa, farão um pequeno pronunciamento institucional antes do início da Conferência de Presidentes, por volta das 10h30, na qual cada líder regional terá um tempo determinado de dez minutos.
E assim que a Conferência de Presidentes terminar, os diferentes líderes regionais aparecerão em diferentes pontos para avaliar este fórum, seguindo a ordem de aprovação dos estatutos de autonomia de suas respectivas comunidades autônomas.
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