Sergey Bobylev/BRICS/dpa - Arquivo
MADRID 12 mar. (EUROPA PRESS) -
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, enfatizou mais uma vez a necessidade de "abordar as causas fundamentais" do conflito com a Ucrânia em qualquer negociação para alcançar a paz, uma questão que agora parece mais tangível depois que Kiev aceitou a proposta dos EUA para um cessar-fogo temporário no dia anterior.
"Insistimos que qualquer abordagem, qualquer tentativa de se aproximar da solução da crise ucraniana, qualquer iniciativa deve se concentrar na erradicação das causas fundamentais do conflito", disse Lavrov durante uma conversa com comunicadores norte-americanos.
A Rússia sempre justificou a invasão da Ucrânia como uma "operação militar especial" para combater o suposto nazismo no país vizinho e, ao mesmo tempo, impedir sua adesão à OTAN. Agora, mais de três anos após o início da guerra, as conversações estão girando em torno das garantias de segurança que Kiev está exigindo para aceitar uma paz que, cada vez mais, parece andar de mãos dadas com a perda de território.
Em relação a essas garantias de segurança, Lavrov destacou que são os países europeus que estão obcecados com o envio de "forças de paz" para a Ucrânia, embora Moscou não aceite isso, pois representaria a presença de tropas da OTAN em território ucraniano. "Isso não é o que é necessário para pôr um fim (à guerra)", disse Lavrov à agência de notícias russa TASS.
A esse respeito, Lavrov enfatizou que os Estados Unidos, sob a liderança do novo governo de Donald Trump, estão agora "preocupados" com as possíveis "violações" que seu antecessor, Joe Biden, pode ter cometido no apoio militar à Ucrânia. Washington se afastou nas últimas semanas de seu apoio a Kiev, o que pode ter precipitado seu endosso de um cessar-fogo.
Na verdade, o ministro das Relações Exteriores da Rússia afirmou que os EUA querem entregar ao Reino Unido a liderança do Grupo de Contato para a Ucrânia, conhecido como Grupo Ramstein, onde mais de 50 aliados da Ucrânia reiteraram seu apoio militar às forças armadas ucranianas durante meses.
"A OTAN desempenhou um papel fundamental no formato Ramstein, liderado pelos EUA, durante a presidência de Joe Biden. Agora, pelo que entendi, os americanos querem passar o controle para os britânicos", disse Lavrov, que vê o curso da Europa como cada vez mais belicista.
RELAÇÕES COM OS ESTADOS UNIDOS
As relações entre Moscou e Washington estão em clara crise desde o início da guerra, embora desde a ascensão de Trump à Casa Branca as partes pareçam estar mais dispostas a se reconciliar, e até mesmo houve reuniões presenciais entre delegações de ambos os países.
A esse respeito, Lavrov destacou que, nessa reunião, o lado norte-americano reconheceu sua disposição de manter "relações normais" com a Rússia, um país que eles entendem que busca defender seus próprios interesses e "não quer seguir o exemplo dos outros".
"É óbvio que os EUA e a Rússia são Estados cujos interesses nacionais nunca serão idênticos. Eles não podem coincidir completamente, nem mesmo 50%. Mas quando eles coincidem, em tais situações, nós, como políticos responsáveis, devemos fazer todo o possível para desenvolver essas semelhanças", disse Lavrov.
Sobre as relações com a China, o ministro das Relações Exteriores da Rússia enfatizou que os únicos obstáculos se devem às sanções ocidentais contra Moscou - aplicadas em resposta à invasão da Ucrânia - que atrasaram alguns projetos conjuntos "muito promissores".
"Nunca tivemos relações tão boas e de confiança com a China a longo prazo, de modo que elas contam com o apoio dos povos de ambos os países", disse Lavrov, acrescentando que os americanos devem saber que Moscou "nunca" renegará suas "obrigações legais ou mesmo políticas" com Pequim.
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