Tomaz Silva/Agencia Brazil/dpa
MADRID 4 nov. (EUROPA PRESS) -
A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro publicou um relatório na segunda-feira indicando que, entre as 121 vítimas fatais da operação contra a organização criminosa Comando Vermelho (CV), havia pelo menos dois menores de idade e mais de cinquenta pessoas contra as quais não havia mandado, embora as autoridades policiais tenham vinculado 95% dos envolvidos ao grupo armado.
Do total de mortos, dois eram menores de idade, com 14 e 17 anos; dois não tinham data de nascimento registrada e três haviam atingido a maioridade no dia anterior à operação, a mais mortífera da história do estado fluminense, segundo o jornal 'Folha'.
Além disso, pouco menos da metade dos 115 civis identificados como mortos tinha pelo menos um mandado de prisão, enquanto 54 deles não tinham nenhum. No entanto, o relatório argumenta que mais de 95% tinham vínculos comprovados com o Comando Vermelho, embora inclua casos como o de Ronaldo Julião da Silva, 46 anos, de Campina Grande, na Paraíba, que, de acordo com o relatório, "não tem antecedentes criminais e não aparece como autor ou implicado em nenhum relatório policial".
Entre os mortos estava o suposto líder do CV no Amazonas, Francisco Myller Moreira da Cunha, que tinha um mandado de prisão e um registro por homicídio, tráfico de drogas e posse ilegal de armas de fogo em seu estado, e também o líder da quadrilha na cidade de Abaetuba, no estado do Pará, Rafael Correa da Costa, que tinha cinco mandados de prisão, de acordo com o relatório. Da mesma forma, a polícia relatou a presença de supostos líderes de facções nas cidades de Feira de Santana (Bahia), Goiânia (Goiás) e Manaus (Amazonas) entre as vítimas da operação.
A Polícia Civil também teria usado dados de redes sociais para vincular uma dezena de mortos ao Comando Vermelho, como Tiago Neves Reis, 26 anos, que foi vinculado à organização armada por estar exibindo uma bandeira triangular vermelha no formato de um emoji. Reis não tinha mandado de prisão, não estava sendo investigado e não tinha registro criminal.
O mesmo aconteceu com Kauã de Souza Rodrigues da Silva, 18 anos, cujas contas de mídia social não mostravam postagens desde 2022, o que as forças de segurança trataram como uma tentativa de apagar provas hipotéticas.
Outra das vítimas fatais identificadas foi Alessandro Alves Silva, 19 anos, cujo envolvimento com o tráfico de drogas foi sugerido por postagens em que ele aparece vestindo um traje ghillie ou yowie, uma vestimenta que simula folhagem densa e é usada para camuflagem em áreas florestais arborizadas.
A operação, realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais, tornando-se a maior e mais sangrenta da história do estado. O governo estadual considerou a operação um sucesso e alegou que os que morreram reagiram violentamente à operação, enquanto os que se renderam foram presos.
No total, foram feitas 113 prisões, 33 delas de prisioneiros de outros estados. Foram apreendidas 118 armas e uma tonelada de drogas. A operação envolveu 2.500 policiais e teve como objetivo conter o avanço do Comando Vermelho e cumprir cerca de 100 mandados de prisão - dos quais apenas 20 foram cumpridos - e 180 mandados de busca e apreensão.
Os confrontos e as represálias dos membros do Comando Vermelho levaram a intensos tiroteios que forçaram o fechamento das principais estradas, escolas, lojas e centros de saúde, enquanto muitos moradores, parentes das vítimas e organizações civis denunciaram a operação como um "massacre".
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